domingo, 3 de abril de 2016

Colcha de Retalhos D 13

                         

Editorial da Folha de S. Paulo


          Tenho de saudar a solução proposta na edição de hoje da Folha, em editorial publicado na primeira página. Nem Dilma, nem Temer me parece um bom programa para o Brasil. Tampouco posso discordar que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez o Deputado Eduardo Cunha, por ser manifesto não ter ele condições de dirigir o Brasil nesse intervalo.

            Complementando a solução sugerida pela Folha, o editorial também menciona que o Tribunal Superior Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la. Seja por essa saída, seja pela renúncia dupla, a população seria convocada a participar de nova eleição presidencial, em um prazo de noventa dias.

             Seria, outrossim, uma boa solução a que, ao cabo, recomenda o editorial da Folha: "Dilma Rousseff deve renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade sem precedentes do atual governo."

              O editorial da Folha surpreende. Seria uma boa solução. Mas terão os personagens envolvidos grandeza para tanto? Parece-me que dada a sua frenética - e para lá de questionável - utilização do Palácio do Planalto, que virou nesses últimos dias de Pompéia, uma espécie de bunker na defesa à outrance de seu mandato, há escassas possibilidades de que tal incentivo ao bom senso  seja levado em conta pela infelicíssima escolha de Luiz Inacio Lula da Silva.

 

E.I. na defensiva

 

                    Na luta contra o Estado Islâmico, o importante é que territorialmente ele já perdeu cerca de 25% de seu avanço anterior em terras sírias e iraquianas (incluindo estas últimas, áreas curdas).

                     Nos choques contra o E.I., os melhores soldados na parte adversa costumam ser os curdos, habituados desde muito a enfrentar a adversidade, eis que constituem importante minoria na Turquia.

                      Com o avanço de Recep Erdogan, o homem forte da Turquia,  que vem reconquistando posições políticas anteriores,  a situação da etnia curda fica um tanto fragilizada sob certos aspectos.

                      No entanto, os curdos, pelas suas qualidades bélicas, gozam do apoio estadunidense. Na luta contra o califado de Abubakr el-Baghdaadi, os curdos têm conseguido recuperar áreas do antigo Curdistão, mas basta olhar a um mapa atualizado para dar-se conta de que a batalha contra o Estado Islâmico está apenas encetada.

 

Perspectivas Republicanas

 

                     Sob os bons olhos da hierarquia do G.O.P. (cognome pelo qual é conhecido o Partido Republicano - Grand Old Party - isto é, Grande e Velho Partido), o pré-candidato Senador Ted Cruz (republicano do Texas) goza das benesses dos figurões republicanos. A eles horroriza a possibilidade de que Donald Trump logre obter a nomination na Convenção partidária.

                      Para os mais pessimistas, a participação de Trump - que deveria ser apenas  o candidato do verão (boreal), lembram-se ? - seria catastrófica para o GOP, com a perda da maioria no Senado e governanças em muitos Estados da União. Quanto à Câmara, em que a maioria é republicana, a sua solidez se deve ao guerrymander, que é tática de redesenhar os distritos eleitorais, de forma a tornar quase impossível uma vitória do candidato adverso naquele distrito. Até o momento, com o surgimento da facção do Tea Party (criada com o dinheiro e o apoio dos petroleiros irmãos Koch, ao ensejo da eleição intermediária de 2010 - chamada por Barack Obama, com muita propriedade, de tunda) , muita vez as corridas para o Senado  são facilitadas para os democratas, pelo lançamento de candidaturas de extremistas republicanos do Tea Party.

                         Não há dúvida que Trump, se ganhar a nomination, acarretará grandes mudanças nas forças políticas americanas. Se os democratas lograrem recuperar a maioria no Senado, as perspectivas de que a Corte Suprema passe a ter maioria liberal se acentuam bastante (lembrem-se, por oportuno, que foi uma Suprema Corte com maioria conservadora que guindou o desastroso George W. Bush para presidente, o único na história americana eleito não só com minoria na votação popular, mas também com a ajuda determinante da Suprema Corte, que mandara cessar a contagem dos votos na Flórida - que se encaminhava para o que seria o triunfo de Al Gore, o Vice-Presidente de Bill Clinton).

                           É óbvio, no entanto, que essa possibilidade só passará a existir no caso de  vitória de representante do Partido Democrata. No momento, a luta ainda não está decidida para Hillary, mas a  diferença em favor dela  em número de delegados que superam aqueles do Senador Bernie Sanders, seu rival democrata, relembra aquela de que fruía Obama no pleito de 2008, em que o atual presidente superou Hillary Clinton, ganhando a nomination democrata.

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo,   The New York Times )

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