Vladimir
V. Putin e a sua Rússia foram afastados do G-8 (que passou a G-7) no verão
passado. A motivação não foi das menores. Quebrando norma internacional e
fazendo voltar a negra noite do direito do mais forte, gospodin Putin invadiu a península da Crimeia, e completou pela
encenação de referendo ilegal, que ‘votou’ pela anexação desta província à
Federação Russa.
Na
verdade, o Povo ucraniano, por haver derrubado o Presidente Viktor Yanukovich
pela sua adesão à União Aduaneira da Rússia, ao invés de associar-se à União
Europeia, através de amplos acordos, foi ‘castigado’ pelo Presidente Putin.
Em uma série de medidas que recendem a
século XIX, Putin não só determinou a infame invasão de província do país
vizinho, com o escopo da conquista, mas também iniciou a operação de
desestabilização das províncias orientais da Ucrânia.
Tudo isso terá disposto com o estólido
semblante de um czar ávido de conquista, que sequer conhece direito
internacional público e a regra dos pacta sunt servanda[1].
Nesta reunião do G-7, em que foram confirmadas
as sanções contra a Rússia por causa do incrível desrespeito ao direito
internacional, Putin terá pensado na possibilidade de que alguma país-membro,
por ganância comercial, as desrespeitassem. Provocou, assim, alguma estranheza
que Matteo Renzi, o novo Presidente do Conselho italiano visitasse Moscou no
início deste ano, mas apesar dos rumores as sanções do G-7 continuaram a ser
respeitadas.
Por outro
lado, há países membros que por dificil situação econômico-financeira podem
quebrar a ordem-unida comunitária, como v.g. a República Helênica. Até o
momento, no entanto, tal não ocorreu.
Com o acordo
prévio de Estados Unidos e da Alemanha, os dois mais importantes países no G-7,
que sinalizaram a continuação das sanções contra a Rússia, não houve atmosfera
para eventuais dissensos. Tanto Obama, quanto Merkel asseveraram que a duração
das sanções contra Moscou “está diretamente ligada à implementação total pelos
russos do acordo de cessar-fogo selado em Minsk, em fevereiro de 2015”. Como se
recorda, o Presidente da França, junto com a Chanceler Merkel, e o Presidente
da Ucrânia, P. Poroshenko, participaram ativamente da redação do acordo com V.
Putin e os rebeldes.
Até o
presente, excluídas incursões locais, o segundo cessar-fogo tem resistido.
Putin sabe que o desrespeito do segundo acordo de Minsk levaria a outras
providências pelo Ocidente, que não seriam do interesse de Moscou.
Assinale-se,
outrossim, que a situação na Ucrânia, mais ou menos se estabilizou, com o
bolsão que começa na margem setentrional do Mar de Azov sob controle rebelde.
No entanto, a consciência do desafio pela Rússia criou uma mobilização geral de
Kiev e das províncias ocidentais na defesa da Ucrânia. O exército cuja
capacidade bélica vem aumentando, junto com maior ânimo, tem recebido amplo
apoio da população ucraniana. As defesas de Mariupol – que confrontam o bolsão
rebelde ao sul e quase foram abandonadas em 2014 – se acham consideravelmente
reforçadas. Dessarte, os rebeldes não encontrarão facilidades e se houver
aberta intervenção de Moscou, Putin pagará o preço. A Chanceler Merkel já
assinalou que a sua atitude mudará, com participação mais pró-ativa em favor da
Ucrânia, se a Rússia tentar ir além dessa linha do front.
Retribuindo a
visita de Renzi, Putin vai a Roma. Nessa oportunidade, está igualmente
programada audiência com Papa Francisco.
( Fontes: ‘Ukraine: Inside the Deadlock’,
artigo de Tim Judah, in ‘The New York Review’; O Globo )
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