sexta-feira, 28 de abril de 2017

Viva o retrocesso!

                             

         Por uma conjunção pouco feliz de má gestão e desfalques em cadeia,  o Governo do Rio de Janeiro, depois da farra fiscal (conjugada com roubalheira ) da Adminis-tração Sérgio Cabral, deixou herança maldita para o Vice Pezão. Este último - que foi eleito sob o pressuposto de que diferia de seu chefe Cabral - enfrentou  longa luta contra o câncer, deixando o octogenário vice Francisco Dornelles,  no seu lugar.
        Enquanto Cabral parece ter desperdiçado o futuro - eis que tinha carisma e capacidade administrativa - enveredando por uma farra de altas comissões e muitas negociatas -,  Pezão parecia ser mais sério, embora ainda persistam dúvidas sobre a respectiva idoneidade.
        Ontem ocorreu  fenômeno que nós,veteranos habitantes da cidade dita Maravilhosa não deparávamos há muitos anos. Em represália à morte de um comparsa durante operação policial, bandidos do Morro do Turano obrigaram ontem, dia 27 de abril, o fechamento de boa parte do comércio da Tijuca. Esse luto forçado não era visto há muitos anos. Recordo-me nesse particular das injunções do tráfico, que exigia essa forçada homenagem pela morte de seus chefes e lugares-tenentes de parte de todo o comér- cio das áreas ditas responsáveis,  com o medroso fechamento de cartórios, lojas, supermercados, e tudo o mais que lhes desse na telha.
         A criminosa indigência da Administração estadual, acrescida da falta de liderança na segurança (partiu o sério e eficiente chefe da Segurança e da Polícia Militar, Mariano Beltrame), com pouco dinheiro para enfrentar entre-outros ao tráfico, é decerto a causa determinante dessa súbita reversão de forças.
         Agora o senhor Pezão choraminga pela necessidade urgente da ajuda do Governo federal. Além de estender-se por mais tempo que seria cabível, dada a notoriedade da gestão ruinosa, esse ires e vires na segurança, põem a perder programas ditos salvadores, além de reacender a audácia dos bandidos.  Hão de recordar-se  da morte do pobre soldado que veio com a força de segurança  das Olimpíadas, e que foi estupidamente morto por um tiro partido de comunidade próxima à linha vermelha (auto-estrada que leva ao aeroporto),  que com a audácia que vem da impunidade mata sem piedade quem adentre o sacro recinto de reduto do tráfico. Tal episódio não é filho de mãe viúva, mas tende a repetir-se como em outro brutal assassínio, em que foi abatido um pobre turista que acreditara nas lorotas de que Santa Teresa não mais apresenta qualquer perigo...  


( Fonte:  O  Globo )

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