Essas gigantescas vagas provocadas por movimentos submarinhos - em geral são terremotos, mas, como ora se verifica, também podem ser causados por erupções vulcânicas, como essa última na Indonésia - tendem a fazer centenas de mortos, como a decorrente de erupção vulcânica que atingiu tanto a Ilha de Java, quanto a oeste de Sumatra, na Indonésia.
Dada a natureza do flagelo, o número de mortos tende a ser impreciso a princípio. O problema de originar-se de erupção vulcânica - e não terremoto, que é a forma mais comum desse flagelo encontradiço no Sudeste Asiático - não costuma ensejar aos habitantes das áreas próximas o precioso favor de um aviso do abalo tectônico. Sendo mais raro, e de mais difícil localização, a povoação circunstante não terá a favorecê-la os pré-avisos que os movimentos tectônicos tendem a proporcionar. Nesse caso de flagelo, os minutos na antecipação podem salvar muitas vidas, como a prática tem demonstrado.
Recordo-me de uma feita em que o dever diplomático me arrastou muito cedo de madrugada a ir receber no Galeão uma atriz global, que, se não me engano, perdera parentes por conta dessa súbita desgraça submarina, de que por enquanto a costa brasileira está aparentemente salva.
Depois daquele dia - em verdade, madrugada - o meu olhar para o plácido mar das Cagarras à minha frente nunca mais foi o mesmo. Naquele tempo - já transcorreu mais de decênio - penso amiúde na hora difícil que a simpática senhora atravessara, marcada ainda por cima pelo seu caráter subitâneo - hoje, com o progresso, presumo que os avisos quanto à calamidade não sejam mais os gritos terríveis de crianças e adultos colhidos de surpresa pela vaga assassina, e sim pontuais e burocráticas comunicações telegráficas - que, por enquanto, parecem indisponíveis na Indonésia - e que costumam salvar centenas, senão milhares de vidas.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
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