sexta-feira, 15 de abril de 2016

Direto de Brooklyn: Hillary x Sanders


                        
         O Senador por Vermont não perde ocasião de mencionar os ricos banqueiros e  doadores de Wall Street para a Senhora Clinton, a ponto de que se questione a sua noção de equilíbrio.

         As gentilezas dos debates anteriores desapareceram por completo. Mr Sanders perde muito da razão pela maneira com que abusa desses tópicos, chegando até questionar-se o seu discernimento. Para ele, a Senhora Clinton não está preparada para ser presidente, por faltar-lhe julgamento...

          Esse político até há pouco obscuro, e que nunca realizou nada de maior relevância, seja em Vermont, seja  no Senado, onde tampouco figura em posições de relevo na bancada democrata, venha agora por em dúvida a capacidade de Hillary Clinton exercer a presidência... No exemplo em tela, não é necessária muita psicanálise para entender que se trata pura e simplesmente de tentativa de desmerecer da adversária para ter condições de enfrentá-la...

          Bernie Sanders quer compensar a circunstância de que era um virtual desconhecido em New York através da violência verbal,  de desencavar antigas ações de Hillary (como votar em 2003 autorizando a invasão do Iraque), 'esquecendo' todo o seu trabalho, de preparar um projeto de reforma da saúde que é até o presente favoravelmente comparado à reforma de Obama, os seus quatro anos no State Department, etc. etc.

           Durante o debate, no entanto, ele se encarregou de emporcalhar a própria posição. Se Sanders questiona o bom juízo de Hillary para ser presidente, sem querer, ele forneceu motivos bastante para questionar-se o bom entendimento do desafiante. Em lugar como New York em que os candidatos se digladiam para mostrar o seu apoio a Israel, Mr Sanders exibiu muita falta de critério político  ao mostrar-se disposto a dar um tratamento especial aos palestinos.

            Tampouco Mr Sanders se deu bem com os  moderadores do debate, liderados por Wolf  Blitzer e Dana Bash, da CNN, que o interrogaram duramente acerca de seu conhecimento dos regulamentos bancários e a sua dificuldade de dar detalhes a respeito das próprias propostas políticas, durante entrevista com a junta editorial de The Daily News.

             A Sra. Bash, dada a tentativa de Sanders de transformar Mrs Clinton em bode expiatório quanto a ação dos grandes bancos, pediu-lhe que desse um exemplo de como Hillary fora indevidamente influenciada por grandes bancos. A resposta do candidato se limitou a dizer que ela estava implicada nos excessos financeiros  que levaram à recessão.

                 Mrs. Clinton foi muito aplaudida quando disse que Sanders não respondera à pergunta (dodged the question), e acrescentou: ele não pode dar exemplo algum, porque simplesmente não há qualquer exemplo.

                 Como Sanders não tem nada a perder, estando atrás nas pesquisas, ele procura compensar a sua atual inferioridade tentando desmerecer da ex-senadora por New York.

                 Vamos ver como se comporta o público nessa primária, marcada para  terça-feira, dezenove de abril (que incluirá apenas - como já foi dito - membros registrados do Partido Democrata).

                  Em certos momentos, com a sua rudeza, que margeia a grosseria - e não só com a Sra. Clinton, mas também com jornalistas nova-iorquinos, como os do Daily News  - o Senador Sanders faz lembrar, sob certos aspectos de civilidade, os carpet-baggers[1] chegando ao Sul pós-guerra civil...    

 

( Fonte: The New York Times )



[1] Carpet-bagger segundo o Oxford de bolso é um Nortista que se deslocou para o Sul depois da Guerra Civil para aproveitar-se da Reconstruction (Reconstrução); ou então pessoa que se mete na política de uma localidade com a qual não tem nenhuma verdadeira conexão

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