sábado, 27 de junho de 2015

O ISIS ou a Vanguarda da Bestialidade


                                

        O ISIS continua no noticiário, o que não é exatamente boa nova para a Europa e países que dependam do turismo europeu.

         Há oportunistas do Bem e do Mal, e creio que não há dúvidas sobre os objetivos do Exército Islâmico.

         A sua estratégia midiática lembra a frase de um autopropagandista sem escrúpulos: falem de mim,  pouco importa se bem ou mal.

         O Exército Islâmico é uma cria da al-Qaida. Não se deve, no entanto, subestimá-lo, como o demonstram seus resultados  - teria um caixa de oito bilhões de dólares. Como já referido, o Califado dispõe de capital (Raqqa), boa parte da terra de ninguém da Síria (a faixa oriental), e se aproveita das deficiências em armamento dos peshmerga, no fragmento de Curdistão (norte do Iraque), e ainda em áreas próximas, da fraqueza do exército iraquiano (ocupam Mosul e áreas vizinhas, no setentrião do Iraque).

          Agora, tentam realizar um terrorismo comanditário, vale dizer, sob encomenda. Houve há pouco tentativa nos Estados Unidos, buscando instrumentalizar evento anti-islâmico, mas os supostos agentes do E.I. (exército islâmico) foram abatidos por policiais americanos.

          É substancial a imigração de jovens e menos jovens para os domínios do E.I., procedentes de países europeus. Existe na Europa uma parcela da população, notadamente, mas não necessariamente, de naturalidade de país árabe ou islâmico, em geral jovens desempregados ou mal-empregados. Eles configuram uma espécie de proletariado, mas não no sentido marxista, mas sim toynbeeano. Sob o já referido exemplo proposto pelo grande historiador Arnold Toynbee no que respeita às populações no tardo Império Romano, as quais viviam nas cercanias do limes (fronteira) do domínio de Roma já na decadência.

          Esse proletariado estava ligado idealmente não ao estado romano, mas às diferentes nacionalidades que lindavam com o poder imperial. Vivia dentro dos limes de Roma, mas idealmente estavam ligados às entidades bárbaras a que a fronteira romana, por força da decadência, já não fornecia a mesma segurança e/ou barreira. Daí a ligação psicológica desse proletariado, que vivia nominalmente sob o poder de Roma, a nacionalidades que estavam além dos limes romanos.

           Há muitos países da Europa Ocidental que têm um proletariado no sentido toynbeeano do termo: França, com numerosíssima etnia islâmica; Bélgica e Países Baixos, com proletariado jovem, vivendo em guetos e subúrbios; Reino Unido, por força do antigo Império, destino de muitos imigrantes de credo islâmico, em condições similares às de outros proletariados na Europa Ocidental; Alemanha, com a sua mão de obra de origem turca, que pode ser fonte de atrito, eis que largos extratos vivem em condições de relativa desvantagem; Bélgica e Holanda, aonde está igualmente presente esse proletariado interno, que pode funcionar como informal centro de recrutamento de extremistas islâmicos. Os Países Baixos, inclusive, oferecem perspectiva pouco alentadora para uma nação cristã ocidental.  Pela pauta da natalidade, o componente muçulmano é muito mais prolífico do que o dos holandeses tradicionais, e existe, por conseguinte, a possibilidade nada teórica de que o componente  islâmico supere a  população autóctone ainda neste século.

               Reportei-me em blog anterior à enorme receptividade  dos extratos jovens dessa população ao simplismo do Islã, com suas regras por vezes de aparência contundente. Há inúmeras reportagens que documentam o fluxo de população mais jovem para os domínios do ISIS. O acesso, em geral, é feito através da fronteira da Turquia com o espaço oriental (hoje quase terra de ninguém) da Síria (a ‘capital’ do E.I. é uma cidade síria, Raqqa, no norte oriental da antiga Síria - antes da revolução).

              Depois de uma indoutrinação muçulmana, sob o viés maximalista, os ‘candidatos’ a súditos do Estado Islâmico logram transferir-se para o dito califado, de forma ilegal, em verdadeiro contrabando humano voluntário.

               As causas desse mini-êxodo são muitas e têm a ver com a crença em existência aventurosa, sob a égide de  Islã maximalista, quase numa reedição das conversões forçadas do tempo (a partir do século XV) da implantação do poder otomano, que veio suplantar o velho e debilitado antigo Império bizantino.

              A atmosfera um tanto opressa dos guetos do Ocidente, em que a juventude se vê encaminhada para soluções simplistas de um Islã intolerante, é a antessala da partida para os domínios do ISIS.

                                                                                           (a continuar)

 

( Fontes: The New York Review, The New Yorker, Folha de S. Paulo )     

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