sexta-feira, 28 de abril de 2017

Trump: o previsível corte nos impostos

                    

          Todas as administrações republicanas se caracterizam pela redução nos impostos, em geral visando a favorecer as faixas mais altas de renda.
           Tal característica pode ser um lugar comum nos presidentes republicanos. Os cortes costumam ser generosos, ainda que à custa do Tesouro americano. Também acompanha as rituais "bondades" a promessa de que não se aumentará o déficit do Tesouro.

           Sendo partido de ricos, a iniciativa de Donald Trump não surpreende, e tampouco merece críticas mais severas da imprensa. Como presidente do Grand Old Party,  outra coisa não se esperava do bilionário Trump. George W. Bush, o último mandatário  eleito pertencente  ao Partido Republicano, também viera com o seu programa de 'bondades' aos extratos mais afluentes,  com cortes substanciais que, na época, tiveram efeitos desastrosos sobre a economia americana.
            Por enquanto,  não há críticas mais pesadas ao projeto presidencial. O próprio Times que costuma ser bastante crítico no que tange a esta Administração, faz  apresentação não vincada pelo negativismo. Sem embargo, e a despeito das promessas do mandatário que o deficit federal não será atingido, outra é a impressão  dos técnicos na matéria.
  
          A questão mais importante a ser resolvida é como evitar que os cortes maciços propostos por Trump  venham a ter efeito desastroso,  com a eventual explosão do déficit federal.
            O ritual nessa matéria também prevê as generosas promessas do novo presidente de cortar os  impostos dos ricos  (republicanos não costumam pensar muito na situação financeira dos estratos menos aquinhoados, que  de resto  não votam no partido do elefante...)
             Para a Casa Branca, o crescimento da economia - acionado pelo mágico corte de impostos - cobriria as despesas suplementares, que podem subir em até  sete trilhões de dólares no aumento do déficit no prazo de uma década.
             Previsivelmente, a acolhida a esse plano de gastança não despertou muito entusiasmo  nos especialistas.  Os prognósticos dos expertos no ramo tampouco cairam  na conversa de quem já se intitulou como  "Rei da Dívida".

                  A dívida federal  deverá crescer segundo  o respeitado  "Departamento do Congresso para o Orçamento" cerca de dez trilhões no curso da próxima década. Em 2027,  o déficit orçamentário  pode atingir um trilhão e quatrocentos bilhões de dólares, ou 5% da economia americana.
                   Se as previsões do Departamento do Congresso americano já estiveram fora do compasso, há uma persistente discussão  se os cortes nos impostos são realmente eficazes. Por sua vez, outros contrapõem que cortes mais baixos tampouco garantem  o desejado crescimento.

                 De qualquer forma, a discussão  sobre o projeto e como será implementado dependerá muito provavelmente de acordo bi-partidário.  Se  os cortes podem aumentar o déficit, o GOP vai precisar do apoio democrata para aprová-lo, eis que a legislação prevê maioria de sessenta senadores para sancioná-lo, o que só será possivel com o apoio bi-partidário.
  
                 Depois de arrostar os ataques da oposição republicana, voltada para que mantivessem austeridade nas despesas, os democratas agora respondem ironicamente 
aos novos planos da Administração do GOP. Assim se expressou Alan B. Krueger, o economista de Princeton, que presidiu o Conselho de Assessores econômicos de Barack Obama: "Eu não serei o primeiro a observar que um Congresso Republicano só se importa com o déficit quando há um democrata na Casa Branca".



( Fonte:  The New York Times )

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