Embora a crise se tenha originado na Grécia, no momento ela se estende a outros países, os chamados piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha). Dentre esses, caracterizados por deficits fiscais bem acima do permitido na zona do Euro (3% do PIB), os mais expostos são obviamente Grécia e Portugal.
Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou os dois países, devido ao perigo de calote em suas dívidas (a Grécia tem um deficit fiscal de 14% e uma dívida que está em torno de 130% do PIB; Portugal, por força da crise financeira internacional, teve aumentado o deficit público para 9,4%, e a dívida está em 76,8% do PIB).
Em função de mais este sinal de alarma, as principais bolsas mundiais – e não apenas as europeias – registraram pesadas quedas. Dada a interligação das economias e a existência de comprometimentos de diversos bancos com relação às finanças helênicas e lusas, compreende-se o temor do mercado. Como ocorreu na crise anterior, das chamadas hipotecas subprime, existe um efeito dominó, dada a ameaça colocada à posição creditícia dos diversos bancos, ao se verem depositários de grandes ativos podres (que se originam de empréstimos concedidos às economias em crise, e fundados em títulos desses países). Pela globalização da economia, esse fenômeno do contágio se tornou uma realidade, de resto amplamente corroborada pela crise internacional de 2007/08.
Como é do conhecimento geral, a crise se originou da Grécia que se habituara a viver desde bastante tempo muito acima de suas posses. Acha-se atualmente em discussão um pacote de ajuda financeira para a República Helênica no montante de Euros 45 bilhões (mais financiamento de quinze bilhões do FMI). No entanto, a efetiva concessão deste auxílio vem sendo retardada, sobretudo por força de novas exigências alemãs – a quem cabe a maior parte da contribuição da U.E., em montante superior a oito bilhões de euros. Tal se deve não só a considerações financeiras do governo alemão de Angela Merkel, mas também ao momento político, com uma eleição estadual importante prevista para muito breve.
Tampouco ajuda o atribulado tesouro grego a circunstância de que o empréstimo europeu será concedido individualmente – cada país com o respectivo Parlamento autorizando a outorga dos fundos – e com a agravante de que exigências de novos ajustes fiscais de austeridade possam vir a serem colocados para o devedor helênico.
A crise grega afeta, igualmente ,o valor do euro que registrou nova queda em relação ao dólar e à libra esterlina. Complica, de resto, a atuação do Banco Central Europeu que se vê dificultada pelas autonomias nacionais. Por outro lado, a zona do euro padece de falha grave, que é a inexistência de mecanismo para tirar um país dessa zona, seja voluntária, seja involuntariamente. Como as crises se originam pelos pontos débeis de um organismo, compreende-se agora que muitos alemães lamentem o fato de terem abandonado o Marco alemão, abraçando o euro, dentro de seu comprometimento com a Europa unida.
Entende-se agora ainda mais a metáfora do Primeiro Ministro grego de a economia de seu país assemelhar-se a um navio que está afundando. Se o socorro creditício tanto da U.E., quanto do FMI, tardar demasiado, os credores correm o risco de que o enfermo em mais sérias condições da Zona do Euro já não mais possa ser salvo de acordo com os meios anteriormente acordados.
( Fontes: O Globo e International Herald Tribune)
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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