quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Lula é ainda relevante?

                             

         Há certas ações e atitudes de Lula que, vistas sob o prisma da história recente, tendem a apresentar resposta com viés algo dúbio.
         Tomem, por exemplo, a sua tentativa, nas palavras pronunciadas ao lado do esquife em que jazia  a recém-falecida esposa Dona Marisa. Há comentaristas que julgaram fora de cabimento querer trazer a Lava-Jato para o cemitério. Seria acaso correto tentar instrumentalizar o pathos daquela partida, e ao mesmo tempo demonstrar insensibilidade acerca do desaparecimento da companheira de tantos anos, a circunstância  de querer trazer  por meio do derrame cerebral que a vitimou questões políticas, que estão em contexto bem diverso, vale dizer nas ações processuais que lhe são movidas?
          Nesse quadro, será correto e humanamente compreensível procurar trazer para aquela hora transida de dor outros fatores, atribuíveis a causas políticas, em especial a alegada perseguição movida pela Lava-Jato contra Lula e família. Será lícito trazer o sofrimento e a morte da companheira para aquela hora difícil, instrumentalizando o sofrimento da esposa na sua reação contra os ataques ao próprio governo ?
          Por outro lado, esse aspecto oportunista do ex-presidente reponta agora na ação movida pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com efeito,  o seu advogado Cristiano Zanin Martins emitiu a seguinte nota: "A decisão proferida pelo ministro Celso de Mello faz referência aos mesmos fundamentos que usamos na defesa apresentada no Supremo Tribunal Federal para que fosse cassada a liminar do ministro Gilmar Mendes - que impediu que Lula pudesse assumir o cargo de Ministro para o qual foi nomeado.  A decisão reforça que o impedimento imposto a Lula não tinha amparo constitucional. Embora os danos já tenham sido consumados, é preciso que o STF corrija esse erro histórico em relação a Lula".

             Sem embargo, para Gilmar Mendes, o propósito da nomeação foi claro no sentido de conferir foro especial ao ex-presidente e, com isso, atrasar as investigações contra ele.  Na época, Lula já respondia a inquéritos na Operação Lava-Jato. A decisão de Gilmar foi tomada em caráter liminar e precisaria ser confirmada ou derrubada em votação no plenário do STF. No entanto, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o processo perdeu o objeto - ou seja, em termos jurídicos não havia mais razão para que a ação continuasse aberta.
               Ontem, Gilmar Mendes afirmou que a decisão de Celso de Mello "certamente" será  debatida pelo plenário do Supremo.


( Fonte:  O  Globo )


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