sábado, 17 de abril de 2010

O Gosto Amargo do Escândalo de Brasília

Embora alguns tenham a impressão de que os farsescos episódios do mensalão do DEM ocorreram há tempos, na verdade o escândalo estourou a 27 de novembro de 2009, com a operação Caixa de Pândora, da Polícia Federal.
Lançado ao ar pelo Jornal Nacional da Rede Globo que é o diário oficioso da República, o estouro desse novo mensalão se deveu à cortesia do delator premiado Durval Barbosa e dos vídeos da Polícia Federal.
O escândalo teve diversas consequências políticas,entre outras, a perda pelo ex- Partido da Frente Liberal (PFL) da única governança que tinha na Federação; o afastamento e demissão do Governador José Roberto Arruda e de seu Vice Paulo Octavio; e o comprometimento da esmagadora maioria dos 24 integrantes da Câmara Distrital do Distrito Federal.
Houve também a sólita declaração do Presidente Luiz Inacio Lula da Silva na contracorrente do sentir da Nação brasileira. Ao afirmar que as “imagens não falam por si” (referia-se aos videos do Governador Arruda e de outros distribuindo e coletando as propinas), Sua Excelência apenas reiterou a linha de assertivas anteriores, v.g.,Sarney não é um homem comum’ e ‘hipocrisia’ (quanto à condenação de vantagens indevidas auferidas por parlamentares).
Hoje deverá ocorrer outro suposto efeito político da crise no Distrito Federal: a eleição indireta, marcada para as quinze horas, pela Câmara Distrital dos novos Governador e Vice-governador do Distrito Federal.
Na realidade, através desse processo eleitoral indireto, a Câmara Distrital e o estamento político conseguem pôr uma pedra sobre a possibilidade da única consequência política que teria significado para os interesses da população de Brasília.
O escândalo, profusamente documentado pelos vídeos, mostrou à saciedade o generalizado envolvimento de representantes do Executivo e do Legislativo do Distrito Federal. As imagens comprometedoras, que chegaram aos burlescos detalhes do deputado das meias, Leonardo Prudente (então presidente da Câmara distrital) não poderiam ser mais explícitas quanto à podridão do Palácio do Buriti, da Câmara e adjacências.
Em função dessa rara oportunidade de exposição de práticas condenáveis e da penosa distorção em termos de desvio da função pública a fazer inveja a outros escândalos do passado, aqui e no estrangeiro, repontou a presunção de que o Judiciário – que atalhou os intentos de elementos comprometidos no escândalo de obstaculizar as primeiras correções indispensáveis – se mostraria à altura do desafio, e colheria a oportunidade de proceder a intervenção no governo e na câmara distrital.
Essa ideia foi veiculada na imprensa. Terá provocado grande temor nos possíveis atingidos. De qualquer forma, pelo visto, os implicados e seu entorno não careciam de maiores preocupações.
Pois não haverá intervenção. Os alegres compadres de Brasília podem ficar sossegados.
Tudo ficará como dantes, no quartel de Abrantes.

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