sábado, 22 de dezembro de 2018

Nicarágua acusada de crimes de lesa-Humanidade


                    
        Dois dias depois de ser expulso pelo governo nicaraguense,  o Grupo Interdisciplinar de Especialista Independentes (GIEI) divulgou relatório em que afirma que "o Esta-do da Nicarágua cometeu ações que, de acordo com o direito internacional, devem ser consideradas crimes de Lesa-Humanidade. Entre os delitos, particularmente assassinios,  privação  arbitrária de liberdade e o crime de perseguição."
          O Giei é iniciativa da OEA, em conjunto com a Comissão interamericana de Direitos Humanos (CIDH). No documento em tela,  o grupo recomenda que sejam investigados por estes crimes o presidente Daniel Ortega "como chefe supremo da Polícia Nacional" e outras forças de segurança.
           De acordo com as investigações, somente entre dezoito de abril e trinta de maio p.p. foram registradas 109 mortes relacionadas ao conflito político entre o governo e manifestantes da oposição, e mais de 1.400 feridos e 690 detidos. Das 109 mortes analisa-das pelo Giei, pelo menos  95 foram provocadas por armas de fogo, que tiveram impacto em três regiões do corpo: crânio, tórax e pescoço.
            Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, desde o começo da crise na Nicarágua, nos primeiros meses do ano, morreram pelo menos 350 pessoas.  "A maioria das mortes por disparo de arma de fogo ocorreu em ações de repressão comandadas pela Polícia Nacional e grupos paraestatais  (as chamadas turbas sandinistas)", consoante especifica o documento em tela.
             O grupo trabalhou simultaneamente com enviados do Mecanismo Especial para a Nicarágua (Meseni), formado no âmbito da CIDH, que também foram obrigados a abandonar o país por ordem do Executivo. Depois de haver tentado obstaculizar em todo momento o trabalho dos pesquisadores internacionais, segundo os próprios confirmam no relatório final, o governo Ortega impediu a divulgação do documento em Manágua na quarta-feira passada, como previsto.
              A atitude do presidente Ortega foi verberada por governos da região e pela ex-presidente chilena e chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Também para os que participaram das investigações acima referidas, dentro e fora da Nicarágua, a decisão de Ortega é inadmissível.
                É de notar-se que a princípio o citado GIEI foi formado com o consentimento do governo Ortega, mas uma vez que os enviados  internacionais chegaram à Nicarágua, a colaboração foi nula. Segundo frisou o relatório: "O Executivo negou-se de forma sistemática a fornecer as informações solicitadas, num contexto de violência e repressão estatal", assinalou o relatório em  causa.

( Fonte: O Globo )

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