O ISIS continua no noticiário, o que
não é exatamente boa nova para a Europa e países que dependam do turismo
europeu.
Há
oportunistas do Bem e do Mal, e creio que não há dúvidas sobre os objetivos do
Exército Islâmico.
A sua
estratégia midiática lembra a frase de um autopropagandista sem escrúpulos:
falem de mim, pouco importa se bem ou
mal.
O Exército
Islâmico é uma cria da al-Qaida. Não se deve, no entanto, subestimá-lo, como o
demonstram seus resultados - teria um
caixa de oito bilhões de dólares. Como já referido, o Califado dispõe de
capital (Raqqa), boa parte da terra de ninguém da Síria (a faixa oriental), e
se aproveita das deficiências em armamento dos peshmerga, no fragmento de Curdistão (norte do Iraque), e ainda em
áreas próximas, da fraqueza do exército iraquiano (ocupam Mosul e áreas
vizinhas, no setentrião do Iraque).
Agora,
tentam realizar um terrorismo comanditário, vale dizer, sob encomenda. Houve há
pouco tentativa nos Estados Unidos, buscando instrumentalizar evento
anti-islâmico, mas os supostos agentes do E.I. (exército islâmico) foram
abatidos por policiais americanos.
É substancial
a imigração de jovens e menos jovens para os domínios do E.I., procedentes de
países europeus. Existe na Europa uma parcela da população, notadamente, mas
não necessariamente, de naturalidade de país árabe ou islâmico, em geral jovens
desempregados ou mal-empregados. Eles configuram uma espécie de proletariado, mas não no sentido
marxista, mas sim toynbeeano. Sob o
já referido exemplo proposto pelo grande historiador Arnold Toynbee no que
respeita às populações no tardo Império Romano, as quais viviam nas cercanias
do limes (fronteira) do domínio de
Roma já na decadência.
Esse proletariado
estava ligado idealmente não ao estado romano, mas às diferentes nacionalidades
que lindavam com o poder imperial. Vivia dentro dos limes de Roma, mas idealmente estavam ligados às entidades bárbaras
a que a fronteira romana, por força da decadência, já não fornecia a mesma
segurança e/ou barreira. Daí a ligação psicológica
desse proletariado, que vivia nominalmente sob o poder de Roma, a
nacionalidades que estavam além dos limes
romanos.
Há muitos países da Europa Ocidental que têm
um proletariado no sentido toynbeeano
do termo: França, com numerosíssima etnia islâmica; Bélgica e Países Baixos,
com proletariado jovem, vivendo em guetos e subúrbios; Reino Unido, por força
do antigo Império, destino de muitos imigrantes de credo islâmico, em condições
similares às de outros proletariados na Europa Ocidental; Alemanha, com a sua
mão de obra de origem turca, que pode ser fonte de atrito, eis que largos
extratos vivem em condições de relativa desvantagem; Bélgica e Holanda, aonde
está igualmente presente esse proletariado interno, que pode funcionar como
informal centro de recrutamento de extremistas islâmicos. Os Países Baixos,
inclusive, oferecem perspectiva pouco alentadora para uma nação cristã
ocidental. Pela pauta da natalidade, o
componente muçulmano é muito mais prolífico do que o dos holandeses
tradicionais, e existe, por conseguinte, a possibilidade nada teórica de que o
componente islâmico supere a população autóctone ainda neste século.
Reportei-me em blog anterior à enorme receptividade dos extratos jovens dessa população ao
simplismo do Islã, com suas regras por vezes de aparência contundente. Há
inúmeras reportagens que documentam o fluxo de população mais jovem para os
domínios do ISIS. O acesso, em geral,
é feito através da fronteira da Turquia com o espaço oriental (hoje quase terra
de ninguém) da Síria (a ‘capital’ do E.I. é uma cidade síria, Raqqa, no norte oriental da antiga Síria
- antes da revolução).
Depois
de uma indoutrinação muçulmana, sob o viés maximalista, os ‘candidatos’ a súditos
do Estado Islâmico logram transferir-se para o dito califado, de forma ilegal,
em verdadeiro contrabando humano voluntário.
As
causas desse mini-êxodo são muitas e têm a ver com a crença em existência
aventurosa, sob a égide de Islã
maximalista, quase numa reedição das conversões forçadas do tempo (a partir do
século XV) da implantação do poder otomano, que veio suplantar o velho e
debilitado antigo Império bizantino.
A
atmosfera um tanto opressa dos guetos do Ocidente, em que a juventude se vê
encaminhada para soluções simplistas de um Islã intolerante, é a antessala da
partida para os domínios do ISIS.
(a continuar)
( Fontes: The New York Review, The New Yorker,
Folha de S. Paulo )
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