terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O dia-a-dia de Edson Fachin


                             
        Não há dúvida que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, é um dos mais operosos ministros da Corte.  Descrevendo o dia-a-dia naquela Corte, ele coloca uma pilha de papéis sobre a mesa. Trata-se da relação de processos distribuídos entre os onze integrantes  do Supremo: "Eu controlo todos os dias o que entra e sai do meu gabinete", diz Fachin, que assumiu a relatoria da Lava-Jato no início de 2017, pouco depois do acidente aéreo que vitimara o seu antecessor, Teori Zawascki.
          Dessarte, na véspera da entrevista ao Estado, em princípios de dezembro, foram 25 novas ações. Já em novembro 707, de que 43% ligadas a questões penais. A maior parte, como seria de prever-se, ligada à Lava Jato.
         Para enfrentar essa massa cotidiana, duas reuniões por semana com os quatro juízes instrutores e os nove assessores de seu gabinete. O volume diário de correspondência não difere daquele que afrontara ao antecessor Zawascki.
          "Metade do tempo é a discussão sobre como nós levaremos a efeito o enfrenta - mento desta ou daquela matéria", observa Fachin. Ele está no Supremo desde 2015, nomeado que foi pela ex-presidente Dilma Rousseff.
           A organização e a agilidade na análise dos vários processos é um must no gabinete de Fachin.  Nesse sentido, ele destaca que apenas 4 dos 75 inquéritos que relata estão aguardando decisão sua.  Trinta desses estão na Polícia Federal, com vistas às necessárias medidas investigativas.  Com vistas a agilizar a tramitação de ações, o Ministro defende alterações legislativas no regimento do Supremo. Com efeito, Fachin entende que é preciso criar filtros para reduzir o total de ações que se dirigem à Corte, e não só na área penal (da competência de Fachin). Nesse sentido, o Ministro Edson Fachin é da opinião que a longo prazo o Tribunal deve buscar a vocação do Tribunal de ser uma corte constitucional.  Nessa ordem de ideias, ele entende que o STF deve examinar se houver alguma questão constitucional a partir do julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é a instância jurídica imediatamente inferior àquela do STF.
           Com sessenta anos, Fachin declara que tal debate, mais cedo ou mais tarde, terá de ser enfrentado: "São passos que dependerão de muitas circunstâncias. Mas vejo que isso se coloca numa linha do horizonte."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )  

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