O PT e as suas duas principais
líderanças – Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos eleitos para dois mandatos
presidenciais) – são mestres na negação do óbvio.
Para não dizer
que não falei de Lula, seria o caso de relembrar a sua insistência em
negar a existência do Mensalão, o que o
levou inclusive a contactar ministro do Supremo com colocações no mínimo
impróprias.
A velha frase
de fonte pouco confessável está aí à disposição, para que julguem possível que
com repetir mil vezes uma mentira ela passe a ser verdade.
Dilma perde o sério quando jornalistas estrangeiros
– os nacionais já desistiram – a perguntam sobre sua participação nos
escândalos da Petrobrás.
Assim, por uma
canetada, dada em pedido de informação de repórter do Estadão, ela acredita
desvencilhar-se de qualquer responsabilidade, empurrando a culpa para o diretor
Nestor Cerveró que, a propósito de Pasadena, apresentara relatório “técnica e
juridicamente falho”. Em branca nuvem, a sua longa presidência no Conselho de
Administração da Petrobrás.
Aliás, como
não há falta de escândalos, a brutal disparidade no prejuízo da ‘Ruivinha’,
assim chamado o ferro-velho da refinaria de Pasadena, e a alegada perda da
Petrobrás, por mais cara-de-pau que os responsáveis pela incrível dívida nessa
estranhíssima transação se apresentem à Nação como se fora a coisa mais natural
do mundo que a Petróleo Brasileira coitada fosse forçada a pagar (a quem ?)
essa enorme soma sabe-se lá por quê.
Bem haja o
Estado de S. Paulo em beneditinamente reconstituir a senda desse negócio
esquisito, que reclamou audiências no Planalto com Lula da Silva. Será estranhável que ninguém se recorde do
porquê de terem sido convocados a Palácio por causa de um ferro-velho no Texas?
Será estranhável que em tais momentos as memórias fotográficas esmaeçam e não funcionem. Quando toda esses
notáveis de nada se lembram, é que talvez a mesa de reuniões tenha sido
atravancada por questões tão graves que decretam o imediato desaparecimento de
qualquer resquício de recordação.
Quanto ao PT,
além de ser mais uma demonstração da triste validade da máxima de Lord Acton: o
poder corrompe, e o poder absoluto corrompe de forma absoluta, o que mais se
pode dizer a seu propósito, além de uma total falta de originalidade ?
Quando pouco o
apoio popular, e com parcos meios,
vestiu o zelo dos honestos, e o aguerrimento dos convictos. Jacobino nas
idéias, aguerrido na sua numérica fraqueza,
era estalinista na implementação no cumprimento das disposições mais
soezes na sua negação da diversidade na opinião.
Nesse
comportamento impiedoso, jogando ao mar quem desejasse sair da linha da direção
central, tudo se fazia para empolgar o poder. Nessa curva do caminho, lá o
esperou a sentença de Lord Acton. Porque, uma vez empunhado o mando, o
comportamento muda – como o demonstram os escândalos na sua longa descida, uma vez
conquistado o Palácio.
Que semelhança
existe entre o PT de antanho e o PT de hoje ? Se nos pautarmos pela dialética,
dirão que os princípios perduram e as resoluções também.
Mas, por favor, detenham-se por um momento.
Esquadrinhem as fisionomias dos líderes. O que nelas se vê é só a marca do
tempo?
E por qual
razão um partido do Povo agora se reúne
a portas cerradas ? Aos conciliábulos,
só serão admitidos nos novos tempos do poder os membros do PT. Estranhos, fora! Povão, fora !
Talvez me
desmintam. Mas não é o que dizem as últimas conferências partidárias. Todas
fechadas para o Povo Soberano. Ingresso, somente para os companheiros
devidamente autorizados.
É preço
demasiado pesado, quando um grêmio político, que nasceu do Povo, de repente
principia a temê-lo.
( Fontes: Estado de S. Paulo, Folha de
S.Paulo, O Globo )
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