O grupo do G-20 - que é o das
economias mais desenvolvidas do planeta - reuniu-se nesta feita em Bonn. Rex Tillerson, o novo Secretário de
Estado, compareceu à reunião, e manteve reunião bilateral com o Ministro
José Serra.
Durante esse encontro bilateral,
Tillerson pediu a Serra que procure coordenar
esforços dos países da América do Sul visando uma solução para a crise
venezuelana. No que tange à cooperação econômica, o secretário de estado
Tillerson versou a perspectiva de investimentos em infraestrutura, assim como
agenda pró-negócios entre as duas Nações.
Serra considerou a reunião com
Tillerson "uma ótima conversa, o começo de um começo."
No entanto, não se pode fazer de
conta que a tarefa que lhe foi sugerida pelo Secretário Tillerson não se
aproxime de verdadeira missão impossível.
A própria colocação da dita missão
por Tillerson ao Ministro Serra mostra que aquele ainda não teve tempo para pôr
em dia a atual situação político-diplomática dos países sul-americanos entre
si, e, mais especificamente, o corrente estado das relações Brasil - Venezuela.
Depois do impeachment de Dilma Rousseff, verbalmente combatido pelo regime de
Caracas - é chover no molhado dizer que o regime petista de Dilma e o de
Nicolás Maduro eram bastante próximos. Depois do impeachment, tornaram-se acres as relações entre os dois países. É necessário,
também, levar em conta que a Venezuela está afastada do Mercosul (por haver
deixado de cumprir com as suas obrigações conexas ). Outrossim, tal situação
surgiu em grande parte por causa de gestões do novo Itamaraty. Confiar essa
missão ao Ministro Serra pode parecer, prima
facie, um tanto embaraçoso para o nosso velho Ministério. Mas a pressa é a
inimiga da perfeição, e não se pode esquecer de Pirandello, que nos recorda que
as coisas mudam. Como Trump nos apresenta um novo círculo de relações com
países como a Federação Russa, é melhor não se apressar, eis que o valor das
cartas mudou, e talvez esse novo desafio possa parecer uma boa oportunidade
para Nicolás Maduro. Para quem estava
praticamente na lona, às voltas com um
desafio bem superior às próprias forças, quem sabe os contatos via Ministro
José Serra possam ensejar um primeiro diálogo com a nova turma de Washington ?
Nesse contexto, é bom não esquecer
que se o governo de Donald Trump lograr firmar-se, na sua relação de
amigos está gospodin Vladimir V. Putin. E se pensarmos
que o indigitado Nicolás Maduro tem presumíveis boas relações com o autocrata
russo, a possibilidade de uma eventual reabilitação do presidente venezuelano
por esses antes ínvios caminhos junto ao Departamento de Estado não pode ser
descontada de todo... Aliás, é bom lembrar que quem está fazendo a sugestão
para melhoria de relações é o próprio Secretário de Estado, outro que tem ótimos
contatos com o Kremlin, tão bons
mesmo que quase o atrapalham na sua sabatina de confirmação pelo Senado
americano.
( Fontes: Pirandello, Folha de S.
Paulo; The New York Times )
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