Muitos esperavam que
a Presidente Dilma Rousseff tocasse o chão em impopularidade com as pesquisas
de abril último, quando atingira 60% de ruim ou péssimo.
Como assinala o Datafolha, a rejeição popular
não para por aí. Computados o ajuste (que é decorrência da sua má gestão no
primeiro mandato), desemprego e inflação em alta; e, por último, o risco real
de não-aprovação das contas de 2014,
pelo Tribunal de Contas da União, Dilma cai para 65%, que é o pior índice dos presidentes, excetuado apenas o de Fernando
Collor em setembro de 1992, com 68%,
pouco antes de se consumar o seu afastamento por impeachment.
No anterior, havia passeatas e
panelaços. Atualmente, a avaliação negativa da Presidenta está cercada por um
ambiente contrário, como se o juízo se houvesse consolidado ainda abaixo da
insatisfação de abril.
Como se vê, ela está muito próxima da
rejeição ( e da debilidade extrema) de seu antecessor, ele presa do impeachment (que cristalizou o juízo
negativo), ela, às suas portas.
Hão de ponderar que, ao contrário de
Fernando Collor, ela dispõe do apoio de grande partido. Mas releva notar
que, por uma série de circunstâncias coincidentes, esse partido está também em
maus lençóis, a ponto de realizar as suas reuniões e congressos a portas
cerradas.
Os
problemas de Lula podem, inclusive, aumentar, com a evolução da
Lava Jato, na sua fase hodierna da Erga Omnes, agora com os presidentes da Odebrecht
e da Andrade
Gutierrez atrás das grades.
A própria queda da popularidade do
ex-presidente Lula se reflete na sua derrota para Aécio Neves, em hipotética eleição presidencial (Aécio 35% - Lula
25%), e numa vitória apertada contra Marina
(Lula 26% - Marina 25%), se o tertius
for o ainda pouco conhecido fora de São Paulo (apesar de já ter sido candidato
presidencial em 2006) Geraldo Alckmin.
Por outro lado, as declarações do
ex-presidente dão a impressão de grande nervosismo e a consequente falta de
controle verbal. Se não, é só ver nos jornais que Lula da Silva declara de que
ele e a presidente Dilma estão no ‘volume
morto’. Por outro lado, diz para ouvintes que seria, no processo, o próximo alvo do juiz Sérgio Moro.
Se não está muito nervoso,
dá a impressão de que o passado o aflige. Pois não é que lamenta igualmente não
mais dispor de foro privilegiado?
Tudo isso é prato para os jornalistas.
E se até gente do Palácio o acha, por vezes, pilhado?
Entrementes, a sua pupila se mantém mais
discreta. Espera talvez a tempestade passar.
Por outro lado, a circunstância de
que o seu dileto auxiliar Arno Augustin tenha assumido a
responsabilidade como Secretário do Tesouro pelas pedaladas, se é indubitável
demonstração de lealdade e de bom caráter, é preciso infelizmente levar em
conta que certas questões são demasiado
importantes para que funcionários de menor hierarquia possam assumir
responsabilidades que, na verdade, não lhes pertencem.
Seria demasiado fácil para escapar
de tais encargos dizer que a culpa foi de outrem. Na verdade, se cabe ao
Tribunal de Contas julgar as contas da Presidente a cada exercício, é
irrelevante que ela, por hipótese, venha a procurar escudar-se em faltas de
seus subordinados. Os seus auxiliares diretos agem sob suas ordens. Eles podem
decerto em tese fazer o que bem entendem, mas tal não exime a Presidenta da
responsabilidade. Tanto no caso de estar a par da questão, e ter sido com seu
consentimento procedida à irregularidade nas contas, quanto no outro – que lhe
é inclusive mais prejudicial – porque estaria deixando, nessa hipótese, por
conta de outrem questões de sua direta responsabilidade de Estado – o que configuraria
gestão ruinosa das questões de Estado.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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