sexta-feira, 29 de abril de 2016

Escaramuças petistas ?

                        

        Já anunciadas por Lula da Silva em seus pronunciamentos pós-impeachment, a reação dos chamados movimentos sociais (as alas dependentes do PT - o que os italianos costumam denominar como movimentos extra-parlamentares) principia a desenvolver-se segundo o figurino da liderança petista.
        Lula, na sua primeira fala pública depois da aprovação do Impeachment pela Câmara dos Deputados, disse nesta segunda-feira, 25 de abril, que a Casa é comandada por uma "quadrilha legislativa". No mesmo discurso, embora haja reconhecido falhas do governo, afirmou que  o Brasil viverá um "período de muita luta".
         No mesmo tom, Lula, com a voz já bastante rouca, avançou: "Uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa  implantou a agenda do caos no país."
         Como se verifica, o máximo líder petista estava bastante alterado. No entanto, abusando da palavra, a emissão da voz se tornava cada vez mais dificultosa, e ele teve de passar o discurso para o diretor do Instituto Lula e ex-ministro, Luiz Dulci.
            A alocução foi pronunciada em seminário realizado em São Paulo, pela Aliança Progressista, que é uma rede de partidos de vários países. Segundo os organizadores, participaram da atividade representantes de vinte legendas de dezessete países.
             Para o orador Lula, a votação do processo de impeachment foi um "espetáculo deprimente". Assinale-se, por oportuno, que o impeachment foi aprovado  por 72% dos deputados.
              Na interpretação oratória de Lula da Silva foram "corruptos notórios clamando contra a corrupção, oportunistas exercitando o cinismo e a hipocrisia e alguns até defendendo a tortura e a ditadura".
               A História a vivo é um personagem suscetível de interpretações favoráveis, contrárias  e até mesmo indiferentes. Abel Gance, na sua obra prima sobre a Revolução Francesa, mostra a Assembléia Nacional, palco de justas oratórias memoráveis, como o mar encapelado, no jogo súbito e imprevisível das ondas. Os debates, as invectivas, as alianças literalmente são transformadas na imagem dos grandes telões, em que  as vagas crescem e recuam, como forças opostas que se desencadeiam e se entrechocam.
                   Pois a luta que o enraivecido militante Lula prometeu surgiu em várias localidades brasileiras. A Frente Povo Sem Medo - composta de dezenas de movimentos sociais e sindicais contrários ao impeachment de Dilma Rousseff - e entre elas o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) realizando, na manhã de 28 de abril corrente, uma série de bloqueios em avenidas e rodovias de oito Estados e do Distrito Federal.
                   O escopo era o de "parar o Brasil", contra o afastamento da Presidenta e a eventual posse  do Vice-Presidente Michel Temer. Usando de meios toscos mas efetivos, o protesto, ainda que definido como pacífico, produziu o previsível nó no trânsito e nas vias atingidas. Houve mais frentes abertas em São Paulo do que no Rio de Janeiro,onde os ativistas fecharam trecho da avenida do Contorno, em Niterói.
                     Aconteceram distúrbios similares, no Paraná (Curitiba); Ceará (aí foi fechada  a principia via de ingresso  em Fortaleza); em Minas Gerais, Belo Horizonte (fecharam a avenida Antonio Carlos), e por  fim em Cuiabá, o coletivo ocupou prédios públicos.




( Fontes: O Estado de S. Paulo,  O Globo, Abel Gance ) 

Nenhum comentário: