domingo, 21 de junho de 2015

Impopularidade de Dilma


 

        Muitos esperavam que a Presidente Dilma Rousseff tocasse o chão em impopularidade com as pesquisas de abril último, quando atingira 60% de ruim ou péssimo.

        Como assinala o Datafolha, a rejeição popular não para por aí. Computados o ajuste (que é decorrência da sua má gestão no primeiro mandato), desemprego e inflação em alta; e, por último, o risco real de não-aprovação das contas  de 2014, pelo Tribunal de Contas da União,  Dilma cai para 65%, que é o pior índice dos presidentes, excetuado apenas o de Fernando Collor em setembro de 1992, com 68%, pouco antes de se consumar o seu afastamento por impeachment.

         No anterior, havia passeatas e panelaços. Atualmente, a avaliação negativa da Presidenta está cercada por um ambiente contrário, como se o juízo se houvesse consolidado ainda abaixo da insatisfação de abril.

         Como se vê, ela está muito próxima da rejeição ( e da debilidade extrema) de seu antecessor, ele presa do impeachment (que cristalizou o juízo negativo), ela, às suas portas.

          Hão de ponderar que, ao contrário de Fernando Collor, ela dispõe do apoio de  grande partido. Mas releva notar que, por uma série de circunstâncias coincidentes, esse partido está também em maus lençóis, a ponto de realizar as suas reuniões e congressos a portas cerradas.

          Os  problemas de Lula podem, inclusive, aumentar, com a evolução da Lava Jato, na sua fase hodierna da Erga Omnes, agora com os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez  atrás das grades.

          A própria queda da popularidade do ex-presidente Lula se reflete na sua derrota para Aécio Neves, em hipotética eleição presidencial (Aécio 35% - Lula 25%), e numa vitória apertada contra Marina (Lula 26% - Marina 25%), se o tertius for o ainda pouco conhecido fora de São Paulo (apesar de já ter sido candidato presidencial em 2006) Geraldo Alckmin.

         Por outro lado, as declarações do ex-presidente dão a impressão de grande nervosismo e a consequente falta de controle verbal. Se não, é só ver nos jornais que Lula da Silva declara de que ele e a presidente Dilma estão no ‘volume morto’. Por outro lado, diz para ouvintes que seria, no  processo, o próximo  alvo do juiz Sérgio Moro.

         Se não está muito nervoso, dá a impressão de que o passado o aflige. Pois não é que lamenta igualmente não mais dispor de foro privilegiado?

         Tudo isso é prato para os jornalistas. E se até gente do Palácio o acha, por vezes, pilhado?

          Entrementes, a sua pupila se mantém mais discreta. Espera talvez a tempestade passar. 

            Por outro lado, a circunstância de que o seu dileto auxiliar Arno Augustin tenha assumido a responsabilidade como Secretário do Tesouro pelas pedaladas, se é indubitável demonstração de lealdade e de bom caráter, é preciso infelizmente levar em conta que certas questões  são demasiado importantes para que funcionários de menor hierarquia possam assumir responsabilidades que, na verdade, não lhes pertencem.

           Seria demasiado fácil para escapar de tais encargos dizer que a culpa foi de outrem. Na verdade, se cabe ao Tribunal de Contas julgar as contas da Presidente a cada exercício, é irrelevante que ela, por hipótese, venha a procurar escudar-se em faltas de seus subordinados. Os seus auxiliares diretos agem sob suas ordens. Eles podem decerto em tese fazer o que bem entendem, mas tal não exime a Presidenta da responsabilidade. Tanto no caso de estar a par da questão, e ter sido com seu consentimento procedida à irregularidade nas contas, quanto no outro – que lhe é inclusive mais prejudicial – porque estaria deixando, nessa hipótese, por conta de outrem questões de sua direta responsabilidade de Estado – o que configuraria gestão ruinosa das questões de Estado.

 

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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