Embora alguns tenham a impressão de que os farsescos episódios do mensalão do DEM ocorreram há tempos, na verdade o escândalo estourou a 27 de novembro de 2009, com a operação Caixa de Pândora, da Polícia Federal.
Lançado ao ar pelo Jornal Nacional da Rede Globo que é o diário oficioso da República, o estouro desse novo mensalão se deveu à cortesia do delator premiado Durval Barbosa e dos vídeos da Polícia Federal.
O escândalo teve diversas consequências políticas,entre outras, a perda pelo ex- Partido da Frente Liberal (PFL) da única governança que tinha na Federação; o afastamento e demissão do Governador José Roberto Arruda e de seu Vice Paulo Octavio; e o comprometimento da esmagadora maioria dos 24 integrantes da Câmara Distrital do Distrito Federal.
Houve também a sólita declaração do Presidente Luiz Inacio Lula da Silva na contracorrente do sentir da Nação brasileira. Ao afirmar que as “imagens não falam por si” (referia-se aos videos do Governador Arruda e de outros distribuindo e coletando as propinas), Sua Excelência apenas reiterou a linha de assertivas anteriores, v.g., ‘Sarney não é um homem comum’ e ‘hipocrisia’ (quanto à condenação de vantagens indevidas auferidas por parlamentares).
Hoje deverá ocorrer outro suposto efeito político da crise no Distrito Federal: a eleição indireta, marcada para as quinze horas, pela Câmara Distrital dos novos Governador e Vice-governador do Distrito Federal.
Na realidade, através desse processo eleitoral indireto, a Câmara Distrital e o estamento político conseguem pôr uma pedra sobre a possibilidade da única consequência política que teria significado para os interesses da população de Brasília.
O escândalo, profusamente documentado pelos vídeos, mostrou à saciedade o generalizado envolvimento de representantes do Executivo e do Legislativo do Distrito Federal. As imagens comprometedoras, que chegaram aos burlescos detalhes do deputado das meias, Leonardo Prudente (então presidente da Câmara distrital) não poderiam ser mais explícitas quanto à podridão do Palácio do Buriti, da Câmara e adjacências.
Em função dessa rara oportunidade de exposição de práticas condenáveis e da penosa distorção em termos de desvio da função pública a fazer inveja a outros escândalos do passado, aqui e no estrangeiro, repontou a presunção de que o Judiciário – que atalhou os intentos de elementos comprometidos no escândalo de obstaculizar as primeiras correções indispensáveis – se mostraria à altura do desafio, e colheria a oportunidade de proceder a intervenção no governo e na câmara distrital.
Essa ideia foi veiculada na imprensa. Terá provocado grande temor nos possíveis atingidos. De qualquer forma, pelo visto, os implicados e seu entorno não careciam de maiores preocupações.
Pois não haverá intervenção. Os alegres compadres de Brasília podem ficar sossegados.
Tudo ficará como dantes, no quartel de Abrantes.
sábado, 17 de abril de 2010
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