O que antes parecia inconcebível, pode transformar-se em realidade por força de eleição especial no estado de Massachusetts. Com a morte do Senador Ted Kennedy – que se manteve no Senado durante 46 anos – se faz necessário eleger novo senador para completar os três anos restantes do mandato de Kennedy.
Defrontam-se a Promotora Martha Coakley, pelos democratas, e o senador estadual Scott Brown, pelos republicanos. De início, Coakley tinha vantagem de dois dígitos sobre o seu rival, mas, devido a uma mescla de displicência e incompetência, Coakley logrou malbaratá-la. Inverteu-se, por conseguinte,a posição dos concorrentes: Scott Brown tem nas últimas pesquisas diferença de sete pontos a seu favor, somando 52% contra 45 % de Martha Coakley.
Que Scott Brown tenha logrado sobrepujar a concorrente democrata contraria todas as estatísticas políticas no estado. Desde 1972 nenhum republicano foi eleito para o Senado Federal e todas as vagas de Deputado para a Câmara de Representantes estão ocupadas por democratas.
Assim, a desvantagem da candidata a suceder Ted Kennedy terá mais a ver com causas intrínsecas da atuação e imagem de Martha Coakley, do que propriamente com situação política adversa para os democratas.
Não obstante, o que vai ocorrer com Martha Coakley – se confirmado o prognóstico da vitória de Scott Brown – não é um desenvolvimento que tenha a ver apenas com o estado de Massachusetts.
Por amarga ironia, a vaga de Ted Kennedy – um dos maiores defensores da reforma da saúde nos Estados Unidos – é, por capricho da sorte, a sexagésima cadeira senatorial, atualmente controlada pelo Partido Democrata.
Como se sabe, o fato de dispor de sessenta senadores ensejou à liderança democrática aprovar, em quatro votações sucessivas, o projeto de lei da reforma sanitária. Pelo regimento do Senado, com dois terços dos votos (i.e., sessenta) um partido tem o poder de suspender o debate sobre qualquer projeto de lei e, assim, inviabilizar eventuais intentos de filibuster pela minoria.
Se essa incrível peripeteia (reviravolta) se concretizar, por um passe de mágica os republicanos – que até o presente votaram compactamente contra a reforma sanitária – terão a concreta possibilidade de inviabilizar a votação final do projeto.
Com efeito, os democratas, depois de aprovarem no Senado, em fins do ano passado, o projeto de reforma (o projeto de lei da Câmara que difere daquele do Senado fora votado anteriormente), careciam de compatibilizar os dois projetos – o que é feito através de conferência entre delegações das duas Casas.
Uma vez acertado o texto comum, o projeto final deveria ser submetido a Câmara e Senado em votações separadas. Se afinal aprovado, seguiria para a assinatura do Presidente Barack Obama.
Contudo, dada uma série de circunstâncias, houve dificuldade, por injunções políticas sectárias, em que os democratas estabelecessem um texto comum.
A este respeito, o Presidente Obama se empenhou para que se lograsse um acerto no menor prazo. De acordo, no entanto, com suas características, e a despeito do manifesto interesse em que se ultimasse sem demora a reforma da saúde, a liderança de Obama semelha exercer-se mais de forma suasória do que através de maneira mais incisiva e determinante. E terá sido talvez muito por conta de tal idiossincrasia do 44º presidente dos Estados Unidos que até esta data acha-se ainda aberta a possibilidade de que a reforma da saúde permaneça vulnerável a manobras de ultimíssima hora da oposição republicana.
Dessarte,em um jogo de dominós – se se confirmar, repito, a derrota anunciada de Martha Coakley - não será infelizmente apenas aquela peça estadual que irá cair. No que seria um histórico revertere, o G.O.P. infligiria grave derrota à administração Obama, acarretando dramatica mudança no panorama político.
Em verdade, se nesse estado da Nova Inglaterra não acontecer reação na vigésima quinta hora, a mensagem dos eleitores não será de bom agouro para o Partido Democrata. De repente, ao tornar as eleições para o Congresso de novembro do corrente ano mais do que mera formalidade constitucional, não se poderá então excluir para os democratas resultado desastroso, como sucedeu em 1994, no primeiro mandato do Presidente Bill Clinton, com a perda da maioria nas duas Casas do Congresso.
( Fonte: CNN )
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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