Já disse e repito: não considero Dilma Rousseff a principal responsável pela inflação que voltou (e como voltou!). As iniciais de quem tem nisso a maior culpa em cartório são: Luiz Inácio Lula da Silva. Não há dúvida de que a nossa Presidenta vacilou no capítulo, mas não se deve esquecer – como reza a velha piada – de que quem colocou o jabuti no galho da árvore foi o Presidente Lula, com isso inaugurando sua política de eleger postes.
Suponho que Sua Excelência não queira mais
falar sobre tal assunto, preferindo sepultá-lo no silêncio que leva ao olvido.
Por isso que, data vênia, insisto não para livrar
Dilma Rousseff de sua eventual culpa em cartório, mas sem deixar de frisar a
responsabilidade do primeiro operário
elevado à Presidência da República.
De resto, não
faltaram advertências para o perigoso caminho por que investiu a alegre
administração da grande gestora. Tudo foi feito para preparar a volta triunfal
do Dragão. Por vezes, me acudia a impressão de que Dilma estivesse ausente do
Brasil quando aqui bateu a inflação e depois a hiperinflação, com a sua cauda
de incertezas, pilantragens, planos heterodoxos, anos desperdiçados em termos
de crescimento econômico, etc. etc.
De início,
cheguei a acreditar que ela estivesse convicta da serventia de advertências
retóricas contra o dragão... Quiçá tenha começado a descrer de qualquer
esperança, como se tivesse cruzado o Portal do Inferno do Signor Dante Alighieri, quando li na imprensa que ela convidara
para almoço – a fim de tratar de meios de combater a inflação - Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, (mas excluídos os responsáveis pelo Plano Real, que para ela e a turma do
PT é plano de partido e não do Brasil) !
Agora
descobrimos que o dragão voltou e não sairá de cena antes de corroer os nossos
vencimentos e salários, e de deliciar-se na alegre alta dos preços. Custou
muito para descobrir que a chamada correção monetária é mecanismo diabólico que
perpetua a carestia. Para isso, a sopa dos índices está aí, para garantir que,
entra ano, sai ano, a inflação receba as injeções necessárias a fim de que se
prolongue, para gáudio de todos aqueles, com os serviços à frente, que a saúdam
álacres, como sua santa protetora.
As seções
econômicas dos jornais se divertem em nos relembrar que o índice inflacionário
– o IPCA no caso – continua muito
válido. A inflação no ano é de 8,47%. Se Dilma errou no atacado, fez
questão também de vacilar igualmente no varejo.
Se não se deve responsabilizá-la pelo incremento nos preços dos
alimentos (de 1,37% no mês), o que fazer com a pressão inflacionária na
energia elétrica, que teve um aumento de 58,47%
nos últimos doze meses? Não se pode
olvidar de que o seu Governo tem muita responsabilidade em tal incremento, além
da seca que prejudica as hidrelétricas e chama as custosas (e poluentes)
térmicas.
Por vezes, tenho a impressão de que Dilma
Rousseff esteve ausente do Brasil no
período da inflação e sobretudo da hiperinflação. Para alguém que tenha
vivido naqueles tempos de overnight,
de salários em contínua perda para o temível dragão, e por aí afora, nos anos
perdidos da pasmaceira e da heterodoxia econômica (que quase mata o paciente),
custa crer que pessoa com mínimo de vivência desses tempos sombrios de
incerteza financeira, não tenha pensado, por um instante, que a inflação fora
um karma cruel para o brasileiro (mais
o comum e o pobre, do que o rico, que sempre acha meios de surfá-la), e que deveria
ser preservado tudo aquilo que fora feito para que se vivesse em um mundo
normal, parecido com o dos países desenvolvidos.
Será que o
seu apreço pelo chavismo e o neoperonismo vai constranger-nos a
reinventar a roda e felizmente
remergulhar na inflação (que gera desabastecimento, como a senhora deve saber),
que é agora patrimônio dos regimes sindicalistas da América do Sul?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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