quinta-feira, 27 de abril de 2017

Fora da lei !


           Por iniciativa própria, cada vez mais o regime chavista se coloca fora-da-lei na América Latina.
           Depois de prolongado virtual estado de calamidade pública, a revolta da população venezuelana continua a espalhar-se, diante de  governo não só incapaz, mas também corrupto e que não mais respeita as mínimas regras em termos de qualidade de vida (inflação selvagem, desabastecimento generalizado, ausência do Estado de Direito, na medida em que os direitos civis não mais são respeitados), e por conseguinte a "norma" é a da quadrilha que se apodera da coisa pública (res publica), julgando que a ordem é coisa da competência dos "coletivos" assassinos.

          A par disso, a Venezuela virou posse do grupo comandado pelo incapaz  Nicolás Maduro, que já saiu fora da lei quando se negou a que a população fizesse o uso constitucional do direito de recall (a que Hugo Chávez se submeteu e democraticamente obteve a confirmação da permanência no cargo presidencial).

          No momento presente, há  estado geral de insurreição civil, estado este causado pela comprovada incompetência na gestão das questões estatais pelo regime de N. Maduro e sua camarilha.

          A Venezuela foi transformada em estado gangster, em que só prevalece o mando desse regime que, embora desacreditado - pela sua mais do que comprovada latrocracia - a que se agrega, como se possível fora, a desordem como norma, e a força bruta como fiel da balança.

          Que o Estado venezuelano desde muito, pela própria irresponsabilidade, deixou a comitas gentium e passou a reger-se pela lei do mais forte (assim se crê a ordem chavista), é a premissa. Nesse sentido, a condição do Povo da Venezuela ficou refém de um desabastecimento que só tem crescido desde Hugo Chávez, ainda que no presente esse desabastecimento significa super e min-mercados convertidos em espaços vazios, onde as prateleiras pela sua falta de provisão constituem o drama diuturno do venezuelano.

           De posse de um dinheiro que perde valor a cada dia, vitima que é da hiper-inflação, causada sobretudo pela conjunção da enorme incapacidade para a gestão da cousa pública e de sua economia, e a força associada de uma moeda devastada pela hiperinflação. Como um câncer faz regredir qualquer economia e torna risíveis as poupanças. Os bolívares das cédulas viram papel que nada compra, porque reflete a desvalorização extrema do regime que se transformou na latrocracia dos gangsteres.

          Dessarte, ao declarar a sua saída da OEA o regime bandido de Nicolás Maduro apenas se adianta -perante as timoratas e ineficazes supostas determinações da Organização dos Estados Americanos -  ao inevitável e inexorável afastamento  do antigo membro da comunidade dos Estados Americanos.

           Não é o melhor papel que esta velha OEA terá desempenhado através dos tempos.  Os piores cegos são aqueles que não querem ver, e os piores democratas aqueles que persistem em conceder os privilégios da democracia às latrocracias e aos regimes piratas, regidos apenas pela lei do mais forte.

            O longo silêncio da OEA e a consequente falta de qualquer ação restauradora da ordem que deve prevalecer nos estados que se abrigam nessa organização é uma triste consequência da ausência de líderes dignos desse nome e do decorrente vazio em termos de implementação dos institutos existentes para lidar com tais situações e desafios.

            A América Latina - porque a OEA apesar de situar-se topograficamente nos Estados Unidos neste particular da prolongada desordem na Venezuela tem grossa parcela de responsabilidade - que, negaças e escusas jurídico-diplomáticas à parte - não é declinável, pois não é deste século a Revolução dos Direitos do Homem.

             Não podemos por uma colusão de escusas jurídicas e desculpas políticas mandar vir a ritual salva para que os justos e pressurosos lavem as mãos, e se autoproclamem sem culpa nesse mais do que triste, deplorável episódio.

              Não vamos reeditar a parte menos honrosa de nossos Evangelhos. Pois não é de religião que aqui se trata, mas dos nossos irmãos venezuelanos, entregues à camarilha de Maduro e Diosdado Cabello por demasiado tempo, à conta de negaças e escusas juridico-diplomáticas. Não nos devemos esquecer que a Lei das Gentes não deve submeter-se ao egoismo dos que se proclamam justos e mandam vir os utensílios dessa sacra hipocrisia.

               Que seja uma voz no deserto cibernético, devemos agir por força do que é justo e para afastar tudo aquilo em que a covardia, a hipocrisia e o egoismo se associam pressurosos para invocar o sacro direito da auto-determinação. Quando deparamos uma população que é vitima de uma camarilha alimentada pela corrupção e os dólares do narco-tráfico, a única moeda que usam na terra em que os bolívares viraram espécie a ser acumulada, por faltos de qualquer valor, nas latas de lixo da História.

                É mais do que tempo que se organize o restabelecimento da Ordem, do  Respeito ao Cidadão, e, por conseguinte, das severas leis de regimes autenticamente revolucionários - e não esta pútrida simbiose que se alimenta dos ganhos do vicio e sofrimento alheio - para que se restabeleça a Ordem e o Direito na Terra de Simón Bolivar, por demasiado tempo cinica e despudoradamente ignorados (ou o que é o mesmo, cinicamente utilizados em proveito das gangues de Maduro e Diosdado).

                As Resoluções das Assembleias Continentais só terão forma e validade se empregadas para o Bem Geral das comunidades e das nacionalidades ameaçadas por regimes fora-da-lei como o é o da Venezuela, da gang de Nicolas Maduro e Diosdado Cabello. Os regimes deixam de ser constitucionais quando escarnecem das populações nacionais respectivas,  e se servem da legislação para se cevarem com o sofrimento do povo que crêem lhes seja submetido, quando todas as Constituições da nossa demasiado loquaz América Latina proclamam como unico Soberano o Povo.
                 Corramos, portanto, ó gárrulos delegados da centenária Organização dos Estados Americanos, a implementar este direito elementar, que pede a vez a todos os demais.

           

         

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