Dentro de quadro sombrio, em que a recessão
avança, com o fechamento de mais de cento e quinze mil vagas com carteira, a inflação se acelera. O Indice Nacional de
Preços ao Consumidor amplo-15 (que funciona como prévia do IPCA), registrou alta
de 0,99% em junho, bem acima do avanço de 0,60%, observado em maio, consoante
informa o IBGE. Trata-se da maior escalada de preços num mês de junho desde
1996 (quando foi de 1,11%) – ou seja em quase vinte anos.
Nos últimos doze
meses, o IPCA-15 acumulou alta de 8,80. Conforme o IBGE, o resultado de junho foi pressionado,
sobretudo, pelos aumentos dos preços de alimentos (cebola, 40% mais cara, e tomate,
13%, além dos jogos de azar, (37,77%
mais caros) o que teve o maior impacto individual no índice, respondendo por
0,14 ponto percentual do índice).
Nem todos
consideram a inflação o mal maior. Essa é uma opinião no mínimo polêmica. A
inexperiência de Dilma, pensando poder alavancar a economia com umas pitadas de
carestia, puseram em perigo todas as conquistas do Plano Real, trazendo de
volta, de forma irresponsável, o dragão.
Com um Banco
Central fraco, largos déficits nas conta públicas, e uma economia que pretendia
alavancar com o consumismo das classes C e D,
a equipe econômica de então se valeu de muitas espécies de ficções
fiscais, a ponto de que a chamada dívida líquida, por tantas manipulações privada
de credibilidade, a tal ponto que o mercado só podia atribuir confiança na
Dívida Bruta.
Parece-me
tristemente sintomático que, nesse quadro de bagunça contábil, se apresente para
assumir ‘toda’ a responsabilidade o ex-Secretário do Tesouro Arno Augustin.
Se a sua
atitude, em época na qual como ratos os eventuais implicados tentam escapar
para os refúgios mais próximos, mostra decerto caráter, mas não livra de
responsabilidade a Chefe do Poder Executivo que foi eleita – e por duas vezes!
- pelo Povo Soberano também para tomar
as decisões e arcar com as consequências.
Por outro lado,
há gente como o Senhor Júlio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de
Economia (Cofecon), que acredita que elevar juros não é a solução ideal para
combater a inflação, e tampouco acredita em alternativa para conter os preços.
Dentro desse prisma peculiar, não aponta alternativa para conter os preços, e o
que mais o preocupa no presente cenário é a piora no mercado de trabalho.
Peço vênia para
discordar de seu juízo de que a inflação é um mal menor. A expectativa, para
ele, é que a taxa do segundo semestre anualizada fique em 5,4%, próxima da meta. O mal maior
vai ser o desemprego, sempre consoante a opinião do Sr. Miragaya.
Ao ouvir
comentários de pessoas do mercado que não temem a carestia, se tem a impressão
de que as décadas inflacionárias da economia brasileira – enfrentadas a partir
dos anos sessenta, pelo menos - foram
coisa de somenos. Ao contrário de o que muitos pensavam, a carestia é fator de
brutal retrocesso na economia. O Brasil experimentou até quase o fim do século
XX, por pelo menos três decênios esse processo fora de controle, que nos deixou
o legado das décadas perdidas (não vamos considerar os vários planos milagreiros,
ditos heterodoxos, como válidas soluções. Na verdade, só acirrava o
processo). A economia patinou por demasiado tempo. Beiramos a
hiper-inflação, e o nosso quadro, se alguém deseja reexperimentar o passado,
aconselho que visite a pobre Venezuela hodierna, em que o señor Nicolas Maduro
brinca de ditador e de ecônomo.
Não considero
Dilma Rousseff como a principal responsável pelo que aí está. Para mim, o verdadeiro
responsável é Luiz Inácio Lula da Silva. Com um eleitorado despreparado, em
parte dependente de programas subvencionados pelos impostos que todos nós
pagamos, e com uma candidata que nunca ocupara cargo eletivo, objetivamente a
responsabilidade por todo o mal que adveio do primeiro mandato é atribuível ao
Senhor Lula da Silva.
Quanto ao
segundo mandato, há dois fatores determinantes para a vitória de Dilma: (a) o afastamento de Marina Silva da disputa
no segundo turno pela negação através do TSE de que a sua campanha se valesse
do direito de resposta à saraivada de mentiras do chefe da propaganda da
Presidenta de que Marina foi vítima; (b) as inverdades e as negações de fatos
comprometedores no segundo turno, o que lhe foi bastante para a sua vitória,
com cerca de 3% de diferença sobre Aécio Neves.
( Fontes :
O Globo, Folha de S. Paulo )
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