domingo, 30 de abril de 2017

Maduro: pródromos da ditadura

                        

        Não é que o regime chavista, inaugurado por Hugo Chávez, constituísse um modelo de correção política, eis que a ingerência do poder do coronel Chávez  sempre dera maior peso ao poder executivo, encarnado pelo próprio Chávez.
       Mas em tempos de Nicolás Maduro, este peso aumentaria muito mais, a ponto de transformar em pantomima o respeito aos demais poderes, que jazem atualmente sob o jugo in fieri do ditador, como demonstrou amplamente, primo e logo após o cômputo dos votos para a Assembléia Legislativa, a suspensão de grupo de deputados, acusados falsamente de irregularidades (o escopo transparente foi o de retirar a prerrogativa da Assembléia de julgar e depor, se for o caso, o Presidente da República).
       A macarrônica tentativa de que o submisso Tribunal Supremo se substituísse à Assembléia constitue desenvolvimento recente. Diante da reação, tanto da Assembléia Legislativa, quanto da opinião pública mundial, o Tribunal Supremo teve de recuar, retirando os próprios membros que se tinham apressurado em cumprir as ordens do ditadorzinho.
       A revolução contra Maduro pela esmagadora maioria da população venezuelana prossegue, e não só por causa de um governo corrupto e incompetente.
        Na verdade, os motivos para protestar abundam. A própria paciência da população civil está no limite, pelas tristes características deste governo violento, desonesto (negou-se a cumprir com o mandamento constitucional do recall, que seja aqui repetido, fora democraticamente enfrentado e vencido na contagem dos votos pelo então presidente in funciones Hugo Chávez Frias.
        Não surpreende que Nicolás Maduro haja procedido como um lorpa, covarde que é em enfrentar as consequências democráticas de seus atos e do próprio desgoverno. Por isso, através de muitas mentiras e espúrios adiamentos, mais uma inconstitucionalidade seria perpetrada por esse chofer de caminhão que, em péssima hora, o coronel Hugo Chávez escolheu para sucedê-lo.
       Em torno do tirano se reunem as cliques de um poder corrupto e ineficiente, com a influência do presidente do partido chavista, Diosdado Cabello, que é suspeito de grande envolvimento com o narcotráfico.
        Temos nesta Administração, hoje tirania de Nicolás Maduro, a par de grande e profunda incapacidade administrativa, se desvela uma série de características que a tornam nas Américas como talvez a campeã do péssimo governo, maculado profundamente pela incapacidade de seu gestor, pela cavalgante desonestidade e uma desmedida, pesada incompetência para toda administração pública, com os resultados a seguir enunciados: hiper-inflação, desabastecimento generalizado,  e brutal repressão das demonstrações da população de Caracas e das províncias, com as mortes provocadas pelos violentos coletivos desencadeados por Maduro, além do uso indiscriminado de balas de borracha e gás lacrimogêneo, com muitas baixas, mutilações e lesões fatais nas multidões que, malgrado os protestos populares, são covarde e boçalmente reprimidas com o recurso à violência desmedida.
          Como não poderia deixar de ser, os vários serviços e forças bolivarianas (manchando o nome do Libertador da América hispânica) são empregados na repressão indiscriminada das manifestações, protestos e tudo o que desperte temor de ameaça ao próprio mando ditatorial de mais esse caudilho sul-americano.
            Desde muito tempo - ainda no período constitucional de Hugo Chávez cresciam as dúvidas sobre o peso do poder presidencial sobre os tribunais e as prisões. A autonomia dos poderes, e em especial a sua capacidade de afirmar-se no próprio exercício de forma independente daquela do Executivo sempre foi, desde o tempo de Hugo Chávez Frias, uma ficção dourada. Autônomos, mas nem tanto seria a norma prevalente.
            Entretanto tal realidade chavista quase nos pareceria dourado retrato da capacidade da magistratura de exercer o respectivo papel com  uma certa autonomia, se nós o compararmos com a sua cruel, truculenta caricatura  no abusivo e deformado esquema de repressão  ora prevalente sob o ditador Nicolás Maduro.
             
                   É o de que nos ocuparemos em próximo blog.



( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo )

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