Depois de uma longa travessia,
pontuada por declarações otimistas do governo, os meses foram passando e ao
cabo o número necessário para garantir a sua aprovação, em primeira e segunda
leitura deu chabu. O chamado quorum indispensável para a sua aceitação pela
Câmara de Deputado continuou fora de alcance do número arregimentado pelo Governo
Temer.
O mais estranho e decerto inquietante
é que os métodos empregados para convencer os parlamentares não são tanto a
exposição dos motivos que aconselham a sua aprovação, dado o
envelhecimento da população e a necessidade de conferir sólidas possibilidades
de crescimento econômico ao Produto Nacional Bruto. Ao invés de utilizar a argumentação da razão
à luz dos fatores econômicos e da tendência ao envelhecimento da
população, o Governo Temer se serve
precipuamente de outros argumentos, que tem mais a ver com a aparente compra da
base necessária para viabilizar reforma que se torna, com o passar dos anos, cada vez mais indispensável.
Tanto é assim que as nossas
conhecidas agências de risco já dão sinais de que podem baixar uma vez mais a
nota do Brasil relativa às condições de investimento.
O mais lamentável não é a falta de
arregimentação do Congresso, como longo artigo
em nossa imprensa (condensado por esse blog) não deixara de mostrar a boa
capacidade desse ainda relativamente novo
poder executivo em convencer o Congresso, capacidade esta mostrada por
estudos comparativos com governos anteriores.
É de perguntar-se o que será que fez
não funcionar a pleno contento a capacidade antes demonstrada como superior a Administrações passadas diante de
desafios mais ou menos similares.
Se o objetivo do Governo Temer no caso
da Reforma da Previdência semelha válido, dado o momento histórico que
atravessamos, e o nosso crescente envelhecimento demográfico - que o IBGE está aí para demonstrar -
tenho a impressão de que esse contratempo - com o súbito adiamento da
votação da reforma para o próximo ano - deve forçar o líder dessa magna
movimentação a arregimentar os parlamentares em movimentos menos suscetíveis a grandes prazos em que as expectativas
de êxito sejam constantemente reduzidas,
com resultados em geral negativos. Em outras palavras, irradiam-se muito as
perspectivas e assim a tendência ao viés negativo que é o condimento desse
prato continua a acentuar-se. Esquecem
talvez que, em certas questões, o segredo está na raiz do seu eventual sucesso.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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