Arrimado em maior presença na política nacional, que é associada à competência e à passagem em cargos relevantes através dos anos, José Serra constituiu desde cedo nome de referência obrigatória no contexto do presente processo eleitoral.
A respectiva bagagem política, que familiarizou o eleitor com a sua possível candidatura, por natural decorrência dessa mesma política, se lhe incrementa o número de potenciais sufragantes de seu pleito; por outro lado tende, igualmente, a aumentar o percentual de eventuais opositores.
A inchação do bloco negacionista se deve menos aos supostos defeitos do candidato, do que às próprias qualidades e às ações que lhe marcaram a trajetória política. Esse temor difuso causado por José Serra já se manifesta aliás quando se veiculou a sua provável indicação pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso para a Pasta da Saúde.
Antonio Carlos Magalhães, que apoiou o governo tucano, procurara dissuadir FHC de levar adiante tal designação. O interessante, no caso dessa malograda tentativa de veto à candidatura ministerial de Serra, se prendia não à alegada circunstância de que Serra não é médico, mas na verdade ao citado temor de ação demasiado exitosa em ministério tão significativo para o Povo brasileiro.
Serra soube conduzir com discrição, habilidade e controle o processo de seleção partidária até o momento do lançamento formal de sua presente candidatura à Presidência da República. Fê-lo de maneira a evitar dispensáveis desgastes nessa caminhada. Exemplo disso se acha no tratamento dado à rivalidade intrapartidária do correligionário Aécio Neves. Com a destreza do profissional, soube administrar o desafio do governador de Minas. E dessa inerente familiaridade com o fenômeno da política, decorre a sua atual condição de poder reforçar a própria chapa com o mui possível assentimento de Aécio à candidatura vice-presidencial.
Ao invés de vice-presidentes do passado, Aécio Neves é nome de peso, com implicações eleitorais que não se limitam a Minas Gerais. A chapa dita ideal do PSDB, pela manifesta qualidade política, já dispõe por imanência de forte argumento pela sua efetiva concretização. Se irá ou não tornar-se realidade é outra estória, eis que a humana característica do processo nem sempre lhe assegura o desfecho lógico.
Quanto ao discurso do ex-governador José Serra em Brasília, além da ênfase ao Brasil e à relevância da União federal, foram ressaltados os seguintes temas: Educação, Saúde, Segurança, Investimentos na Infraestrutura, Meio Ambiente e Agricultura, e Direitos Humanos.
Acredita Serra que preservação ambiental e incentivo à atividade agrícola não são incompatíveis. O saneamento básico como direito de todo brasileiro, juntamente com a economia verde, promissora para Brasil e brasileiros.
Nos direitos humanos a crítica do ex-Presidente da UNE a regimes autoritários, como os de Cuba e Irã. A importância, atualmente descurada, do investimento em infraestrutura, o que ensejaria maior desenvolvimento.
Chamou outrossim a atenção para a estagnação na saúde nos últimos anos, e, na educação, o retrocesso na escolaridade entre os adolescentes.
A par disso, deu realce à segurança, sublinhando a necessidade de maior atuação do Governo Federal. E nesse campo, recordou que cabe às forças policiais federais o combate ao crime organizado.
Concluídas as formalidades da apresentação da candidata oficial – que representa a continuidade – Dilma Rousseff, e do candidato da mudança, se delineia a longa marcha da campanha presidencial. Se congregam, como principais candidatos, a maior parte da opinião pública, estão na lista igualmente Marina Silva e Ciro Gomes. Até o presente, coadjuvantes no desenvolvimento da trama, a essência da política aí está para que a sua eventual importância não possa ser ignorada.
Não é diverso, de resto, o entendimento da baixa política, que tudo tem feito para inviabilizar o candidato do PSB. O que depõe contra Ciro Gomes não é a sua força, mas a intrínseca característica da própria chapa de retirar sufrágios da candidata oficial. Daí a missão confiada àqueles com trânsito nos porões do poder a sabotar ainda mais o potencial que resta a Ciro nesses socavões do voto popular.
Por sua vez, Marina Silva continua a ser discreta. E, por não incomodar, pelo menos por enquanto, permanecerá na lista até três de outubro.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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