O bizantinismo é a porta de fuga dos patifes e
bandidos. De repente, torna-se difícil definir as ditaduras e os chamados
regimes fortes, de mão pesada.
Somente para
Dona Dilma e seu companheiro Lula da Silva a Venezuela continua uma democracia.
Menos que afinidade, há evidente cumplicidade não entre o Brasil democrático e
essa Venezuela, mas dos altos figurões petistas – como Dilma e Lula – e os
sucessores de Hugo Chávez Frias.
O nível de
Nicolás Maduro e do presidente da assembléia popular, Diosdado Cabello não é
decerto matéria de discussão, mas de confrangida aceitação, pontuada pela
inevitável perplexidade de que pais antes assinalado por grandes políticos haja descido tão baixo.
Mantido
indefinidamente em vil calabouço, o líder do partido Vontade Popular, preso há
mais de ano por suposta conspirata contra o governo chavista, entrou em greve
de fome há 21 dias, depois de ser jogado
em solitária pela posse de celular.
Leopoldo
López é a principal figura da oposição. Corajoso, não se dobrou até hoje diante
das baixarias e ameaças do governo Maduro.
A esposa e a
família tem razão de preocupar-se porque greve de fome dessa extensão pode ter
consequências irreversíveis.
Diante do
sacrifício do líder oposicionista, a postura do governo não poderia ser mais
ignóbil. São fiéis apenas ao que são: é em tais situações que as máscaras cáem.
Declaram a Felipe González, o grande estadista espanhol, persona non grata. Como as assembléias populares das ditaduras do
antigo Leste Europeu, eles não têm medo do ridículo.
O exemplo
de López se está decuplicando em série de outras greves da fome, de protesto
contra o tratamento inumano dispensado pelo regime.
Há preocupação
geral no mundo com o estado de saúde de Leopoldo López. A greve da fome é um
recurso extremo, ainda mais se cruzar o limiar das três semanas, sem a devida
assistência médica – também aqui a ditadura mostra a sua cara, eis que de López
poderia dizer-se que não tem amparo médico. Pois os comissários da prisão não
autorizam a entrada de outros médicos, nem os da confiança de López, ou os da
Cruz Vermelha. Apenas os profissionais
da cadeia dele se encarregam...
Enquanto
Nicolas Maduro e a nomenklatura do
regime mantém silêncio, chovem manifestações de todo mundo, perguntando e
interessando-se acerca do estado de saúde de López. O próprio Papa Francisco manifesta
preocupação. A inquietude atravessa fronteiras, mas há uma exceção.
A família
do candidato ainda espera ter palavra de Dilma Rousseff. Conforme lembra a mãe
de López, senhora Antonieta Mendoza de López: “Na cúpula das Américas, ela
(Dilma Rousseff) disse que não podem existir presos políticos numa democracia.
Esperamos que a presidente brasileira faça uma intermediação.”
Por ora,
os pedidos à Presidente do Brasil são formulados em linguagem respeitosa.
Apesar da tardança e do silêncio, os familiares próximos mantêm linguagem ponderada, compreensiva,
quase humilde.
Por
quanto tempo permanecerão dessa forma, se não houver resposta? Será que ela,
que já foi trancafiada em xilindró, não aquilata o peso de uma palavra sua, de
compreensão e respeito? Aqui se fala de apoio humano, devido a quem possui a
coragem de bater à porta da morte pela própria dignidade.
( Fonte: O
Globo )
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