domingo, 10 de janeiro de 2010

Colcha de Retalhos XXXIII

Minissérie Dalva e Herivelto

Fazendo jus à classificação de minissérie, Dalva e Herivelto limitou-se a apenas cinco episódios, transmitidos durante a passada semana – de quatro a oito de janeiro - pela Rede Globo.
Dirigida com maestria por Denis Carvalho, ela proporciona uma volta aos anos do rádio, do Cassino da Urca e dos auditórios, com especial relevo para o da Rádio Nacional. Entre os trinta e os quarenta reinaria aquele mundo dos fã-clubes, dos auditórios e dos programas de rádio, que não tardaria a desaparecer com a chegada da televisão.
A qualidade artística, e em particular o desempenho da dupla principal, Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, foi de nível excepcional. Pelas características dos diversos segmentos da história a personagem com maior realce coube a Adriana Esteves, que teve atuação primorosa, e por isso recebeu largos elogíos da crítica.
Causa estranhável assombro, no entanto, que no panegírico dedicado a Adriana e à minissérie não se haja julgado oportuno fazer nenhum elogio a Fábio Assunção.
Surpreende deveras que tal artista, que recentemente atravessou momento existencial difícil, e ora voltou a desempenhar, com o profissionalismo de sempre, o papel do compositor e cantor Herivelto, não tenha recebido sequer menção do seu trabalho.
Se alguém precisa de estímulo e reconhecimento da própria atuação, sobretudo após desincumbir-se de forma mais do que elogiável, é ele Fábio Assunção, que mais do que correspondeu ao apoio e à confiança que na oportunidade lhe prestou a atriz Adriana Esteves.
Dessarte, afigura-se importante que se frise o quão Fábio Assunção contribuíu para o êxito da programação. Dada a centralidade da relação do casal, o seu grande e tempestuoso amor, o equilíbrio da minissérie estaria quebrado se um dos personagens principais não correspondesse às exigências do papel. Não foi o que ocorreu. Ambos, Dalva e Herivelto recompareceram, agora na telinha, a dar realidade e credibilidade ao romance que viveram em outros tempos.
Nossos cumprimentos a Fábio e a Adriana por terem tornado essa recriação possível e nos feito vivenciar momentos memoráveis.

A Bolha Chinesa ?

James S. Chanos é um abastado investidor em hedge funds, que fez a própria fortuna através da previsão do colapso da Enron e de outras companhias cujas estórias ele soube desconstruir, e assim separar o mito da realidade.
Agora, segundo se noticia, ele se apresta a desmitificar o embuste do maior conglomerado que tenha defrontado, vale dizer China e Cia.
Na contracorrente dos financistas – que apostam na capacidade da R.P.C. de tirar da recessão a economia global – Chanos adverte que a China é uma economia hiper-estimulada que se encaminha para um crash, ao invés da progressão sustentada que a maioria dos economistas prognostica.
No seu entender, o crescente setor imobiliário, impulsionado por avalanche de capital especulativo, lhe apresenta um quadro de mil vezes Dubai. Chanos suspeita inclusive que Beijing esteja manipulando as estatísticas, falsificando, entre outras coisas, as incríveis taxas de crescimento de 8% (no presente cenário de lenta saída da crise financeira mundial).
A seu ver, consoante declarou em recente aparição na CNBC,a melhor identificação para as bolhas está no excesso de crédito e não nos excessos de valorização. E não existe excesso de crédito maior do que o da China.”
Com todo o seu histórico de antevisão de quedas no ramo das empresas - anteviu o desmanche de Tyco International, e mais recentemente de firmas de construção civil e de alguns dos maiores bancos mundiais - , os seus críticos apontam para o seu elementar conhecimento da economia chinesa.
As pessoas a ele mais próximas reconhecem que Chanos começou a estudar seriamente a economia chinesa somente a partir do verão boreal passado. Apesar das contestações havidas de parte de especialistas, ele persevera na sua visão pessimista. Em entrevista, advertiu que “os chineses correm o risco de produzir enormes quantidades de bens e produtos que eles não terão condição de vender”.
Em função de um grande programa de estímulo à economia, e financiamento bancário recorde, bilhões de dólares foram investidos na economia, contribuindo para reaquecer o crescimento. Contudo, muitos analistas veem com preocupação que boa parte desse dinheiro junto com enormes fluxos de capital especulativo estrangeiro se haja dirigido para os mercados acionários e imobiliários.
Outro problema financeiro da China diz respeito à sub-apreciação de sua moeda em relação ao dólar estadunidense. Até o momento a RPC se tem valido da fixação artificial de uma cotação que não reflete a realidade do mercado para aumentar a sua capacidade competitiva, através de um barateamento dos preços das respectivas mercadorias.
Por quanto tempo as autoridades financeiras chinesas lograrão manter essa vantajosa ficção constitui um jogo complicado. O excesso de crédito tem aquecido a economia, apontando para um viés inflacionário. Por isso, o Banco Central chinês aumentou, inda que minimamente a taxa de juros, no que foi interpretado como início de estratégia de aperto na economia monetária, com vistas a combater eventual surto inflacionário.
Nesse sentido, o Banco Central tem seguido a chamada política de esterilização monetária. Vendendo as suas divisas para bancos – que pagam em renminbi – e, em seguida, retirando a moeda chinesa de circulação, é de manter a inflação sob controle, e o renminbi fraco, com que igualmente assegura a competitividade das exportações chinesas.

( Fontes: O Globo e International Herald Tribune )

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