sábado, 29 de abril de 2017

PT já não exclui condenação de Lula

              

          De uns tempos para cá, as novas acusações contra Lula da Silva levaram o PT a incluir em suas análises internas do cenário político e discussões sobre estratégia a concreta possibilidade de o líder do PT ser condenado em 2ª instância pela Operação Lava-Jato. Com isso, Lula se veria impedido de disputar a eleição de 2018.
         Embalados pelas primeiras prévias para 2018, nas quais pela amnésia nacional de boa parte do eleitorado Lula já passara a liderar as pesquisas para a eleição presidencial,  no fundo do quadro pairava a possibilidade de que ulteriores revelações tornassem possível condenação em segunda instância, o que afastaria  Lula de qualquer candidatura, por força da Lei da Ficha Limpa.
          Como diz o artigo de Ricardo Galhardo, no Estadão  "a reação do PT às novas denúncias é reforçar o empenho na defesa de Lula tanto nas ruas, quanto nas redes sociais. Ninguém no partido ousa questionar ou cobrar explicações. Lula é visto no PT como alvo de perseguição  da Lava Jato e vítima de  campanha para impedir sua candidatura em 2018, Mas com a divulgação da chamada Lista do Fachin e a delação do empreiteiro José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo  Pinheiro, da OAS, a possibilidade de condenação de Lula da Silva, antes vista como remota, se tornou mais provável.
            Dessarte,  líderes petistas avaliam que mesmo que as novas acusações não venham a ser corroboradas com provas materiais, elas engrossam o caldo das chamadas "provas indiciárias", que poderiam sustentar pelo volume um pedido de condenação de Lula com base na teoria do domínio do fato - que é doutrina jurídica alemã que foi adotada pelo Ministro Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470 (Mensalão), e que foi adotada pela maioria do Supremo Tribunal Federal,  para condenar José Dirceu  à prisão.   
              Lula é objeto de seis pedidos de abertura de inquéritos enviados pelo Ministro Edson Fachin,  Relator da Lava-Jato  no STF, à primeira instância da Justiça Federal,  com base nas delações da Odebrecht.
               Na semana passada,  Léo  Pinheiro disse, em depoimento ao Juiz Sérgio Moro, que Lula pediu a destruição de provas e seria o verdadeiro dono do tríplex no Guarujá, que está em nome da OAS. Além disso, o ex-presidente é réu em outros cinco processos saídos da Lava Jato e seus desdobramentos.  Como se sabe, se ele for condenado em segunda instância, o petista ficará impedido de disputar eleições.
              Embora a ordem  seja sair em defesa de Lula, no PT já se fala em cenário no qual ele seria um grande cabo eleitoral transferindo votos  para outro candidato. Dentro desse discurso de ajustamento à realidade, ele transferiria votos para outro candidato. Especulam-se até nomes para ocupar a vice de Ciro Gomes (PDT). Fernando Haddad é o mais citado.
             Para o PT, o conteúdo da lista de Fachin e a delação de Leo Pinheiro não afetariam o eleitorado cativo do PT, mas afastam eleitores que estavam se convencendo a votar  em Lula por causa das políticas impopulares do governo de Michel Temer. A par disso, dificultam o discurso da militância em defesa de Lula.
               As saídas seriam a mobilização popular em defesa do petista e a consequente criação de uma narrativa favorável a Lula. É contando com isso que o ex-presidente pediria ao juiz Moro  que o depoimento marcado para o próximo dia dez de maio, em Curitiba, seja transmitido ao vivo. Lula está convencido de que vai "engolir" o juiz Sérgio Moro devido à falta de provas sobre o apartamento no Guarujá.
                Nessa matéria do Estadão, há alguns  'se' que necessariamente condicionam qual será a realidade no julgamento de Lula. Dificilmente  a magistratura concordaria com a transmissão ao vivo do julgamento, mas isto é matéria a ser avaliada pelo poder judicante, dentro dos parâmetros legais.
                 Por fim, o articulista frisa que "quase nenhum petista ouvido pelo Estado concordou em falar sobre o assunto sem pedir anonimato". No entanto, o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, integrante do Diretório Nacional do PT, Lula é alvo de um processo "tão tendencioso que não resta outro caminho que não a solidariedade e a defesa."  Segundo  Raul Pont "provas estão sendo adequadas para se ajustar ao crime".
                   Sem embargo, de acordo com o articulista, Pont avalia que a difusão maciça das acusações causaram "um estrago no PT, na opinião pública". "O ódio, isso foi alcançado", disse ele, que admite a possibilidade de Lula não ser candidato. "Se Lula for impedido vamos ter que transformá-lo em um grande eleitor."     


( Fonte:  O  Estado de S. Paulo )  

Nenhum comentário: