quinta-feira, 7 de abril de 2016

Wisconsin: duas surpresas?


                            

         Nas primárias de Wisconsin os dois runner-up, Bernie Sanders e Ted Cruz, venceram a Hillary Clinton e Donald Trump, respectivamente.

         É a sexta vitória seguida de Sanders, com 56,6% . Como sempre teve maioria de votos no público masculino, jovens, independentes e brancos. Em março, o desafiante levantara cerca de US$ 44 milhões, contra US$ 29,5 milhões pela Senhora Clinton.

         Note-se que Mrs. Clinton - que totalizou 43,1% - tampouco  tem boas recordações de Wisconsin em 2008, quando Barack Obama a venceu por dezessete pontos percentuais.

          O entusiasmo de Bernie quanto a ganhar em New York em um upset (ganho inesperado) terá de confrontar-se com situação diversa no Empire State em relação a Wisconsin. Além de ter sido Senadora por New York, as duas próximas etapas na maratona das primárias - New York e Pennsilvania - tem extratos populacionais mais diversificados, e com maior presença de afro-americanos (sete em dez votantes negros apoiaram Hillary em Wisconsin). O apoio de Bernie vem de votantes brancos, jovens, e independentes. Como ele vai dar-se na política de New York - diante de uma Hillary que cresceu politicamente nesse Estado - resta a verificar, dada a sua ignorância das práticas aí correntes.

           Outro ponto negativo do desafiante é o seu apoio à NRA e ao lobby das armas. Em New York, já não se deixou de frisar tal postura diante da vergonha na escolinha de Sandy Hook, na pequena cidade de NewTown, no Connecticut, onde essa política levou ao trucidamento de 20 crianças (entre seis e sete anos) e de seis adultos.

            Por sua vez, a disputa republicana no estado de Wisconsin, terminou com a vitória de Ted Cruz (48.2%)  O Senador pelo Texas, que é um expoente do movimento de ultra-direita  Tea Party (criado e financiado pelos irmãos petroleiros Koch), não é exatamente um moderado. Tem posições extremistas e pouco conciliadoras, o que tende a afugentar muitos votantes, mesmo em partido de direita e conservador, como é o GOP. Por sua vez, em uma primeira derrota, Trump marcou 45.1%, arrebanhando votantes moderados (os extremistas foram para Cruz); e o Governador Kasich logrou 14%, também com prevalência de moderados.

            Dada a sua rigidez e posições ultradireitistas, as perspectivas de crescimento de Cruz não semelham das mais brilhantes, apesar de todo o apoio  que vem recebendo da direção do GOP. Esta última  adota a posição de que tudo é peixe, enquanto contribua para parar a candidatura Trump, que teve uma semana ruim, com contestações várias. Malgrado os apelos de Ted Cruz para que saia da corrida, o moderado Kasich nela continua, fiado no seu trânsito na direção partidária e nos drawbacks (pontos negativos) dos seus dois outros adversários. Espera sobreviver até a convenção, onde todas as ilusões de vitória para a nomination têm os seus altares assegurados.

 

( Fonte:  The New York Times )

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