quinta-feira, 25 de junho de 2015

Supremo mantém Lei da Reforma da Saúde


                           
           O que fora apresentado como temível contestação ao ACA,  a mais importante legislação  aprovada pelo governo do Presidente Barack Obama, foi rejeitada nesta quinta-feira, 25 de junho,  uma vez mais pela Suprema Corte americana.

           Para surpresa de muitos, a Lei da Reforma custeável da Saúde (Affordable Care Act) resistiu, com sucesso, e mais uma vez,  a ações desta feita originárias do estado da Virgínia.  O ataque era particularmente insidioso, pois se dirigia a um aspecto do ACA, que, na hipótese de que a Corte anuísse aos argumentos da parte contestadora, ficaria inoperante. Com efeito, atualmente são minoria na União Americana os Estados que dispõem de câmaras estaduais as quais permitam a sua utilização por usuários interessados em valer-se da assistência sanitária.

           Os autores da ação contestaram a capacidade da União – como vem procedendo através do IRS, Serviço da Renda Interna – de reconhecer como válidos esses subsídios tanto para as câmaras estaduais, quanto para aquelas que atualmente são geridas pela União Federal. Ao declarar como inválidas essas câmaras que se servem da assistência da União, os querelantes tentavam aplicar um golpe quase mortal ao ACA, eis que praticamente em dois terços dos Estados Unidos ele não poderia ser utilizado.  

           Como se vê,  a Lei da Reforma da Saúde custeável tem resistido, e com sucesso, a intentos de seus adversários de, ou contestá-la in totum, como no primeiro embate, ou de, na prática, aleijá-la como instrumento eficaz e abrangente, como foi o insidioso escopo dessa nova demanda, que pela sua aparente lógica causara inquietação entre os defensores do ACA, e bem diversa expectativa entre os seus adversários, que a designam, com mal-disfarçado menosprezo, de Obamacare.

          O New York Times na sua avaliação deste seu segundo bem-sucedido encontro com o Supremo assinala que, ao invés de o que caracterizara a  primeira prova, em que a sentença da Corte se apresentara com fraturas e restrições, tendo sido prolatada de certa forma com alguma má-vontade (grudging), tal não se repetiu na sua segunda prova,  agora endossada por seis juízes contra três conservadores (Antonin Scalia, Clarence Thomas e Samuel Alito Jr.).  A presente maioria, contou com o Chief Justice (presidente da Corte), John G. Roberts Jr., além de Anthony  Kennedy – que costuma ser  o fiel da balança, e mais os quatro juízes liberais.

           Roberts Jr declarou, em nome da maioria, que  o Congresso votou pela Lei da Reforma Custeável para melhorar os mercados do seguro de saúde, e não para destruí-los”. 

           Por sua vez, o juiz Antonin Scalia anunciou o seu dissenso da própria cátedra, o que sói ser interpretado como sinal de forte desacordo.  O seu voto contrário estava marcado com notas de incredulidade e sarcasmo, que provocaram joviais murmúrios na Corte, enquanto Scalia descrevia os ‘saltos mortais de interpretação’ que, no seu entender, a maioria realizou  para alcançar a própria decisão.

           Os advogados do Governo disseram que o exame da Lei demonstra que o Congresso não poderia pretender limitar os subsídios.  A frase em questão – que não despertara maior atenção por muito tempo depois da aprovação da Lei foi uma peculiar maneira de encorajar os Estados a estabelecerem câmaras. Uma vitória legal para a parte acusatória afetaria mais de seis milhões de pessoas e criaria grande confusão nos mercados de seguro.

          Já na penúltima instância, na Corte de Apelações do quarto circuito,  o veredito fora contrário aos querelantes.  O Juiz Roger L.Gregory, escrevendo para a junta de três magistrados, disse que a frase contestada era “ambígua e sujeita a múltiplas interpretações.” Nesse contexto, a interpretação dada pelo I.R.S.  (Serviço da Renda Interna) merecia ser confirmada.

 

 

( Fonte:  The New York Times )

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