No ano de 2009, o saldo de nossas exportações montou a US$ 24,6 bilhões, definido como o pior resultado durante o governo Lula. O pior saldo anterior fora de US$ 24,8 bilhões, relativo a 2003, em seu primeiro ano de mandato. Não há muita diferença, de resto, para 2008, com seus US$ 24,9 bilhões.
A queda no saldo corresponde a uma contração nos fluxos de comércio, devido tanto à crise financeira internacional, quanto à perda relativa de poder competitivo em nossas exportações, por força da apreciação do real.
Sem embargo, nesse aspecto é necessário relativizar a alegada performance negativa na balança comercial. Em ambiente de crise, marcada pela recessão em muitos de nossos principais parceiros, não há de surpreender que se tenha verificado redução nas vendas para o exterior.
A par disso, releva notar que as importações se mantiveram abaixo das exportações, o que, por exemplo, não ocorrera no ano 2000, com déficit de US$ 731 milhões. Já para 2010 as previsões são ainda menos favoráveis, com nova queda no superavit da balança (redução de 50% no saldo positivo). Se confirmada a tendência, dobrará o déficit em transações correntes. Mantido o quadro atual, com a entrada de capital estrangeiro, o déficit acima não preocupa os analistas do mercado, visto que o ingresso desses fundos de investimento direto e de compras de ações e títulos mais do que compensam o saldo negativo nas transações correntes.
Há, no entanto, feição de nossas exportações que fundamenta crítica de conceituado analista estrangeiro. Com efeito, existe parcela demasiado importante em nossas vendas para o exterior, concernente a commodities (produtos primários).
Perguntado a respeito, disse Jim O’Neill, chefe de pesquisa econômica do banco Goldman Sachs e inventor em 2001 da sigla Bric : ‘Não acho que seja uma boa coisa para o Brasil ser. Acho que é muito difícil ser permanentemente bem-sucedido apenas como exportador de produtos primários. Não é uma estratégia de longo prazo sensata.’
Afigura-se que não é, por certo, a exportação de commodities em si o que deve ser desencorajado. Com todas as debilidades das commodities – neste aspecto, ressaltam a sua maior exposição à especulação dos mercados, e a circunstância de terem menor valor agregado - , elas constituem corrente importante de comércio e o Brasil tem ótimas condições para ser grande exportador de produtos primários.
O problema está em um perfil exportador marcado por um peso excessivo de matérias primas. Há necessidade de maiores investimentos em pesquisa e tecnologia. O Governo Lula está certo quanto critica a Vale por sua ênfase na exportação de minério de ferro bruto. Deve-se privilegiar, sempre que possível, a venda de bens com maior valor agregado.
A exemplo de outros Brics – como a Índia e a China – precisamos dar maior ênfase ao ensino e a pesquisa. É necessário exceler no desenvolvimento da tecnologia – e não apenas em setores determinados, como o aeronáutico e o agrícola. Ao falarmos de educação, devemos agregar a saúde, que é obviamente indispensável, com o aporte de melhores condições sanitárias.
Dessarte um desenvolvimento mais equilibrado e abrangente tornaria as políticas assistencialistas, no que têm de postura vegetativa e estagnante, cada vez mais dispensáveis. O dispêndio governamental precisa incentivar o viés pró-ativo na economia e nunca a bolsões do atraso clientelista.
(Fontes: O Globo e Folha de S.Paulo)
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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