O Lamentável Comportamento de Lula
Durante toda a sexta-feira, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou a imprensa e qualquer pronunciamento sobre o incidente em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
Contra a evidência e o bom senso, Lula, no entanto, reincidiria à noite em negar-se a assumir com a hombridade que reclama de outrem o que realmente ocorrera em Campo Grande.
No palanque com Dilma, em Uberlândia, tornou a desfiar a estória que tem tudo para saber não corresponder à verdade.
Não se pode negar que Sua Excelência encarnou demasiado no papel que na prática está exercendo: o de Cabo Eleitoral-mor da Campanha de Dilma.
Faz amplamente por merecer, portanto, as palavras de Zuenir Ventura:
“É inconcebível que um presidente da República, em lugar de solidarizar-se com a vítima, pedir-lhe desculpas, exigir providências para evitar a repetição do episódio, tenha preferido ridicularizá-la e compará-la com o goleiro chileno que encenou uma farsa.”
A esse respeito, a colunista Míriam Leitão singulariza um ponto muito importante: “A grande questão não é o que acertou a cabeça de José Serra em Campo Grande, mas o que há na cabeça do presidente Lula. É assustador que ele não perceba o perigo de usar toda a sua vasta popularidade para subestimar um episódio de conflito físico (...) Se ele brinca com fato grave, o que está avisando é que esse tipo de atitude é aceitável.”
E, por fim, mais uma vez a eloquência de Aécio Neves ressoa com a cava e toante gravidade do bronze:
“ O Presidente sai menor do que entrou nesta eleição”.
Passeata na Orla de Copacabana
José Serra fará neste domingo, 24 de outubro, a ‘Caminhada da Vitória’, saindo do Posto 6, com direção ao Leme. Organizada pelo candidato a Vice-presidente, Índio da Costa (DEM), deverão participar do evento os Senadores eleitos por Minas Gerais, Aécio Neves e Itamar Franco, além dos governadores-eleitos Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR) e Antonio Anastasia (MG).
Malgrado solicitação nesse sentido, o Estado terá recusado o reforço do policiamento na orla. Causando estranheza, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que não reforçará o patrulhamento de rotina na orla.
Tendo em vista as tropelias de Campo Grande, na Zona Oeste, seria recomendável maior presença policial, para dissuadir e no pior dos casos atalhar eventuais intentos de baderneiros.
A esse respeito, houve concordância do próprio presidente regional do PT, deputado federal Luiz Sérgio: ‘apelamos às autoridades para que reforcem a presença nas ruas deste domingo, já que os dois candidatos a presidente da república estarão na cidade’.
Consoante se refere, Dilma e Lula farão carreata na Zona Oeste, saindo de Realengo e chegando no Shopping Bangu.
O Temido Depoimento de Erenice na Polícia Federal
A despeito de renovada tentativa de adiamento, a Polícia Federal marcou para segunda-feira, dia 25, às 9:00hs o depoimento de Erenice Guerra. O ex-braço direito de Dilma Rousseff será inquirida pelo Delegado Roberval Vicalvi.
Objeto das perguntas serão os negócios da Capital Consultoria, empresa de Israel Guerra, filho de Erenice, em sociedade com Vinicius Castro. Os dois são acusados de intermediar negócios de empresas privadas com o governo em áreas de influência de Erenice.
Em depoimento, o ex-piloto de motovelocidade Luis Corsini disse que pagou propina de R$ 40 mil a Israel a título de ‘taxa de sucesso’ por um patrocínio de R$ 200 mil da Eletrobrás, em 2008.
Outros ‘negócios’de Israel e Vinicius se referem a contratos para facilitar financiamento de R$ 2,25 bilhões do BNDES para a ERDB, empresa de energia solar (o lobista Rubnei Quícoli denunciou). A dupla também recebeu cerca de R$ 200 mil de Fábio Baracat para ajudar a Master Top Airlines (MTA), de transporte aéreo de carga, a obter licença da Anac e, em seguida, lograr renovar contrato com os Correios.
Reforma da Previdência é Aprovada pelo Senado francês
Conforme se esperava, a despeito das manifestações populares e da onda de greves, o Senado aprovou a reforma da previdência, dentro da linha fixada pelo Presidente Nicolas Sarkozy.
O aumento da idade mínima de aposentadoria, passa de sessenta anos para sessenta e dois anos, a estabelecer-se progressivamente até 2018, começando a partir de julho de 2011.
Para obter a aposentadoria integral, a idade passa de 65 para 67 anos, a partir de 2016 até 2023. Trabalhadores com doença decorrente de sua atividade continuarão se aposentando com sessenta anos.
Com a aprovação e a entrada do recesso escolar, prevê-se que a participação estudantil nas manifestações tenderá a decrescer.
A propósito dessa participação, ela surpreendeu pela sua intensidade, diante da circunstância de que se tratava de prazos que só interessariam diretamente a esse público depois de quatro décadas. Muito se escreverá e se discutirá acerca de um empenho tão marcado, quanto a acontecimentos que dentro da linha das motivações humanas não estariam em condições de causar reações tão fortes e violentas, como se os respectivos efeitos fossem julgados muito mais próximos do que realmente são.
Outra interrogação é o pós-reforma, no que tange a Sarkozy. Ao contrário de antecessores, como Jacques Chirac, e seu Primeiro Ministro Alain Juppé, que acabaram por ceder às manifestações de protesto e às greves maciças, nas suas tentativas de reforma, Nicolas Sarkozy escolheu o caminho do confronto. Essa atitude pode custar-lhe caro, em termos políticos. Atualmente, vencida a campanha – o que no futuro está sujeito a ser definido como vitória de Pirro – Sarkozy ficou apenas com trinta por cento de aprovação popular.
Para buscar a reeleição, dentro de dois anos, Sarkozy carece de recompor a sua base política. Senão, ficará condenado a transformar-se no que os americanos chamam de lame duck (pato manco), que é qualificação do político sem condições de se reeleger.
Por ora, os prognósticos estão em aberto. Sarkozy já venceu desafios no passado, embora nenhum tenha se equiparado à magnitude da empresa pela implantação da reforma na previdência. O porvir dirá se o presidente foi determinado e corajoso, ou se apenas teimoso e de escassa visão política.
O Fantasma das eleições intermediárias de novembro
Em 1994, o Presidente Bill Clinton e os democratas perderam nas eleições intermediárias o controle do Senado e da Câmara dos Representantes para os Republicanos. Newt Gingrich, o principal líder do G.O.P. de então, com o seu Contract with America lançara plataforma neo-conservadora, que assegurou maioria aos republicanos no Congresso por longo período. O predomínio do Grand Old Party cairia vítima da guerra do Iraque e dos desastres da presidência de Bush júnior em 2006.
Este é o fantasma que assombra a Casa democrata: uma reviravolta política, com a temida e mais provável maioria republicana na Câmara de Representantes, e a possível, posto que mais difícil, recuperação também do controle do Senado.
A perda da maioria na Câmara e no Senado seria um verdadeiro desastre para a Presidência de Barack Obama. Diante do clima existente, com a falta de qualquer sentido bipartidário, o quadro seria o do impasse, com o Presidente forçado a recorrer ao veto para neutralizar as prováveis investidas republicanas para, entre outros objetivos, inviabilizar a reforma da Saúde.
No entanto, o aspecto favorável para os democratas é que, em um quadro negativo (altos índices de desemprego, falta de confiança na recuperação, baixa popularidade de Obama) tanto a Casa Branca, quanto o seu partido vem buscando por todos os meios reverter, ou pelo menos, minimizar as perdas nos próximos comícios.
Para tanto, uma ajuda inesperada vem sendo ensejada pelo movimento Tea Party.
Ao contrário dos tempos do Contract with America de Gingrich, quando GOP e democratas se enfrentaram sem outros contendores de monta, em 2010 a situação é diferente.
O Tea Party, surgido em 2009, é um movimento de direita (em muitos casos, de extrema direita) que tem apresentado diversos candidatos ao Congresso. Em muitas disputas, o Tea Party aparece como tertius, mas em algumas o seu candidato arrebatou nas primárias o direito de representar o partido republicano.
Em uma estratégia que é arriscada, mas que pode ajudá-lo em algumas contendas extremamente apertadas, o Partido Democrata tem envidado esforços de viabilizar contestações por representantes do Tea Party. A presença de um terceiro candidato nas geralmente binárias disputas entre azuis (democratas) e vermelhos (republicanos) poderia implicar em uma inesperada bênção para os partidários de Obama, ao retirar preciosos votos do concorrente republicano.
Através de complicadas triangulações, os democratas incentivam a presença de candidatos do Tea Party. A despeito das denúncias de republicanos contra esses elementos do Tea Party, a que chamam de ‘cavalos de Tróia’ dos democratas, em muitos casos as citadas candidaturas têm resistido, permanecendo na lista de candidatos a serem votados a dois de novembro próximo futuro.
Por outro lado, tanto o Presidente, quanto a Primeira Dama têm trabalhado ativamente na promoção de candidatos democratas. Michele Obama semelha ser mais popular que o marido, e a sua simpatia tem sido bastante utilizada no auxílio de candidatos ameaçados.
Pelo visto, a cidadela democrata não cairá por falta de empenho de seus principais líderes. Se o resultado está longe de achar-se assegurado, se pode dizer que até jeitinhos similares aos que nos são increpados estão sendo objeto de atenta consideração...
Estagiário acusa Presidente do STJ
O estagiário Marco Paulo dos Santos, estudante de administração, apresentou queixa à Polícia Civil, acerca do comportamento do Ministro Ari Pargendler, presidente do Superior Tribunal de Justiça.
Carecendo na terça-feira, dezenove de outubro, por volta das 17hs, de fazer um depósito no caixa do Banco do Brasil no STJ, e ao ser informado que o único em serviço era o que estava sendo utilizado por Pargendler, o estagiário se postou atrás dele, aguardando sua vez.
Segundo a descrição de Marco Paulo, o referido senhor olhou em sua direção uma vez e nada disse. Na segunda vez, dirigiu-se ao jovem, em tom que o outro julgou arrogante: “Quer sair daqui que estou fazendo uma transação ?”
Marco Paulo argumentou, então, que estava atrás da linha de espera marcada no chão.
Em tom ainda mais áspero, o Ministro replicou:
“Saia daqui. Vá fazer o que você tem que fazer em outro lugar”.
Como Marco Paulo não se movesse, Pargendler disse:
“Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido, está fora daqui.”
Em seguida, Pargendler se apossou do crachá do estagiário.
Marco Paulo relatou o acontecido ao chefe, Leonardo Peixoto, que, não podendo reverter a situação, encaminhou o estagiário ao departamento de pessoal, onde este assinou a rescisão contratual.
Mas não ficou nisso. Na quarta-feira, prestou queixa, em delegacia de Brasília. Em consequência, o delegado Laércio Rossetto encaminhou boletim ao STF, que tem a prerrogativa de investigar autoridades com foro privilegiado. A ocorrência foi definida como injúria real e crime contra a honra, passível de pena de um a três meses de reclusão e multa ( a punição pode ser convertida em pena alternativa). De acordo com o STF, o relator do caso, a ser designado, definirá qual o rumo das apurações. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), caso provocado, poderá igualmente tomar providências.
Marco Paulo, que passara em 8º lugar entre 250 candidatos, aduz pretender indenização por danos morais: “Tinha contrato até janeiro do ano que vem e fazia planos para esse dinheiro. Além disso, acredito que há uma ofensa e um dano à imagem.”
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )
domingo, 24 de outubro de 2010
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Um comentário:
Realmente o Presidente Lula parece estar fora da "casinha" expressão usada para descrever pessoas que entram em surto. Fico muito triste com esta loucura dele.Realmente sairá menor deste segundo pleito.
Quanto ao Sarkozy pude ver de perto a força desta greve. Me chamou atenção a diversidade de faixas etárias: velhos, meia idade, mães com bebês nos carrinhos, jovens. Era um apoio massivo que parecia representar insatisfações que iam muito além da previdência.
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