sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O Trapalhão Republicano

                              

        Talvez seja o imediatismo de sua presença, o pouco apego à prudência dos varões republicanos, a respectiva política que mais se parece às salvas de desordenada artilharia que tentam de toda maneira preparar a queda dos bastiões adversários, essa irruência que semelha parte de tática militar, e, por fim, a falta de estudo medido do adversário e das possíveis eventuais consequências,  tudo isso, enfim, tem caracterizado o que alguns chamam de Governo do 45º Presidente.
         A sua investida contra a magistratura, culpada de defender o direito do cidadão, seja ele nacional, seja estrangeiro,  parte de dois grandes erros: (a) seria como se o toureiro esquecesse de medir a força e as características do próprio adversário; (b) através dos próprios movimentos de capa, anotar-lhe as baldas e os eventuais perigos.
         Ele sequer pensa em chamar os picadores, esses detestáveis, mas utilíssimos coadjuvantes, que vêm sangrar aquela grande massa bruta muscular, e, dessarte, tornar-lhe menos árdua e perigosa a respectiva exibição.
          O seu segundo erro está em subestimar o adversário.
          Este senhor demonstra muito cedo o próprio caráter rudimentar.  Ao invés de estudar e seguir os passos dos grandes do passado, seja recente ou não, ele se lança em ofensivas impensadas e mal-preparadas. Note, por favor, o leitor que não me estou preocupando se a ação em causa é útil ou não para o país que ele deve dirigir.
           O primarismo de suas ações é tal que não carecemos de adentrar o mérito desta ou daquela ação. Como não sabe estruturá-las - ou sequer atenta para o pormenor dos estudos preparatórios que requer - o próprio modo da ação - que não preenche os requisitos mínimos que deveriam presidir a determinar se o ato é ou não é útil para os Estados Unidos - tudo isso nos dispensa de avaliar se a medida é elogiável ou não.
           Mr Donald J. Trump me parece muito mal assessorado, além de ressentir-se da falta de um estudo digno desse nome. Os atos - como esses decretos que, como raios de Júpiter, se lançavam para nacionalidades escolhidas a dedo (chegou a excluir aquelas com que sua família mantém negócios) a que urgência correspondiam? Fins demagógicos - como lançar suspeições várias sobre estudiosos que vem aos Estados Unidos para aprofundar o respectivo  conhecimento - têm duplo efeito negativo. Rechaçam, por preconceito,  o conhecimento alheio que pode ser útil aos EUA; e criam mefítica atmosfera de repúdio à Superpotência, por seu caráter cruel e imprevisível (há melhor exemplo do que a sua sairavada contra os infelizes que vêm homenagear com a presença o saber e o estudo estadunidenses?).
              Não sei qual é a sua especialidade, à parte da hotelaria. Mas o que se entrevê nas suas alucinantes semanas no poder, à parte dessa investida judicial que não deve ter similar em termos de despreparo, de crassa ignorância dos respectivos objetivos, além da preocupante ideia  de que tudo não passa de um capricho preconceituoso, tão mal estruturada  surge essa estranha empreitada.
              Os Estados Unidos, depois da saída de Barack H. Obama, adentram um período de faits divers, eis que não vejo capacidade neste senhor Donald Trump de dar uma contribuição válida, dentro da lista de presidentes.
              É muito possível que Trump não complete o respectivo mandato, se nos basearmos nas falhas gritantes em termos de conhecimento, prudên-cia, seleção de opções ou método de governar.  Nada que se viu até o presente constitui uma exceção nesse comportamento que se marca pela imprudência, menosprezo do adversário, e adoção de um método que de longe se assemelhe ao planejamento de Estado.
               É verdade que poderiam contraditar que  Mr Trump seria passível de presumir-se empenhado em grandes ações.  Não me atreverei a discor-dar, mas um caveat se impõe: até o presente, desde o particular extremo até o generalizado, o governante Trump não transmitiu aos respectivos eleitores nada que os levasse a pensar que os seus atos não obedecem a rompantes e sim a metódico planejamento. Disso dou um mero exemplo: ao fazer a jogada plebiscitária de telefonar para o presidente de Formosa,terá ele pensado nas consequências decorrentes no complexo tabuleiro das relações com Xi Jinping ?

( Fonte subsidiária: The New York Times )

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