O apresentador
televisivo Luciano Huck, segundo
declarou ao Estadão, não enxerga nas propostas de Jair Bolsonaro "um projeto de país".
A ressalva de
Huck - o presidente eleito "não enganou ninguém" na eleição, e
por isso ele defende tanto um voto de confiança, quanto cobre um plano de
redução da desigualdade para o País "não ficar andando de lado para
sempre".
Todos temos presente que é difícil sair da política, e em especial para
Huck - máxime quando se é cotado a priori
como um sério potencial candidato à Presidência, como fui justamente o caso do
apresentador, com base na avaliação
positiva do público televisivo de seus programas especiais, em que se dedica
muito especialmente a construir projetos sociais, com respeito à reconstrução
por iniciativa seja de indivíduos, seja
de famílias, com ênfase na reaglutinação e no esforço conjunto, baseado na concórdia, na reconciliação, com o
objetivo da respectiva melhoria, e portanto da auto-estima, seja familiar, seja
grupal.
Terá sido seguramente por essa implícita mensagem de crença no ser
humano e na sua inata capacidade de superar os obstáculos, que Luciano Huck
construíu o referido projeto, que traduz semanalmente na programação da Rede
Globo, e que uma primeira consulta sobre a receptividade de Luciano Huck teve
tão positiva recepção nas sondagens de escopo eleitoral.
É
importante a esse propósito assinalar - segundo reporta o Estado de S. Paulo -
que ele Huck admite não ter mais como sair da política, na qual entrou quando
passou a ser cotado como potencial candidato à
Presidência.
Nesse
sentido, Luciano Huck afirma que o centro converge para um novo partido.
Transcrevo a seguir, por oportuno, um
trecho da entrevista que Huck concedeu ao Estadão.
"O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso disse recentemente que é preciso criar um 'centro
radical';políticos como o Paulo Hartung
têm liderado conversas. Esse é o seu campo político ?" " Tenho conversado muito com o Paulo. E eu acho que o que
ele fez no Espírito Santo é uma referência importante de gestão pública para o
Brasil. O Hartung tem essa característica de não levantar bandeiras e de querer
juntar gente boa. O presidente Fernando Henrique, como sempre, é alguém muito
lúcido. Acho que essa reorganização partidária vai ser necessária, por causa
da cláusula de barreira, por causa de uma série de coisas que estão
acontecendo. Eu acho que o centro vai
sim se organizar. (convidado a continuar), Huck acrescentou: Eu acho que o
centro está conver-gindo para isso. Os dois maiores ativos que os partidos
pequenos tinham para sobreviver era tempo de televisão e Fundo Partidário. Eles perderam."
Perguntado se os partidos
tradicionais fracassaram, Huck respondeu:
"Eu acho que sim. Tem um
ciclo partidário que acabou. Você vê pela renovação. O partido do Presidente
que até ontem era um partido pequeno, hoje tem 52 deputados. Você tem o PT, merecidamente, que perdeu sua relevância. O PSDB não
soube dar poder às suas novas lideranças e se colocar de um jeito atuante e
reto nas discussões dos últimos anos...
Perguntado se 'mantém relações
com Aécio Neves, respondeu Huck: "Não falei mais com o Aécio desde
que as acusações que recaem sobre ele vieram à tona. Não me orgulho,nem celebro
isso, mas julguei que era o melhor a fazer neste momento. Ao longo das últimas
décadas ele teve um papel inegavelmente relevante na política brasileira, no
Congresso, em Minas e no Brasil, a ponto de ter tido mais de 50 milhões de
votos nas eleições de 2014. No âmbito pessoal, também estivemos próximos, Por
isso e por desconhecer e sequer imaginar, fiquei bastante surpreso e
decepcionado com os fatos que vieram à tona. Agora cabe a ele provar sua
inocência e ao tempo cicatrizar as feridas. Apanhei muito publicamente por
erros que nada têm a ver comigo.
Perguntado, por fim, de como via a prisão do ex-presidente Lula
e todo o processo que envolve ele e o PT,
respondeu Huck:
"Eu fico muito triste em
ver uma figura como o Lula,que teve a relevância mundial do Lula, que teve uma
agenda social ativa e que se materializou em vários projetos que melhoraram a
vida das pessoas, preso. Mas tá claro, também, por outro lado, que ele não está
preso por acaso. Ele está preso por
provas muito relevantes e contundentes de que o PT não só aparelhou o Estado
como criou uma rede de corrupção para sustentar um projeto político em que
muita gente enriqueceu. Não sei se foi o caso do ex-presidente, mas muita
gente. Ficou claro que o PT instalou uma quadrilha que assaltou os cofres
públicos, que assaltou o erário. Os fins não justificam os meios. Por mais que
o PT tenha tido uma agenda social com um olhar importante, isso não significa
que você possa roubar o Estado.
( Transcrito de O Estado de S. Paulo, 9.XII. 2018 )
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