Sem dar-se conta, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve os seus quinze minutos de notoriedade internacional, notadamente quando foi distinguido pelo novel Presidente estadunidense, Barack Obama, com o apelativo ‘o cara’, que refletia a primeira impressão favorável de Obama quanto às qualidades de Lula.
Essa mostra de apreço do presidente americano emprestou ao chefe do governo brasileiro um realce especial, que não lhe diminuíu por certo o trânsito entre seus pares. Juntamente com a foto ao lado da Rainha Elizabeth II – posição protocolar devida à antiguidade do presidente do Brasil no cargo – e, mais tarde, o desempenho na conferência de Copenhague, Lula se descobriu depositário de atenções e deferências que lhe conferiram maior presença na cena internacional.
Não afeito às sutilezas da diplomacia, o sucesso subiu-lhe à cabeça. Interpretou o elogio dado pelo presidente da superpotência não como manifestação circunstancial, mas sim qual fora um título honorífico permanente.
Nem ele, nem o seu acólito especial, o Assessor Marco Aurélio Garcia têm vivência da diplomacia e de suas sutilezas. Acreditando ter as velas pandas pelo sopro de Obama, Lula terá perdido o senso da realidade.
Resolveu, em consequência, entrar em rota de colisão com Washington e o Ocidente, ao estreitar as relações com o regime dos ayatollahs e seu subpresidente Mahmoud Ahmadinejad.
A fraudulenta origem do mandato de Ahmadinejad, e o caráter repressivo, tirânico mesmo, da teocracia iraniana já não aconselhavam excessiva proximidade com Teerã. Acresce notar o seu manifesto propósito de fabricar artefatos nucleares, e não surpreende que Ahmadinejad se tenha transformado em pária internacional.
Pode-se até entender que o chefe do governo iraniano tenha relações estreitas com o caudilho Hugo Chávez. Esse intento, contudo, de súbita e incôngrua confraternização com um país islâmico radical, com que sempre mantivemos relações cordiais porém distantes, não faz o menor sentido político nem nos aproveita em nada.
Se Lula e seus auxiliares se pautassem por seguir uma linha de circunspecto trânsito com esse regime, tal poderia ter alguma valia para os Estados Unidos e seus aliados.
No entanto, as sutilezas e sensibilidades diplomáticas não são o forte de Lula. Há certas atitudes que as agridem, como a programada dispensável visita a Teerã, e sobretudo o crasso erro de designar o subpresidente iraniano, como ‘meu amigo Ahmadinejad’.
Primeiro, porque Ahmadinejad não é, nem nunca foi amigo do Presidente do Brasil. Segundo, porque representa provocação inútil, que só serve para acabar de retirar-lhe as credenciais que soubera criar no relacionamento com o Presidente Obama.
Antes da presente reunião de Washington sobre o TNP, a Casa Branca cuidara de indicar que Lula não estava entre os interlocutores do Presidente americano. O ‘cara’ colhe agora o reverso da medalha. No ambiente de corte que preside às relações entre as principais potências, não é de somenos saber-se que o presidente do Brasil está nos corredores, e que não logra encontros bilaterais senão com o primeiro ministro da Turquia (único suporte de Teerã no âmbito do TNP, em virtude da ascendência muçulmana), com Berlusconi e o novel primeiro-ministro do Japão.
Não é exatamente o cenário a que se acostumara Lula, nem aquele que seus áulicos palacianos lhe desenhavam.
terça-feira, 13 de abril de 2010
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