quarta-feira, 10 de junho de 2015

Há salvação para o PT ?

                                

        O PT e as suas duas principais líderanças – Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos eleitos para dois mandatos presidenciais) – são mestres na negação do óbvio.

        Para não dizer que não falei de Lula, seria o caso de relembrar a sua insistência em negar  a existência do Mensalão, o que o levou inclusive a contactar ministro do Supremo com colocações no mínimo impróprias.

        A velha frase de fonte pouco confessável está aí à disposição, para que julguem possível que com repetir mil vezes uma mentira ela passe a ser verdade.

        Dilma  perde o sério quando jornalistas estrangeiros – os nacionais já desistiram – a perguntam sobre sua participação nos escândalos da Petrobrás.

        Assim, por uma canetada, dada em pedido de informação de repórter do Estadão, ela acredita desvencilhar-se de qualquer responsabilidade, empurrando a culpa para o diretor Nestor Cerveró que, a propósito de Pasadena, apresentara relatório “técnica e juridicamente falho”. Em branca nuvem, a sua longa presidência no Conselho de Administração da Petrobrás.

        Aliás, como não há falta de escândalos, a brutal disparidade no prejuízo da ‘Ruivinha’, assim chamado o ferro-velho da refinaria de Pasadena, e a alegada perda da Petrobrás, por mais cara-de-pau que os responsáveis pela incrível dívida nessa estranhíssima transação se apresentem à Nação como se fora a coisa mais natural do mundo que a Petróleo Brasileira coitada fosse forçada a pagar (a quem ?) essa enorme soma sabe-se lá por quê.

         Bem haja o Estado de S. Paulo em beneditinamente reconstituir a senda desse negócio esquisito, que reclamou audiências no Planalto com Lula da Silva.  Será estranhável que ninguém se recorde do porquê de terem sido convocados a Palácio por causa de um ferro-velho no Texas? Será estranhável que em tais momentos as memórias fotográficas  esmaeçam e não funcionem. Quando toda esses notáveis de nada se lembram, é que talvez a mesa de reuniões tenha sido atravancada por questões tão graves que decretam o imediato desaparecimento de qualquer resquício de recordação.

       Quanto ao PT, além de ser mais uma demonstração da triste validade da máxima de Lord Acton: o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe de forma absoluta, o que mais se pode dizer a seu propósito, além de uma total falta de originalidade ?

       Quando pouco o apoio popular,  e com parcos meios, vestiu o zelo dos honestos, e o aguerrimento dos convictos. Jacobino nas idéias, aguerrido na sua numérica fraqueza,  era estalinista na implementação no cumprimento das disposições mais soezes na sua negação da diversidade na opinião.

        Nesse comportamento impiedoso, jogando ao mar quem desejasse sair da linha da direção central, tudo se fazia para empolgar o poder. Nessa curva do caminho, lá o esperou a sentença de Lord Acton. Porque, uma vez empunhado o mando, o comportamento muda – como o demonstram os escândalos na sua longa descida, uma vez conquistado o Palácio.

        Que semelhança existe entre o PT de antanho e o PT de hoje ? Se nos pautarmos pela dialética, dirão que os princípios perduram e as resoluções também.

         Mas, por favor, detenham-se por um momento. Esquadrinhem as fisionomias dos líderes. O que nelas se vê é só a marca do tempo?

         E por qual razão um partido do Povo  agora se reúne a portas cerradas ?  Aos conciliábulos, só serão admitidos nos novos tempos do poder os membros do PT.  Estranhos, fora! Povão, fora !

         Talvez me desmintam. Mas não é o que dizem as últimas conferências partidárias. Todas fechadas para o Povo Soberano. Ingresso, somente para os companheiros devidamente autorizados.

         É  preço demasiado pesado, quando um grêmio político, que nasceu do Povo, de repente principia a temê-lo.

 

( Fontes: Estado de S. Paulo,  Folha de S.Paulo, O Globo )           

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