O caso do infeliz Cesare Battisti volta às manchetes. O
ex-presidente Lula adotara, no crepúsculo de seu mandato presidencial, uma
decisão que dera a condição de asilado ao italiano, e, então, o Supremo acedera
ao desejo presidencial, dando-lhe a última palavra.
A história de Battisti é conhecida. Ele
é inculpado de mortes na Itália, que então atravessava um período conturbado,
mas nunca ficou esclarecido se o jovem Battisti seria realmente responsável por
tantas fatalidades, que por diversas circunstâncias, entre as quais a juventude
e a sua relativa desimportância no movimento, levantavam fundadas dúvidas sobre
a sua efetiva responsabilidade.
Battisti foi então acolhido em asilo na
França, no período da presidência de François
Mitterrand. E enquanto este grande presidente francês permaneceu entre os
vivos, ninguém lembrou-se de postular a
extradição para a Itália de Césare Battisti.
A situação mudaria para Battisti com
o desaparecimento de Mitterrand. Parece que a sua periculosidade tornou a
exacerbar-se, apesar de que pelo seu comportamento,
pautado pela discrição, o refugiado político Battisti jamais tenha dado motivo
para uma perseguição de novo exacerbada, a despeito de seu comportamento
discreto, através de todos esses anos.
Com a sua vinda ao Brasil, teve
igualmente o apoio do então Senador Eduardo Suplicy, e de uns outros
poucos, na sua condição de refugiado. O próprio Suplicy continuou a dar-lhe
apoio, mesmo quando em uma nunca bem esclarecida viagem à Bolívia, o infeliz Cesare
Battisti daria ensejo a que seus inimigos o increpem dos antigos crimes e agora
de outras faltas, como a de transferência de fundos para a Bolívia. O próprio
governo Michel Temer não mostraria sequer uma polegada da atitude do então
Presidente Lula que se tem defeitos não os mostrou com aquele perseguido pela
sorte que fora acolhido pelo Presidente François Mitterrand.
Agora com o novo regime
cívico-militar do Presidente-eleito Jair Bolsonaro, a meteorologia política, se
mudou de rumo, tampouco parece inclinada a atitudes da grandeza de um François
Mitterrand.
O próprio então Presidente Lula - que salvara essa eterna vítima de uma sorte madrasta, eis
que a gravidade ou não de seus supostos crimes está submetida ao estranho
barômetro da esquerda compassiva e da direita impiedosa - não mais pode
intervir junto ao Supremo com a força de antanho, eis que agora o destino lhe
reserva prisão similar àquela que querem destinar a essa pobre vítima de um
estranho ódio, que se renova como se fora em espasmos, como se a graça de grandes figuras da
História, a exemplo de François Mitterrand e de nosso ex-presidente Lula, que
tais protagonistas, na sua então grandeza, concederam a essa figura desvalida das
alternâncias da Política e porque não, da Sorte?
Terá essa patética figura do partisan político da esquerda, que é o
modesto Cesare Battisti, toda essa
maligna periculosidade que a Direita, em todos os seus avatares, tanto se
empenha em infernizar-lhe a obscura existência?
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