sexta-feira, 21 de abril de 2017

Eleição na França

                           

          O Partido Socialista que por anos a fio manteve presença dominante na República Francesa, mostra pelo melancólico fim da presidência de François Hollande  que não só as más escolhas, mas também a própria mediocridade podem prejudicar bastante a progressão de um partido político.

          Às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, há dois candidatos - um até há pouco desconhecido,  e a sua contraparte, demasiado conhecida - que, segundo as pesquisas de opinião, semelham ter mais possibilidades de ir para a liça decisória.

           Desde muito, que um candidato centrista não tem a chance que hoje empolga Emmanuel Macron. Diz muito da ascensão desse jovem de 39 anos a circunstância de que a tenha empolgado, não por posturas radicais, mas por um pleito que motiva ativistas jovens e nem tanto, e que defende... a França e a União Européia, o que em tempos de brexit e de oportunismos despudorados  se ajusta bastante ao  eleitor francês.

            Por enquanto, a principal antagonista de Macron é Marine Le Pen, da notória Frente Nacional. A França no século passado tem uma velha relação com a direita - l'Action Française, de Charles Maurras, nos anos trinta. Não é de hoje que a extrema direita - um fenômeno que começa na França dos anos trinta do século passado, por força das condições do entre-guerras, o desemprego e a velha queda de uma parte do eleitorado gaulês pelas propostas simplistas (e por vezes desastrosas dessa direita), a que se filia hoje a filha de Le Pen (o pai, pela inépcia do ingênuo Lionel Jospin, então primeiro-ministro socialista, que popularizara a esquerda plural para o primeiro turno. O resultado foi cruel para Jospin, eis que abriu, por vez primeira a porta do segundo turno para a direita fascistóide de Le Pen (pai da candidata atual). O então presidente, o gaullista Jacques Chirac não teria dificuldade em jantá-lo no segundo turno...

           Para que se tenha ideia do desastre que acarretaria a vitória da candidata do Front National (ultra-direita), Marine Le Pen quer imitar Theresa May com um brexit francês. Se a ligação da velha Albion com Bruxelas tenha sido sempre mais de conveniência do que de paixão, já para os franceses, o  que surge desde a Comunidade do Carvão e do Aço na caminhada, a princípio econômica, e mais tarde política - e mesmo visceral - pela união continental européia, é a participação maiúscula da França através de líderes como o próprio de Charles de Gaulle, que, não sem razão preconizava a aliança-união com a Alemanha Ocidental de Konrad Adenauer.  Não se pode esquecer, de resto, que a famosa conferência do general barrando o Reino Unido de associar-se com a CEE (Comunidade Econômica Européia) não só respondia a uma idiossincrasia do velho líder francês, mas também devida a experiência pessoal, quando alimentara no exílio na Inglaterra de Winston Churchill o seu fundo ressentimento com a morgue (arrogância) do estamento inglês.
             Voltando ao primeiro turno, há ainda dois candidatos, François Fillon, conservador (direita),e Benoît Hamon, do PS (partido socialista), ambos tidos com poucas perspectivas, o primeiro por estar envolvido em corrupção, e o segundo pela atual crise no Partido Socialista.


( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )

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