Talvez seja o imediatismo de sua
presença, o pouco apego à prudência dos varões republicanos, a respectiva
política que mais se parece às salvas de desordenada artilharia que tentam de
toda maneira preparar a queda dos bastiões adversários, essa irruência que
semelha parte de tática militar, e, por fim, a falta de estudo medido do
adversário e das possíveis eventuais consequências, tudo isso, enfim, tem caracterizado o que
alguns chamam de Governo do 45º Presidente.
A sua
investida contra a magistratura, culpada de defender o direito do cidadão, seja
ele nacional, seja estrangeiro, parte de
dois grandes erros: (a) seria como se o toureiro esquecesse de medir a força e
as características do próprio adversário; (b) através dos próprios movimentos
de capa, anotar-lhe as baldas e os eventuais perigos.
Ele sequer
pensa em chamar os picadores, esses detestáveis, mas utilíssimos coadjuvantes,
que vêm sangrar aquela grande massa bruta muscular, e, dessarte, tornar-lhe
menos árdua e perigosa a respectiva exibição.
O seu
segundo erro está em subestimar o adversário.
Este senhor
demonstra muito cedo o próprio caráter rudimentar. Ao invés de estudar e seguir os passos dos
grandes do passado, seja recente ou não, ele se lança em ofensivas impensadas e
mal-preparadas. Note, por favor, o leitor que não me estou preocupando se a
ação em causa é útil ou não para o país que ele deve dirigir.
O
primarismo de suas ações é tal que não carecemos de adentrar o mérito desta ou
daquela ação. Como não sabe estruturá-las - ou sequer atenta para o pormenor
dos estudos preparatórios que requer - o próprio modo da ação - que não preenche
os requisitos mínimos que deveriam presidir a determinar se o ato é ou não é
útil para os Estados Unidos - tudo isso nos dispensa de avaliar se a medida é
elogiável ou não.
Mr Donald
J. Trump me parece muito mal assessorado, além de ressentir-se da falta de
um estudo digno desse nome. Os atos - como esses decretos que, como raios de
Júpiter, se lançavam para nacionalidades escolhidas a dedo (chegou a excluir
aquelas com que sua família mantém negócios) a que urgência correspondiam? Fins
demagógicos - como lançar suspeições várias sobre estudiosos que vem aos
Estados Unidos para aprofundar o respectivo conhecimento - têm duplo efeito negativo.
Rechaçam, por preconceito, o
conhecimento alheio que pode ser útil aos EUA; e criam mefítica atmosfera de
repúdio à Superpotência, por seu caráter cruel e imprevisível (há melhor
exemplo do que a sua sairavada contra os infelizes que vêm homenagear com a
presença o saber e o estudo estadunidenses?).
Não sei
qual é a sua especialidade, à parte da hotelaria. Mas o que se entrevê nas suas
alucinantes semanas no poder, à parte dessa investida judicial que não deve ter
similar em termos de despreparo, de crassa ignorância dos respectivos
objetivos, além da preocupante ideia de
que tudo não passa de um capricho preconceituoso, tão mal estruturada surge essa estranha empreitada.
Os Estados Unidos, depois da saída de Barack H. Obama, adentram um período de
faits divers, eis que não vejo capacidade neste senhor Donald Trump de dar uma contribuição
válida, dentro da lista de presidentes.
É muito
possível que Trump não complete o respectivo mandato, se nos basearmos nas
falhas gritantes em termos de conhecimento, prudên-cia, seleção de opções ou
método de governar. Nada que se viu até
o presente constitui uma exceção nesse comportamento que se marca pela
imprudência, menosprezo do adversário, e adoção de um método que de longe se
assemelhe ao planejamento de Estado.
É
verdade que poderiam contraditar que Mr
Trump seria passível de presumir-se empenhado em grandes ações. Não me atreverei a discor-dar, mas um caveat se impõe: até o presente, desde o
particular extremo até o generalizado, o governante Trump não transmitiu aos respectivos
eleitores nada que os levasse a pensar que os seus atos não obedecem a
rompantes e sim a metódico planejamento. Disso dou um mero exemplo: ao fazer a
jogada plebiscitária de telefonar para o presidente de Formosa,terá ele pensado
nas consequências decorrentes no complexo tabuleiro das relações com Xi
Jinping ?
( Fonte subsidiária: The New York Times )
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