A eleição indireta do governador do Distrito Federal (V. blog Gosto amargo do Escândalo de Brasília) não constituíu surpresa. Rogério Rosso (PMDB), eleito em primeiro turno, faz parte do grupo de Roriz e Arruda. Administrador da cidade-satélite de Ceilândia no último governo de Joaquim Roriz, e, durante parte do governo Arruda, substituíu Durval Barbosa (o homem dos vídeos) na presidência da Companhia de Desenvolvimento do Planalto.
Dos treze votos que lhe garantiram a eleição em primeiro escrutínio, dez são sufrágios “manchados por fortes suspeitas de corrupção” (R. Noblat). Com efeito, segundo a coluna de Noblat, ou são “notórios integrantes da sofisticada organização criminosa chefiada por Arruda”, isto é, cinco deles. Mais três, Eurídice Brito (a que enche a bolsa com dinheiro), o suplente de Leonardo Prudente (o homem das meias) Geraldo Naves, preso por ajudar Arruda a tentar subornar testemunha no escândalo, liberto da prisão, foi votar em Rosso; e o suplente de Rubens Brunelli, que também renunciou, é Pedro do Ovo (recebia 40 mil de mensalão).
O total de dez, consoante a pesquisa de Noblat, se completa com os deputados Batista das Cooperativas, este igualmente inquinado de irregularidades, e Aguinaldo de Sena, que responde a processo por improbidade administrativa.
Rogério Rosso foi candidato anti-Roriz. Bancado pelo PMDB, se precisasse de segundo escrutínio teria os quatro votos da bancada do PT.
Porque, segundo Noblat, Lula e Dilma querem juntar o PT e o PMDB para eleger o próximo governador do Distrito Federal.
Monta-se, portanto, um esquema com os salvados do incêndio do mensalão do DEM. O objetivo é derrotar a Roriz, que ofereceu o seu palanque a José Serra, e, por conseguinte ao candidato do PSDB.
Veja-se, portanto, a alternativa que Brasília oferece ao eleitor: de um lado, o grupo PMDB-PT, com o seu governador-tampão; e do outro, Joaquim Roriz, que escapou da cassação no Senado pela oportuna renúncia ao mandato de Senador.
Segundo o Procurador-Geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos, essa nova e indireta eleição em nada altera o processo a ser julgado pelo Supremo sobre a intervenção no Distrito Federal. Gostaríamos de acreditar nessa fundada aspiração de um probo e digno servidor do Estado. Mas os rumores do Distrito Federal, que não são aviões de carreira, mas que também pairam no ar, não cessam de indicar que uma vez mais prevalecerá o clima dos alegres compadres do Planalto.
Só se pode afirmar que se tais prenúncios não se confirmarem e se afinal sair a intervenção será uma grata, na verdade gratíssima surpresa.
( Fonte: O Globo )
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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