No fim de ano, existe movimento familiar, que em geral assemelha um retorno às origens. Ele não se dita pelas
estações, como a transumância, mas não é de crer-se que se deva forçar
a diferença.
Tais migrações periódicas se associam a entranhados costumes, e têm por estrela guia o regresso - ainda que
apenas simbólico - ao meio familiar que, como o caranguejo ao rochedo, não se
afastou do núcleo inicial. Aqui, o
prefixo germânico Ur que designa a origem
deve ser levado, na medida em que as induções da mídia o permitam, a sério?
Ao deparar as multidões nos aeroportos, atravessando esses brasis, me
vejo forçado, ainda que o peso dos reencontros familiares não seja de
desdenhar, a perguntar-me se a mística
do Natal seria a única força a lotar as burras das companhias aéreas? Esse
mercadejar natalino - tão óbvio quando obriga os viajores, decerto contra as
disposições das autoridades aéreas, a roteiros que ao invés de encurtar,
espicham as viagens - parece um inútil obstáculo, ditado quem sabe pela ambição
empresarial que deseja empanzinar-se com os familiares deveres que as situações
criam?
Já fraca ressoa a gafe célebre do
'relaxa e goza', dita por uma ministra
em outra situação, ainda mais contrária, que terá, quem sabe?, lhe afastado do então círculo do poder
petista.
Mas talvez as duas avaliações andem
de mãos dadas, pois o que se vê nesse momento de azáfama nos aeroportos, é
algum desconforto e angústia dos muitos alguéns que, como o menino partilhado por um casal separado, enfrenta o terror
passageiro das turbinas nas pistas,
elevando-se empós insana corrida sabe-se lá para onde.
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