sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Empaca a reforma da Previdência

                         
         Depois de uma longa travessia, pontuada por declarações otimistas do governo, os meses foram passando e ao cabo o número necessário para garantir a sua aprovação, em primeira e segunda leitura deu chabu. O chamado quorum indispensável para a sua aceitação pela Câmara de Deputado continuou fora de alcance do número arregimentado pelo Governo Temer.
          O mais estranho e decerto inquietante é que os métodos empregados para convencer os parlamentares não são tanto a exposição  dos motivos  que aconselham a sua aprovação, dado o envelhecimento da população e a necessidade de conferir sólidas possibilidades de crescimento econômico ao Produto Nacional Bruto.  Ao invés de utilizar a argumentação da razão à luz dos fatores econômicos e da tendência ao envelhecimento da população,  o Governo Temer se serve precipuamente de outros argumentos, que tem mais a ver com a aparente compra da base necessária para viabilizar reforma que se torna, com  o passar dos anos,  cada vez mais indispensável.
          Tanto é assim que as nossas conhecidas agências de risco já dão sinais de que podem baixar uma vez mais a nota do Brasil relativa às condições de investimento.
          O mais lamentável não é a falta de arregimentação do Congresso,  como longo artigo em nossa imprensa (condensado por esse blog) não deixara de mostrar a boa capacidade desse ainda relativamente novo  poder executivo em convencer o Congresso, capacidade esta mostrada por estudos comparativos com governos anteriores.
           É de perguntar-se o que será que fez não funcionar a pleno contento a capacidade antes demonstrada como superior a Administrações passadas diante de desafios mais ou menos similares.
          Se o objetivo do Governo Temer no caso da Reforma da Previdência semelha válido, dado o momento histórico que atravessamos, e o nosso crescente envelhecimento demográfico  - que o IBGE está aí para  demonstrar -  tenho a impressão de que esse contratempo - com o súbito adiamento da votação da reforma  para o próximo ano  - deve forçar o líder dessa magna movimentação a arregimentar os parlamentares em movimentos menos suscetíveis a grandes prazos em que as expectativas de êxito sejam constantemente reduzidas,  com resultados em geral negativos.  Em outras palavras, irradiam-se muito as perspectivas e assim a tendência ao viés negativo que é o condimento desse prato continua a acentuar-se.  Esquecem talvez que, em certas questões, o segredo está na raiz do seu eventual sucesso. 
        

( Fonte:  O   Estado de S. Paulo )

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