terça-feira, 19 de abril de 2016

A Farsa do Golpe


                                              

        Se alguém repete uma mentira cem vezes, pode ser que o acusado não se convença, mas há inegável probabilidade de que quem a formula, acabe nela acreditando.

        O mecanismo é de simplicidade franciscana. É sempre mais fácil inventar-se explicação fantasiosa para uma situação, se esta explicação transfira a eventual culpa para a outra parte.

        Essa tática vem, sobretudo, de movimentos deterministas, que tiranizem a verdade. Imaginemos que alguém chegue a essa suposta 'solução'. Como ela é em geral utilizada como conduto para despejar a culpa ou a responsabilidade no eventual adversário, o que será importante para quem resolve aplicar este 'remédio' não é a 'verdade', seja ela factual ou doutrinal. O que interessa no caso é a repetição maquinal da assertiva, que transforma em slogan o que antes seria apenas eventual premissa a ser examinada, estudada e eventualmente provada ou não.

        A aparente simplicidade do caminho leva para a  reiteração automática daquilo que não passa de uma questão a ser examinada e eventualmente respondida, seja por negativa, seja por afirmativa.

        Não é à toa a proximidade das palavras de ordem dos slogans, pois eles muita vez se atêm à fé inquebrantável em algum suposto fato, que prescinde de outra comprovação excluída a sua repetição ad infinitum, que para os correligionários substitui à maravilha qualquer disquisição sobre a realidade factual ou doutrinal de alguma assertiva.

        Não há de surpreender, nesse contexto, a ligação siamesa entre PT e PCdoB, manifestada que é por uma ideologia ou de cunho marxista, ou aparentada, em que toda a verdade é relativa, na medida em que depende da situação prevalente e, portanto, do interesse tanto da organização principal, quanto da sucursal, eis que, onde come o maior, sobram sempre migalhas para o menor.

         Quem se embala nas palavras de ordem e nos slogans, se apega, portanto, mais às aparências do que à realidade.  

         Todos gritando em uníssono não torna necessariamente verdade o que a plenos pulmões procura abafar outras eventuais considerações, por mais nobre e veraz que seja a fonte dessas  últimas.

          O veraz e o racional não circulam com facilidade nesses meios. A eles aproveita mais a falsa verdade, que lhes estabelece o eventual vitimismo e tudo explica para a malta ignara. Se a realidade vira a primeira vítima, com a breca a realidade dos outros, porque eles têm a deles, que no pior dos casos lhes serve de consolo.

         Por isso, não se surpreendam se Dilma Rousseff continue papagueando que é vítima de golpe. Para ela, será melhor por dupla razão: para o próprio ego, e por manter à distância a verdadeira razão, que é o  próprio retumbante fracasso na administração do Estado.

 

( Fontes:  O  Globo e Folha de S. Paulo )

Um comentário:

Mauro disse...

O dano ao país que esta mistificação causará é imenso - tanto internamente pela divisão permanente do país em campos opostos, quanto externamente, pela sistemática tentativa de reduzir o país à uma republiqueta. É inacreditável que a presidente tenha a cara de pau de dizer que não há base legal para o processo. A constituição é clara quanto à responsabilidade do presidente pela ordem fiscal. Dizer que isso "não é suficiente" e que outros fizeram o mesmo apenas mostra a miséria moral do petismo, que acha que as leis se aplicam à sua conveniência.