A atitude agressiva do Presidente Donald
Trump indica para muitos que ele não vai ficar muito tempo na Casa Branca. Para
que se entenda bem, não é que ele pretenda descobrir outra morada para o
presidente em exercício. O seu comportamento
tão fora do normal dos presidentes recém-empossados que a teoria de que
Trump não queira ficar muito tempo em Washington ganha foros de verossimilhança.
A pugnacidade
presidencial é tamanha que muitos comentaristas já consideram a possibilidade
de que a Administração Trump vai ser breve. A ideia pode parecer um tanto
maluca para muitos, mas o que beira a loucura não são as impressões dos
colunistas, mas sim o quadro proporcionado pelo
comportamento presidencial nesses primeiros dias.
Não creio que haja parâmetros para tanta
falta de bom senso, tantos erros de julgamento, as atitudes de um presidente
que multiplica calinadas garrafais (os absurdos do decreto anti-islâmico que
causou tanto sofrimento pessoal e alimentou tanta raiva pelas agressões
gratuitas nas mais diversas partes do mundo, em um frenesi de que ainda se
busca a razão prática de dessa política de pré-agressividade).
Essa política de má-vizinhança, ele a
multiplica ao cubo - e até aqui a imagem semelha insuficiente. Pensem na
gratuidade: telefonema desaforado para o Primeiro Ministro da Austrália, que,
estupefato talvez, procure agir pós-comunicação da maneira mais discreta
possível (segundo a velha máxima de que loucos não se devem contrariar).
Será que Trump está achando o máximo agir
como um stronzo[1], um dick-head[2], ou será que a loucura
cresceu, e ele pensa que pode ameaçar com Armageddon
os ayatollahs do Irã, por experimentarem foguetes. O próprio Presidente
mexicano, Enrique Peña Nieto continua a vítima do bullying habitual, ele que representa a ur-country das suas tiradas (o célebre muro, que é a salva inicial
do canhão do que então parecia o estranho programa de governo de Mr Trump).
Mimoseios hostis foram também distribuídos à Alemanha de Frau Angela Merkel, e a lista desses rompantes políticos só tenderá
a aumentar.
Pelas descrições feitas e pelos pranks que multiplica, é decerto difícil
encontrar o fio da lógica nessa exaltada animação de Donald John Trump. Alguns
se perguntarão se estará exagerando com certas drogas que desregram o
comportamento.
No entanto, por ora, é forçoso admitir
que dentro desses acessos de insanidade, há uma certa lógica nos rompantes e
nos tiroteios (por ora, verbais) do comportamento desse estranho animal
presidencial.
Que tipo de droga Mr Trump prefere?,
perguntará alguém que acredita entrever nas suas atitudes alguns estágios da
excitação produzida pela droga. Dentre os mais versados nesse campo, alguns
pensarão em aconselhá-lo a fazer melhor as misturas, para que possa excitar-se
mais e não desgastar-se tanto...
Os favoritos de Mr Trump não devem ter a
vida fácil. Pense naquele em que o Times vê possibilidades de grande
inspiração e mesmo predomínio, que o favorito da vez, Steve Bannon, por conta
de quem velhos conselhos de grandes commis
d'État[3]
são transformados de modo irreconhecível, com a nova ordem trumpista
substituindo os velhos políticos e os experientes militares.
Tampouco há nepotismo na Administração
Trump. Se os parentes da nova geração Trump estão no governo, isso não é
favoritismo, mas sim, para Mr President
uma injeção de vigor jovem em velhos quadros.
Como a
spoiled brat[4]
Trump há de pensar que governar é fazer tudo o que lhe venha à cabeça, e,
assim, concentrará toda a atenção do mundo americano e adjacências.
Ele se crê de direita e as idéias que
tem para acabar com o rust belt[5] farão o deserto florescer e as velhas fábricas manufatureiras
tornar a sua antiga grandeza. Tudo isso, como nos conta o Nobel de economia Paul Krugman, na primeira página do Times, não tem a menor possibilidade de
prosperar. Assim, aqueles que ajudaram a eleger Mr Trump, acreditando nas suas
estórias de que fará prosperar de volta as fábricas e toda a velharia
manufatureira, varrida no último quarto de século por produtos mais baratos e
eficientes lançados, em coligações internacionais, pela cavilosa indústria
estrangeira, não vão sequer servir-se do prato de lentilhas de Esaú.
(a continuar)
( Fonte: The New York
Times )
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