quarta-feira, 17 de junho de 2015

Notícias da América Chavista



Autorização in extremis

 
          Com grande resistência do Governo venezuelano, a resposta afirmativa ao voo da FAB a Caracas só saíu à noite de ontem, dezesseis de junho, com o Presidente Nicolás Maduro autorizando o pouso da aeronave, com a comissão oficial do Senado.

          A intensa intermediação do Ministro da Defesa Jaques Wagner e a ameaça de que a crise entre os países – a despeito da omissão da Presidenta Dilma Rousseff e do próprio Itamaraty – se agravasse, Maduro acabou por permitir a entrada da comissão senatorial.

          Diante da postura do governo Maduro, a iniciativa do Senado Federal se acirrou. Para que a missão fosse adiante, houve apelos dramáticos de Lilian Tenori, esposa de Leopoldo López (que faz a greve da fome há 22 dias) e Mitzi Ledezma, mulher de Antonio Ledezma, além da deputada (cassada no grito por Diosdado Cabello) Maria Corina Machado.

         Só noite adiantada, o Ministro Wagner retornou ao Senado e, em reunião com o Presidente Renan Calheiros, o Senador Aécio Neves, presidente do PSDB, e o presidente da Comissão de Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), comunicou que o Governo venezuelano autorizara o pouso de aeronave da FAB, levando a comissão oficial do Senado Federal. 

        Integram essa Comissão, além de Aécio Neves, Aloysio Ferreira do PSDB e Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, o Senador  José Agripino Maia (RN),  Sérgio Petecão (PSD-AC) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

        Segundo o Ministro Wagner,  o governo venezuelano vai garantir a circulação da comitiva brasileira  e o encontro com os familiares dos presos. No entanto,  o governo chavista avisa que não permitirá  a visita aos políticos na cadeia. O Ministro Wagner, decerto alerta para a sensibilidade da questão, procurou enfeitar a autorização – “A solução é a melhor possível. O governo venezuelano não havia negado (sic), só não tinha respondido ainda”.

        Para pressionar um posicionamento oficial do Governo brasileiro – que tardou deveras – houve bate-boca entre Ronaldo Caiado e Lindbergh Farias (RJ). Mostrando a postura (e os dentes) do PT, o Senador petista pelo Rio de Janeiro,  disse: “Tem violência (sic) e golpismo dos dois lados. Não vamos tratar essas pessoas (os oposicionistas presos) como heróis, democratas! Vamos baixar a bola!”

        Achar que uma greve de fome de 21 dias, sem apoio médico confiável, é golpismo, explica a inação de D. Dilma e do Itamaraty responsável pelas relações com a América Chavista, que está a cargo do Sr. Marco Aurélio Garcia...

         Esse desvirtuamento do Itamaraty é triste, confrangedor mesmo, eis que na nossa longa história diplomática, não há felizmente paralelo.   
       

Sai Joaquim Barbosa, entra Luiz Edson Fachin

 

         Ainda serão conhecidos os pormenores que irão aclarar o porquê da saída antecipada do Ministro Joaquim Barbosa. Entrementes, depois da consueta sabatina aguada e contemporizadora, o Senado admitiu como novo Ministro a Luiz Edson Fachin.

          Pouco antes de tomar posse, Sua Excelência deu entrevista a respeito da delação premiada.  Segundo se poderia entender, o Ministro Fachin a questionaria como elemento de prova nos processos em que deverá votar.

          É uma declaração que, se confirmada, há de criar considerável perplexidade e eventuais dificuldades. Desconhecer do valor desse novel instrumento, que enseja notadamente ao nosso Ministério Público romper a barreira da omertà (que não existe só na Sicília), é postura assaz polêmica, que teria efeitos desastrosos para as formações de prova em muitos casos.

 
Triste, ominosa vitória de Rafael Correa

 

 
           O Presidente do Equador, o mestre-escola Rafael Correa, após longa e aturada campanha de ganhar adeptos na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), inclusive generosas doações, logrou emplacar o seu candidato.

           Com efeito, para Correa, é o indicado de seus sonhos. Patrício Pazmiño é seu fiel aliado desde que chegou à Suprema Corte do Equador. Nesse posto, avalizou todas as decisões polêmicas do Executivo, como, v.g., a lei do controle da mídia e a legislação que ensejou a reeleição indefinida.

           A ‘vitória’ de Rafael Correa surge com a multa imposta por essa virtual ditadura neo-chavista ao jornal El Universo.  O governo de Correa aplicou-lhe multa de cerca de US$ 350 mil, equivalente a 10% de seu faturamento trimestral, e a mais alta sanção por não cumprimento da chamada  Lei da Comunicação, em vigor há dois anos.

          É um garrote opressor contra a imprensa. Os detalhes da fundamentação da odiosa multa são devastadores: apesar de haver atendido à determinação (sic)  da Superintendência de Comunicação de publicar uma réplica de tamanho equivalente à matéria, se negara a dar o título que o órgão de controle governamental queria impor. Tanto bastou para que os fiéis cães da república popular do Equador lhe aplicassem a estorção legal, em triste paródia da fábula – se não foi seu pai, foi seu avô!

         Não há peias nem limites para o burocratismo opressor e a cínica censura dessas novas democracias populares, que antes infernizavam a Europa do Leste, e hoje se transportaram para a pobre América do Sul....

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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