Terá chegado ao fim o longo esvaziamento da pré-candidatura de Ciro Gomes à presidência da república ?
Tudo indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva logrou o objetivo tenazmente perseguido de inviabilizar a candidatura presidencial de Ciro pelo PSB. Lula a dessangrou por processo lento mas seguro, posto que eticamente questionável, ao retirar-lhe qualquer possibilidade de apoio de outros partidos. Dessarte, ele a condenou a inelutável definhamento, pela negação de qualquer tempo televisivo além da magérrima quota de tempo alocada ao PSB na propaganda político-partidária obrigatória.
Não faz parte da estratégia de Lula dividir a respectiva base de apoio entre dois candidatos que nominalmente se digam seus partidários. Agora semelha conseguir o que almejara desde o princípio: Dilma Rousseff é a única candidata do campo situacionista.
Se a presença de Marina Silva, ex-petista e que continua a expressar o respectivo apreço a Lula, já representa uma exceção a tal proposta do Planalto, é questão que fica em aberto.
No entanto, o procedimento utilizado para afastar Ciro Gomes da disputa não foi de molde a não deixar-lhe a funda marca do ressentimento. Ciro ora declara Serra “o mais preparado, mais legítimo, mais capaz” do que a pré-candidata presidencial, justamente aquele a quem apostrofara como “mais feio por dentro do que por fora”.
Por mais que destemperos passados possam relativizar as assertivas do candidato – que terá seus motivos para julgar-se com mais títulos do que a ungida pela escolha do presidente Lula - , os ataques de Ciro Gomes ao Presidente – que está “navegando na maionese” – e à candidata petista, por considerar Serra “mais capaz” para administrar o país numa eventual crise cambial – não são coisa de somenos, nem deixarão de ser utilizados pela oposição.
Lula estaria preocupado com a reação de Ciro Gomes, sobretudo pelos efeitos que terá no cenário cearense, onde o pré-candidato do PSB lidera nas pesquisas.
A tática lulista será a de primeiro deixar baixar a poeira para depois conversar em privado com Ciro. Se terá presente, a propósito, que agindo desse modo, o presidente não estará inovando no tratamento dispensado ao seu ex-ministro da Integração. Pessoalmente amável, quase paternal, mas na realidade factual, duro e impiedoso. Como diziam os antigos “suaviter in modo, fortiter in re”.[1]
Será que a medicação do padrinho político continuará a produzir os efeitos desejados no antigo afilhado ?
( Fontes: O Globo e Folha de S. Paulo )
[1] Suave na maneira, forte na essência.
sábado, 24 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário