sexta-feira, 21 de abril de 2017

Pobre Venezuela

                                      

       A impressão que o observador político - assim como o diplomata - possa ter diante da enorme confusão reinante na infeliz hodierna terra de Nicolás Maduro, é que esse ditadorzinho já perdeu o controle da situação faz tempo, não tem mais qualquer credibilidade - seja na gerência dos negócios de Estado (salvo quiçá na administração do narcotráfico, a única atividade em que  a própria corriola parece interessar-se, por causa de seus gordos e imundos lucros com o vício alheio) e que vive em um dia-a-dia, em que o Povo Venezuelano, a verdadeira vítima, que é diariamente sacrificado nesta enorme lambança criada por esse sumamente incompetente presidente Nicolás Maduro (a sua capacidade só parece luzir na atividade do tráfico, em que não só ele excele, mas também os respectivos cupinchas do bando chavista).

        Pois este corajoso Povo da Venezuela que se vê cotidianamente forçado a sair para as ruas, praças  e  avenidas da bela Caracas  (o centro da cidade, onde estão os prédios da canalha chavista, é defendido pelos guardas, militares e os nefandos "coletivos", que o Estado chavista subvenciona). Com exceção desses lúdicros coletivos - esses fulanos são na prática bandidos, armados por dotações públicas. Não sei se na nossa infeliz América Latina há - ou houve outros risíveis exemplos do nível dos ditadores de turno -  e, não só por terceirizar os crimes mais hediondos, porque perpetrados pela facinorosa indiferença de pobres monstros, saídos das favelas do regime e de outros quejandos. Não é que mereçam pena, mas sim devem ser punidos, mas não antes do que este senhor que é o rei do desgoverno, da corrupção e de tudo o que de mal se possa pensar.  Como o Cavaleiro da Triste Figura,ele seria capaz de investir contra moínhos, mas com pequena diferença em relação ao eterno heroi de Cervantes: Maduro os tomaria como reais, e delegaria a outrem o trabalho de pôr por terra os monstros tenebrosos.

        E a propósito, o que a digna OEA do Señor Luis Almagro tem a dizer e sobretudo fazer. Manda talvez uma que outra Resolução, mas não toma medida alguma para enfrentar esse problema que parece não concernir ao Señor  Almagro, pois até o momento nada se fez para coibir todas essas violências praticadas contra o digno, bravo, lutador Povo da Venezuela. Não o abandonemos à indiferença das Resoluções-padrão, porque o que ocorre agora na terra de Bolívar nada tem a ver com o Libertador da América Espanhola: precisamos dos senhores delegados e até dos chefes de delegação um pouco mais de engenho, de participação, e de empenho para mostrarem que entendem fundamente o sofrimento do Povo Venezuelano. E é por isso mesmo que devem mexer-se em suas cadeiras. Se a inação da Organização dos Estados Americanos não há de surpreender àqueles versados no acompanhamento das questões latino-americanas - quando ali estive em breve passagem, jovem diplomata que era - pois costumava ser apelidada de Ministério das Colônias (de quem não é difícil sabê-lo).
               Aqui não é de piedade que se trata, mas sim de compreensão e empatia, qualidades que talvez não se encontre amiúde.

               Na terra de Bolívar, hoje escarnecido adjetivando forças repressoras, expressões de uma protoditadura que tem de recorrer aos miseráveis criminosos dos chamados "coletivos", há um desafio no sentido toynbeeano da palavra: tirar desse pântano mefítico em que caíu a política desse regime dominante - e põe dominante nisso! - o controle da situação desse pobre povo - que não merece o que lhe faz Nicolás Maduro e sua quadrilha. Para quê se escreveu a Carta Democrática das Américas? Não creio que seja para sufocá-lo no palavrório de sempre, como aquelas piedosas homenagens que o vício costuma fazer à virtude.

                 O que é  preciso é agir, de preferência com o cérebro, porque com os porretes desde Hobbes já perdemos esse hábito.  Pelo menos é o que pensam muitas das Excelências aí presentes, reclusos nesses magníficos ambientes forrados das belas madeiras de nossas florestas. 

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