Aparece, afinal, na imprensa a
corrupção que o PT, e seus principais corifeus, Lula e Dilma, fabricaram. Terá,
por acaso, Lula da Silva, sobejas razões para
esperar a batida da Polícia Federal à sua porta ? E com o passar dos dias, e a
filtragem pela mídia, dos vários desdobramentos da Lava-Jato, os nomes dos
principais petistas vão aparecendo.
Quem tem
culpa, teme. E quanto maior for a culpa, mais devagar passam os dias – e as
noites! – enquanto os figurões colhem nervosos na imprensa – que Franklin
Martins, com o apoio de Ruy Falcão, queria porque queria
manietar e arrochar, enquanto ele e seus companheiros olham cúpidos o ‘bom
trabalho’ do camarada Maduro com os jornais e tevê da Venezuela...
Não é à toa
que o bom suspense no cinema de Hitchcock vem costurado de insuportáveis
pausas, de cruéis silêncios... Ter esse grande futuro, como o grande Lula da
Silva, medalhão da República,
ex-presidente saído do Planalto nos braços do Povo, fazedor de postes e
candidato confesso para 2018, e de repente ver-se supostamente ameaçado por um
até bem pouco obscuro juiz de primeira instância !
Como não
compreender essa angústia que como sombra envolvente vá crescendo, dia a dia,
nesse gélido abraço que irá gradualmente invadindo, com os ares do desconforto,
o recesso de suas mansões, o triplex que o poder lhe trouxe, e que por tanto
tempo só permitiam o acesso deferente e untuoso das boas e ótimas notícias.
Os tempos
mudaram e seu sofrimento está na circunstância de que, dentro dele, na velha
consciência, ele sabe da razão. Por isso, o fundador do Partido dos
Trabalhadores, que depois de amargar derrotas seguidas para a sua nêmesis
Fernando Henrique Cardoso, e de conhecer dentro dele o que lhe reservavam as
urnas, a despeito das palavras melífluas dos as, dos políticos na sua órbita, e dos eternos puxa-sacos de
plantão, custou a acreditar que as coisas tinham afinal mudado – e para melhor!
O Lula Paz e Amor chegara afinal, embalado
pelo marqueteiro de fé, e ao cabo de dois mandatos, depois de considerar um
terceiro, no que imitaria o Compadre Hugo Chávez, optou pelo forçado bom
senso de eleger uma sucessora.
Sabemos
como logrou preterir os candidatos do PT, indicando para sucedê-lo a sua grande
Chefe de Gabinete, que transformaria em magna gestora da República. Sabemos
também como tudo ia terminar não na quarta-feira de Carnaval, mas na vitória da
Mulher do Lula em 2010, e no
estelionato eleitoral de 2014. Nesse último encontro, a criatura se rebelou
contra o criador, e o seu cálculo de velho político de que atropelaria a
Presidente em funções, para sua surpresa, a ingrata, se valendo dos
instrumentos do cargo que ele lhe proporcionara, o deixou do lado de fora,
chupando o dedo, ou discursando para as minguadas sobras do Povão que lhe dera
as costas.
Dilma,
depois de ver-se livre de Marina Silva
– tudo, menos enfrentá-la no segundo turno ! – logrou ainda reeleger-se, posto
que com 3% apenas de vantagem.
Dilma
Rousseff, no entanto, não teve os cem dias que se dão aos presidentes eleitos.
Bem governar nunca fora seu forte, e mesmo com o trago amargo de nomear Joaquim
Levy – com que ela reconhecia todas as patranhas que levaram à confusão e ao
descalabro de verbas e inflação que o jovem banqueiro ora vinha para tentar
resolver – o manto manchado de mentiras surgiria para não mais deixá-la.
E eis
que a Polícia Federal, que o finado Ministro Ramiro Thomaz Bastos
convencera Lula de torná-la autônoma, reponta lá longe na Avenida do Poder Petista com a Operação Lava-Jato !
Notícia
ruim não demora muito em espalhar-se. Talvez em suas viagens pelo mundo, ou nas
conferências do Instituto Lula, com os cuidados do amigo de fé Paulo Okamotto, não
haja filtrado a princípio a peçonha que a iniciativa policial trazia consigo.
Mas
Lula, com o seu longo passado de lutas, que viera do Nordeste de Caruaru para
São Paulo maravilha, trazido em pau-de-arara, criança ainda, com a mãe lutadora
e honesta, terá pressentido que boa coisa não aprontavam os policiais federais.
Logo em
seguida, principiaram as buscas, prisões e apreensões de documentos,
determinadas por um juiz de Curitiba, de nome Sérgio Moro, que o ex-presidente, a princípio não de todo
indiferente, aprenderia a conhecer melhor através do noticiário incessante da
imprensa distribuidora de más notícias.
Com os
mandados de prisão, e os nomes dos figurões das empreiteiras – excluídas apenas
as maiores, a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez – começou o purgatório
astral do PT e não decerto por acaso as inquietudes de Lula e da própria Dilma
começaram a repontar.
Ele que
se julgara o maestro das notícias se viu, muito a contragosto e quase de chofre
na outra extremidade do fio dos eventos. Espectador contra a vontade, ele se
descobre como potencial objeto de ações que possam afetá-lo diretamente.
Nem
mestre de cerimônias, nem diretor de grandes atos e empresas, mas alguém que na
própria morada principia a entrever a possibilidade de que, de repente, os home (no caso a Polícia Federal)
adentrem o recesso do seu próprio lar, com mandados firmados por outrem a
convocá-lo para questões que jamais lhe passaram pela cabeça, desde o retorno
da democracia, viriam a dizer-lhe respeito.
Contudo, todo processo político – e aquele sob
a sombra da operação Lava Jato não seria exceção – pode reservar
desenvolvimentos inesperados, não desdenhando mesmo de lances teatrais.
Há dois
dias circulavam rumores na imprensa de uma nova ruptura, pela qual protagonista
do drama até agora preservada, se descobriria diretamente atingida.
Desde
muito, através de bilhetes escritos da prisão, Ricardo Pessoa, dono da
construtora UTC acenara por mais de uma vez sobre o envolvimento de personagens
de relevo deste governo do PT.
Negociada a delação premiada de Ricardo Pessoa, cabia ao poder esperar
pelas eventuais denúncias do dono da UTC. Seria uma expectativa decerto
informada, por evidentes razões que são de fácil presunção.
Conforme
noticia a revista VEJA em revelações hoje estampadas, o Ministério Público
queria extrair de Ricardo Pessoa todos os segredos da engrenagem criminosa que
desviou pelo menos seis bilhões de reais dos cofres públicos.
Chegado
o termo ao Supremo, na última semana a negociação arrastada e difícil acabou na
última semana, quando o Ministro Teori Zavascki, do STF, homologou o acordo de
colaboração firmado entre o empresários
e os procuradores do Ministério Público.
Consoante a citada revista, que teve acesso aos termos do acordo, o
conteúdo é demolidor. Resumindo, as confissões do empreiteiro deram origem a quarenta anexos recheados de planilhas e
documentos que marcam o caminho do dinheiro sujo. Num depoimento de cinco dias,
prestado em Brasília, Ricardo
Pessoa descreveu como financiou
campanhas à margem da lei e distribuíu propinas. Segundo asseverou, ele usou
dinheiro do Petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da
República. Assim, foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às
campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com tal verba que
igualmente garantiu o repasse de R$ 3,2 milhões para José Dirceu (para que o
mensaleiro liquidasse suas despesas pessoais).
No que tange à candidata Dilma Rousseff, Ricardo
Pessoa relatou que teve três encontros
em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual
Ministro de Comunicação Social. Foi
aí tratado, como disse ironicamente “de maneira bastante elegante”. Segundo
relatou, Edinho lhe disse: ‘Você tem obras na Petrobrás e tem aditivos, não
pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando.’
A abordagem elegante lhe custou dez milhões de reais, dados à campanha de
Dilma. Um servidor do Palácio chamado Manoel de Araujo Sobrinho acertou os
detalhes dos pagamentos diretamente com Pessoa. Documentos entregues pelo empresário
mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais, cada um. O
restante do pagamento, outros cinco milhões para o caixa eleitoral de Dilma,
foi paga metade do valor pedido e os outros 2,5 milhões ficaram para depois das
eleições. Como Ricardo Pessoa foi preso
antes, essa ‘quota’ acabou não sendo paga.
Como pelo visto o dinheiro
do Petrolão foi para a campanha de Dilma Rousseff, além da óbvia ilação de que Dilma Rousseff,
Presidente da República não ignorava que o dinheiro desviado da Petrobrás foi
empregado na sua campanha à reeleição, a pergunta que não deve ser calada é se esta delação do presidente da UTC já não
constitui o equivalente, em termos jurídicos, do Fiat Elba que fundamentaria
a aprovação do impeachment de Fernando Collor.
( Fonte:
VEJA, número 26, data 1 de julho de 2015. )
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