Após proceder o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Ricardo Lewandowski, à proclamação formal dos resultados do primeiro turno, e oficializada a condição de contendores para o segundo turno, a 31 do corrente, de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), se reinicia a movimentação política das respectivas campanhas com vistas à vitória no segundo turno.
A candidata oficial, da Presidência e da grande coalizão, Dilma Rousseff, é objeto de conversações, realizadas no Palácio da Alvorada, residência do Presidente da República. O que filtrou da reunião com os governadores e senadores da chamada base governamental foram decisões do Presidente Lula, que assim quebra o sintomático silêncio por conta do suposto adiamento da grande festa do triunfo de Dilma.
Não ensejando dúvidas sobre quem ainda exerce o poder na sua plenitude, Lula determinou uma guinada na campanha da sua candidata. Dessarte, o velho espantalho das privatizações, a exemplo de 2006, será reexumado. Como funcionou contra Alckmin, pensam Lula e subordinados, que o truque da comparação entre PT e PSDB nesse campo venha igualmente a prejudicar a imagem do candidato tucano.
Ainda consoante determinação de Lula, a campanha petista deve retirar a agenda do aborto da discussão. Em enquadramento algo peculiar, Lula dispõs que a campanha enfrente a polêmica do aborto, mas ‘não pode deixar que o tema domine o segundo turno, fazendo o jogo que interessa a José Serra’.
Sempre dentro do prisma verticalizante com relação à sua candidata, Lula – no que acolheu críticas dos governadores eleitos – fez saber que Dilma se aproxime mais das pessoas e da imprensa, acabando com o tom cerimonial e o cerco de segurança de suas viagens e entrevistas.
Tudo isso é produto da reunião convocada pelo Presidente com os principais representantes vitoriosos da base. Bem comportada, como de hábito, presume-se que Dilma Rousseff seguirá à risca as determinações.
Aliás, no noticiário de imprensa que transmitiu tais disposições presidenciais, aparece igualmente a foto, no Palácio do Alvorada, dos sorridentes governadores e senadores recém-eleitos, da onda vermelha dirigida por Lula. Do feliz ajuntamento, se evoca a impressão de instantâneos da República Velha, alinhados os governadores e demais próceres em torno do então Presidente da República. Já na foto de hoje não é visível apenas quem fora o objeto das discussões.
Dentro da planejada regionalização da campanha, despertou atenção a indicação do deputado Ciro Gomes para ser um dos coordenadores no Nordeste. Ciro, que teve inviabilizada a candidatura pelo PSB através de manobras do Presidente Lula, logo mostrou o que talvez há de caracterizar a sua atuação. Além de aludir aos recentes escândalos (demissão de Erenice Guerra e quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB), também explicou o apoio à Marina Silva pela preocupação com a ‘frouxidão moral’ evidenciada ‘aqui e ali’. No seu entender a ida de Dilma ao segundo turno foi ‘lição de humildade’.
A movimentação petista também se manifestou. Nesse sentido, o presidente do Partido dos Trabalhadores, José Eduardo Dutra, disse que Marina aceitara conversar sobre eventual apoio a Dilma. A esse respeito, Marina Silva desmentiu a afirmação de Dutra, negando que vá discutir qualquer apoio sem antes ouvir o PV, seu partido.
Consta, outrossim, que Lula reconheceu que se excedera em algumas ocasiões. Terá prometido voltar à postura de ‘paz e amor’, a ser seguida por Sua Excelência e a candidata. Retorna, dessa maneira, a perturbadora impressão de ioiô na campanha, como se as afirmações e as posturas sobre temas concretos dependessem menos da substância dos temas do que das respectivas situações. Esse ir e vir também presume uma credibilidade excessiva do cidadão. Será que o eleitor é tão bobo quanto crêem os nossos magnos líderes ?
( Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
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