domingo, 28 de junho de 2015

O Impeachment chega mais perto


                                     

          Aparece, afinal, na imprensa a corrupção que o PT, e seus principais corifeus, Lula e Dilma, fabricaram. Terá, por acaso, Lula da Silva, sobejas razões  para esperar a batida da Polícia Federal à sua porta ? E com o passar dos dias, e a filtragem pela mídia, dos vários desdobramentos da Lava-Jato, os nomes dos principais petistas vão aparecendo.

          Quem tem culpa, teme. E quanto maior for a culpa, mais devagar passam os dias – e as noites! – enquanto os figurões colhem nervosos na imprensa – que Franklin Martins, com o apoio de Ruy Falcão, queria porque queria manietar e arrochar, enquanto ele e seus companheiros olham cúpidos o ‘bom trabalho’ do camarada Maduro com os jornais e tevê da Venezuela...

          Não é à toa que o bom suspense no cinema de Hitchcock vem costurado de insuportáveis pausas, de cruéis silêncios... Ter esse grande futuro, como o grande Lula da Silva, medalhão da República,  ex-presidente saído do Planalto nos braços do Povo, fazedor de postes e candidato confesso para 2018, e de repente ver-se supostamente ameaçado por um até bem pouco obscuro juiz de primeira instância !

          Como não compreender essa angústia que como sombra envolvente vá crescendo, dia a dia, nesse gélido abraço que irá gradualmente invadindo, com os ares do desconforto, o recesso de suas mansões, o triplex que o poder lhe trouxe, e que por tanto tempo só permitiam o acesso deferente e untuoso das boas e ótimas notícias.

          Os tempos mudaram e seu sofrimento está na circunstância de que, dentro dele, na velha consciência, ele sabe da razão. Por isso, o fundador do Partido dos Trabalhadores, que depois de amargar derrotas seguidas para a sua nêmesis Fernando Henrique Cardoso, e de conhecer dentro dele o que lhe reservavam as urnas, a despeito das palavras melífluas dos as, dos políticos na sua órbita, e dos eternos puxa-sacos de plantão, custou a acreditar que as coisas tinham afinal mudado – e para melhor!

          O Lula Paz e Amor chegara afinal, embalado pelo marqueteiro de fé, e ao cabo de dois mandatos, depois de considerar um terceiro, no que imitaria o Compadre Hugo Chávez, optou pelo forçado bom senso de eleger uma sucessora.

           Sabemos como logrou preterir os candidatos do PT, indicando para sucedê-lo a sua grande Chefe de Gabinete, que transformaria em magna gestora da República. Sabemos também como tudo ia terminar não na quarta-feira de Carnaval, mas na vitória da Mulher do Lula em 2010, e no estelionato eleitoral de 2014. Nesse último encontro, a criatura se rebelou contra o criador, e o seu cálculo de velho político de que atropelaria a Presidente em funções, para sua surpresa, a ingrata, se valendo dos instrumentos do cargo que ele lhe proporcionara, o deixou do lado de fora, chupando o dedo, ou discursando para as minguadas sobras do Povão que lhe dera as costas.

            Dilma, depois de ver-se livre de Marina Silva – tudo, menos enfrentá-la no segundo turno ! – logrou ainda reeleger-se, posto que com 3% apenas de vantagem.

            Dilma Rousseff, no entanto, não teve os cem dias que se dão aos presidentes eleitos. Bem governar nunca fora seu forte, e mesmo com o trago amargo de nomear Joaquim Levy – com que ela reconhecia todas as patranhas que levaram à confusão e ao descalabro de verbas e inflação que o jovem banqueiro ora vinha para tentar resolver – o manto manchado de mentiras surgiria para não mais deixá-la.

              E eis que a Polícia Federal, que o finado Ministro Ramiro Thomaz Bastos convencera Lula de torná-la autônoma, reponta lá longe na Avenida do Poder Petista com a Operação Lava-Jato !

              Notícia ruim não demora muito em espalhar-se. Talvez em suas viagens pelo mundo, ou nas conferências do Instituto Lula, com os cuidados do amigo de fé Paulo Okamotto, não haja filtrado a princípio a peçonha que a iniciativa policial trazia consigo.

               Mas Lula, com o seu longo passado de lutas, que viera do Nordeste de Caruaru para São Paulo maravilha, trazido em pau-de-arara, criança ainda, com a mãe lutadora e honesta, terá pressentido que boa coisa não aprontavam os policiais federais.

               Logo em seguida, principiaram as buscas, prisões e apreensões de documentos, determinadas por um juiz de Curitiba, de nome Sérgio Moro, que o ex-presidente, a princípio não de todo indiferente, aprenderia a conhecer melhor através do noticiário incessante da imprensa distribuidora de más notícias.

               Com os mandados de prisão, e os nomes dos figurões das empreiteiras – excluídas apenas as maiores, a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez – começou o purgatório astral do PT e não decerto por acaso as inquietudes de Lula e da própria Dilma começaram a repontar.

               Ele que se julgara o maestro das notícias se viu, muito a contragosto e quase de chofre na outra extremidade do fio dos eventos. Espectador contra a vontade, ele se descobre como potencial objeto de ações que possam afetá-lo diretamente.

               Nem mestre de cerimônias, nem diretor de grandes atos e empresas, mas alguém que na própria morada principia a entrever a possibilidade de que, de repente, os home (no caso a Polícia Federal) adentrem o recesso do seu próprio lar, com mandados firmados por outrem a convocá-lo para questões que jamais lhe passaram pela cabeça, desde o retorno da democracia, viriam a dizer-lhe respeito.  

               Contudo, todo processo político – e aquele sob a sombra da operação Lava Jato não seria exceção – pode reservar desenvolvimentos inesperados, não desdenhando mesmo de lances teatrais.

               Há dois dias circulavam rumores na imprensa de uma nova ruptura, pela qual protagonista do drama até agora preservada, se descobriria diretamente atingida.

               Desde muito, através de bilhetes escritos da prisão, Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC acenara por mais de uma vez sobre o envolvimento de personagens de relevo deste governo do PT.

               Negociada a delação premiada de Ricardo Pessoa, cabia ao poder esperar pelas eventuais denúncias do dono da UTC. Seria uma expectativa decerto informada, por evidentes razões que são de fácil presunção.

               Conforme noticia a revista VEJA em revelações hoje estampadas, o Ministério Público queria extrair de Ricardo Pessoa todos os segredos da engrenagem criminosa que desviou pelo menos seis bilhões de reais dos cofres públicos.

               Chegado o termo ao Supremo, na última semana a negociação arrastada e difícil acabou na última semana, quando o Ministro Teori Zavascki, do STF, homologou o acordo de colaboração firmado  entre o empresários e os procuradores do Ministério Público.

               Consoante a citada revista, que teve acesso aos termos do acordo, o conteúdo é demolidor. Resumindo, as confissões do empreiteiro deram origem  a quarenta anexos recheados de planilhas e documentos que marcam o caminho do dinheiro sujo. Num depoimento de cinco dias, prestado em Brasília,  Ricardo Pessoa  descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuíu propinas. Segundo asseverou, ele usou dinheiro do Petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Assim, foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com tal verba que igualmente garantiu o repasse de R$ 3,2 milhões para José Dirceu (para que o mensaleiro liquidasse suas despesas pessoais). 

                No que tange à  candidata Dilma Rousseff, Ricardo Pessoa  relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual Ministro de Comunicação Social.  Foi aí tratado, como disse ironicamente “de maneira bastante elegante”. Segundo relatou, Edinho lhe disse: ‘Você tem obras na Petrobrás e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando.’ A abordagem elegante lhe custou dez milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um servidor do Palácio chamado Manoel de Araujo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com Pessoa. Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais, cada um. O restante do pagamento, outros cinco milhões para o caixa eleitoral de Dilma, foi paga metade do valor pedido e os outros 2,5 milhões ficaram para depois das eleições. Como Ricardo Pessoa foi preso antes, essa ‘quota’ acabou não sendo paga.

                 Como pelo visto o dinheiro do Petrolão foi para a campanha de Dilma Rousseff,  além da óbvia ilação de que Dilma Rousseff, Presidente da República não ignorava que o dinheiro desviado da Petrobrás foi empregado na sua campanha à reeleição, a pergunta que não deve ser calada é se esta delação do presidente da UTC já não constitui o equivalente, em termos jurídicos, do Fiat Elba que fundamentaria a aprovação do impeachment de Fernando Collor.

         

( Fonte:  VEJA, número 26, data 1 de julho de 2015. )        

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