sábado, 8 de abril de 2017

A antidoutrina Trump

                              

         Antes que se procure aprofundar a análise de eventual doutrina Trump, com incipiente segurança - a única por ora admissível quando ao Presidente Donald John Trump se refere - semelha poder-se afirmar com alguma segurança que a hipótese limite, veiculada por Paul Krugman, Premio Nobel de Economia, com coluna periódica em The New York Times, torna-se de muito baixa probabilidade.
           Com efeito, faz algumas semanas,  Krugman se reportara aos laços de amizade entre Trump e Vladimir Putin. Nesse contexto, na acima citada coluna, o colaborador do Times chegara a exprimir como "scary" (terrível, induzindo medo) as relações entre o novel Presidente americano e o ex-KGB, Vladimir Putin, hoje presidente de todas as Rússias.
          Os temores de Krugman - que para muitos semelharam válidos - insinuavam possível tétrica relação entre os dois políticos, que poderia tornar o novo morador da Casa Branca como perigosa e excessivamente dependente de seus laços de amizade com o atual detentor do poder  - e que poder! - no Kremlin.
           Se o episódio desta semana semelha ter algo de positivo, está no fato de que o 45º Presidente manifestamente contrariou o terrível Presidente Putin. Se é bem verdade que lhe foi feita especial mesura por Donald Trump, eis que este último lhe telefonou antes da operação estadunidense, com vistas a inteirá-lo da ordem que tinha dado às suas Forças Armadas para bombardear a base síria de onde saíra o covarde e criminoso ataque da Força aérea de Bashar al-Assad contra a população civil de região sob controle rebelde.
           Também foi levada ao conhecimento da mídia, a resposta de Vladimir Putin, de que a aludida operação poderia ter consequências negativas.

      Nada mais transpirou desse estranho telefonema, de que inexiste decerto precedente nas relações dos mais altos mandatários de Estados Unidos da América e Federação Russa.

            O New York Times de hoje dedica uma longa análise à incipiente Política Internacional do Presidente Donald Trump.
            Se existem ainda muitos temores no que tange às possíveis  reações das potências mundiais à chamada doutrina Trump, tais apreensões cresceriam na medida em que a diplomacia Trump, assim como a sua reação diante dos eventuais desafios que partem de outras potências teria ainda considerável elemento de incerteza.
             Em diplomacia, e notadamente na política externa da superpotência - que, com todas as contradições, parece ainda manter-se - o elemento certeza e, especialmente, a sua meridiana clareza, estariam longe de uma irrefutável definição.
             Dessarte, o elemento surpresa, e a atinente possibilidade de eventuais dúvidas sobre a respectiva aplicação, levariam calafrios não só aos principais operadores políticos e diplomáticos, mas sem dúvida, se cresce o nível dessa eventual incerteza, isso pode ter efeitos para que os italianos dispõem de palavras bastante expressivas - micidiale conseguenze, vale dizer  consequências homicidas (e dentro de parâmetros assustadores).

             Se a História, essa tão mal-falada e confusa escritora, com que o homem e a política internacional terá levado os seus principais atores a cometerem - ou o que é ainda pior - induzirem em erro àqueles com responsabilidades que de muito ultrapassam ao comum dos mortais, o mundo, vasto mundo, estará adentrando experiências que vão muito além da Taprobana.



(Fontes: The New York Times, Paul Krugman, Carlos Drummond de Andrade, Luiz de Camões )   

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