O debate de ontem à noite, na Rede TV, diferiu do anterior, na Bandeirantes. José Serra pareceu mais confiante, declarando em mais de uma oportunidade que o PT mente no que tange às posições e ao histórico do candidato. Dilma, embora não tenha contraditado essas afirmações do adversário, procurou, nos primeiros blocos, desenvolver a questão das privatizações, assim como seus reflexos, especialmente em tópicos relativos ao Estado de São Paulo.
Nos blocos intermediários, chamou a atenção do público – que se manifestou de forma favorável, desrespeitando as regras estabelecidas pelo moderador Kennedy Alencar – a referência de Serra à subida na cotação das ações da Petrobrás, com a sua melhora nas pesquisas após o primeiro turno. No seu entender, tal apreciação refletia a maior confiança do mercado em eventual gestão de Serra no que se reporta à estatal.
No penúltimo bloco, quando lhe cabia a tréplica – para a qual não está prevista resposta – Serra aludiu à tática de Dilma de escolher sistematicamente questões paulistanas. O candidato do PSDB disse então que ao repetir os argumentos do candidatos derrotados do PT ao governo de São Paulo, ela não tratava de o que deveria motivar-lhes a presença no debate: as grandes questões nacionais e as prioridades respectivas dos dois candidatos. Ao invés disso, Dilma dava a impressão de que se candidatava ao estado de São Paulo, conforme demonstrado pela tônica de suas repetidas intervenções.
Acusando o golpe, a candidata do PT julgou oportuno pleitear direito de resposta, o que lhe foi denegado pela comissão arbitral.
O quinto e último bloco reservaria outra surpresa. Depois de uma exposição burocrática de Dilma Rousseff, coube a palavra a José Serra. Consciente da marcada diferença da apresentação de seu histórico de vida política, em relação ao currículo pouco motivante da candidata de Lula – que talvez por tal motivo evite mencioná-lo – Serra alinhou a sua progressão na vida pública, e os cargos eletivos que, em forma ascensional, exerceu.
Conhecedor da retórica e do efeito que pode ter a peroração, Serra concluíu a própria declaração final com singelo pedido de voto ao telespectador – e se puder, o convencimento de um voto suplementar.
Será dificil aquilatar o peso de gesto de aparência tão simples, mas que, em verdade, dava sentido a toda a troca de opiniões e argumentações, que sóem marcar os debates televisivos. Com a sua experiência, Serra conferia um significado maior a todo o exercício de cerca de duas horas.
Recordei-me, então, da foto que a edição de O Globo de sábado, dezesseis de outubro. O fotógrafo colhera momento da candidata em que olha, com expressão de certo desalento, para ponto indeterminado. Seria como se ela perguntasse a seus botões, o que estou fazendo nesta campanha ? Será que vou corresponder à decisão do Presidente Lula ao indicar-me para tentar sucedê-lo na Presidência da República ?
( Fonte: O Globo )
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
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