terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Vale a pena ajudar pária internacional ?


                              
        Se o seu barco está afundando, manda o bom senso que você aceite auxílio de quem lhe oferece. Será o caso da Venezuela  de Nicolás Maduro?  Pelo menos, o parceiro da operação já se configura quanto à Turquia de Recep Tayyip Erdogan.
         Nesse sentido, o presidente turco visitou ontem seu colega venezuelano, o ditador Maduro. Em Caracas,  o homem forte da Turquia condenou as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela e prometeu ajudar a "suprir a maioria das necessidades" do país. Em reforço à própria argumentação declarou: " Restrições  comerciais e sanções unilaterais são um erro. Não se pode castigar um povo inteiro para resolver desacordos políticos",  disse ele, em encontro com empresários locais.
          A Turquia, pelo visto, será a mais recente tábua de salvação bolivariana contra a crise que pulveriza em boa parte a economia venezuelana, depois que recursos chineses, russos e até uma criptomoeda não foram bastante para conter a hiper-inflação, a grave penúria alimentar e o êxodo de pelo menos três milhões de pessoas, a maior parte buscando socorro na vizinha América Latina.
            Como Caracas e o tròpego regime de Maduro não são uma escolha natural para qualquer país interessado em estabelecer parceria comercial, semelha importante indagar qual a motivação do regime de Ancara em 'bancar' a trôpega  Venezuela.
             De acordo com os dados do Instituto de Estatísticas da Turquia, assinalam que a importação de produtos venezuelanos disparou 1.357% nos seis primeiros meses de 2018,  quando a Turquia comprou US$ 879,9 milhões dos venezuelanos - e 93% desse valor equivale à importação de ouro.
              Nesse sentido, declarou ao Estado de S. Paulo Geoff Ramsey,  do Washington Office on Latin America :"Sabemos que o governo tem apostado muito no ouro para se capitalizar, mas é uma estratégia arriscada, porque obviamente a renda do ouro é muito menor do que a do petróleo."
              Nos primeiros nove meses de 2018, a Turquia vendeu US$ 80 milhões em mercadorias para a Venezuela, em especial farinha de trigo, macarrão, óleo de cozinha e produtos de higiene pessoal.  Em 2017, as exportações ficaram em US$ 37 milhões. O problema é que, desde setembro de 2017, os Estados Unidos impedem bancos que operam em território americano de fazer novos empréstimos à Venezuela. Com o acesso ao sistema financeiro fechado, a PDVSA não consegue embarcar o petróleo vendido, uma vez que os contratos e seguros são fechados em dólar com pagamentos que passam  pelos Estados Unidos. Nesse sentido, "as sanções limitaram a habilidade da Venezuela de se financiar e tiveram um grande impacto na economia local", acrescentou Ramsey.
             Diante disso, em relação à situação desde que Nicolás Maduro haja assumido o poder (2013) a produção diária de petróleo despencou em 50% e o preço do barril  se reduziu em 42,8%. Como o petróleo respondia por 95% das exportações, o resultado  foi  brusca queda na entrada de recursos em moeda forte.
              Nesse sentido, a aliança entre Venezuela e Turquia chamou a atenção de Washington.  No começo deste mês, Trump emitiu novas sanções, desta feita contra a  venda de ouro venezuelano. Segundo a consultoria   , a renda obtida com o ouro responde por dez por cento das exportações venezuelanas.  O petróleo, por força do recuo da produção, motivado por uma série de fatores, inclusive os gravames ao co  mércio internacional da Venezuela, caíu para 80%.
              Como se pode verificar pelos dados acima, as medidas financeiras adotadas pelo governo Trump tem sido instrumentais em colocar de joelhos o regime de Maduro. Resta determinar se este auxílio ora prestado pela Turquia, por motivos próprios, poderá ter alguma influência na situação financeira da Venezuela. Nesse contexto, a declaração do Presidente da Turquia poderia ou não aclarar um tanto o breu financeiro em que se acha Caracas: "Restrições comerciais e sanções unilaterais são um erro. Não se pode castigar um povo inteiro para resolver desacordos políticos."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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