quarta-feira, 13 de abril de 2016

Desmonte de Trump ?


                                       

        Será que os big-shots[1] do Partido Republicano podem afinal dormir um pouco mais tranquilos?

        Depois da derrota de Donald Trump para Ted Cruz, o Senador pelo Texas, tropeço este que veio seguido por outros mais, a ameaça que o front-runner nas primárias do GOP aparentemente colocava para a hierarquia republicana[2] não mais se configura ?

        Nunca um novato assustara tanto, não só a alta-direção do partido de Lincoln, quanto os seus próprios concorrentes.

         De parte daqueles, já foram referidos os comandos para que, de algum modo, se desse um jeito neste emboaba[3], que estava afastando grandes nomes do Grand Old Party, e criando tensão para a Convenção de Cleveland, ao suplantar próceres confiáveis da lista dos presidenciáveis, enquanto avançava para arrebatar a nomination.

         Não há negar que Donald Trump, de início designado como o candidato do verão - um fenômeno típico do período estival, em que surgem pretendentes de toda parte que se caracterizam pelo caráter temporão - constituíu uma surpresa, ao firmar-se na dianteira da corrida pela designação, enquanto outros, bafejados por famílias presidenciais, como Jeb Bush, não decolavam.

          A publicidade negativa é outra característica de um processo de grande truculência. Pois, Donald Trump, à medida que a sua liderança se consolidava, se viu como o principal destinatário dessa homenagem às avessas.

           Assim, dos setenta milhões de dólares gastos nesse tipo de anti-propaganda, cerca de noventa por cento se destinou a ataques contra o líder Trump.

           A derrota em primária para Ted Cruz aconteceu no estado de Wisconsin. Desde então, se acirraram os problemas de Trump, ao perder a invencibilidade.

            Além das gafes e dos rompantes - o que são uma característica do líder nas primárias republicanas - houve outro fator que desestabilizou a segurança de Trump.  Como novato que era, desconhecia a letra miúda nas regras para as primárias. Assim, somente com bastante atraso ele se conscientizou que a série de vitórias que acumulara até ali poderiam ser de Pirro, eis que, de acordo com as intrincadas regras do GOP, o fato de vencer uma primária não garante que os delegados que lhe são atribuídos estejam subordinados ao candidato.   

                 Dessarte, os candidatos mais experientes - e Ted Cruz é um deles - pode surpreender o front-runner através de contatos com esses delegados, e, na prática, transferi-los para o seu campo, logo após a primeira rodada na Convenção de Cleveland. Assim, a aparente segurança que lhe davam os delegados amealhados na série de vitórias até aqui era ilusória.  Em outras palavras, com as intrincadas regras do GOP, o capítal em delegados acumulado pelas vitórias nas primárias, na realidade, logo se derrete se houver necessidade na Convenção de mais votações. Nessa hora, são as conversações e contatos com tais delegados que garantem para quem vai o seu sufrágio.

                    Compreende-se, por conseguinte, que, ignaro de regra dessa importância, e não tomando a fortiori qualquer providência para convencer os delegados a apoiá-lo nos escrutínios seguintes na Convenção de Cleveland,  Trump não só mostrou a sua garrafal ignorância quanto a esta regra - um autêntico Catch 22 - mas perdeu precioso tempo na preservação dos delegados que ganhara pelo voto  nas precedentes primárias.

                      É a primeira crise séria a confrontar o lider Trump. A sua vantagem de 200 delegados, ganhos nas primárias até agora, ao valerem apenas para o primeiro escrutínio, como é que fica para o restante das rodadas? Por não ser uma questão bizantina, resta saber se o líder atual na corrida para a nomination pelo GOP terá condições de prevalecer na Convenção.

                        Não há dúvida que esse cochilo de Trump lhe fragiliza a candidatura.

 

( Fonte: The New York Times )



[1] Figurões
[2] dianteiro
[3] alguém que vem de fora

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