O deputado Francisco Everardo Oliveira
Silva, o Tiririca (PR-SP), de 52 anos, disse, ontem, que vai abandonar a
vida pública. Eleito por primeira vez em 2010 para cargo público (deputado),
afirmara que queria descobrir o que faz um parlamentar e que "pior do que
está não fica!".
Em dois mandatos, levou sete anos para
subir à tribuna, falando então de sua decisão de abandonar a vida pública. Nesses sete anos, descobriu o que um deputado
faz e não gostou.
"Trabalha muito e produz
pouco", resumiu ele o que um parlamentar faz. Na tribuna também disse da
decisão que vinha amadurecendo havia meses.
Está dentre os mais votados do
país, com mais de um milhão de votos em cada um dos dois pleitos. Com o chamado
'efeito Tiririca' foi responsável por eleger outros deputados da coligação,
como o delegado Protógenes (PCdoB-SP).
Apesar de não ter feito muita
coisa, como reconheceu, acredita ter acertado na assiduidade, a comparecer a
cem por cento das sessões de votação no plenário da Câmara para "votar com
o povo". Nos sete anos da Câmara, apresentou 17 projetos, mas apenas um
foi aprovado - inclui a atividade circence nas beneficiadas pela Lei Rouanet. Aprovado na Câmara, ainda aguarda ser votado
pelo Senado.
Ao contrário dos palcos e do
circo, Tiririca tem atuação discreta na Câmara. Prefere sentar-se no fundo do
plenário, em espaço reservado para assessores, em vez de ficar ao lado dos
colegas nas bancadas destinadas aos deputados.
Mesmo encafuado nos recessos do plenário, costuma ser assediado pelo
público à cata de fotos.
Diz Tiririca que votou sempre
de acordo com o povo. Por isso, apoiou o
impeachment de Dilma Rousseff, e
votou contra o Presidente Temer nas duas denúncias do Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot.
Ao despedir-se da tribuna,
disse "Ando de cabeça erguida, mas já vi deputado se escondendo porque,
para o povo, isso aqui é uma vergonha".
Como todo palhaço, Tiririca só tirou a máscara
no final, embora ao arrancá-la nada
mostrou de novo. Continuou a ser um retrato do Brasil, feito à sua maneira e
dentro das próprias limitações. Ao assumir a própria condição, terá acaso iludido o próprio público ? Não
creio. Ele apenas trouxe ao plenário a intrínseca dignidade de seu lúdico papel
no mundo de todos nós na sociedade, começando
pelas crianças.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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