O Senado Federal, a Casa dos Escândalos em 2009, volta ao noticiário de denúncias já nos primeiros dias de 2010. Para tanto, bastou que a direção do Senado informasse que os gastos com o pagamento de horas extras aumentaram em R$ 3,7 milhões de 2008 para 2009.
O motivo de mais esta gastança terá sido apenas por obra de Agaciel Maia, o ex-diretor-geral do Senado demitido em março de 2009? Será que em outubro de 2008 agiu sozinho ao elevar o teto para o reajuste em 99,42% - de R$1.324,80 o passou para R$ 2.641,93 !
Assim, não obstante o número de servidores beneficiados haja encolhido em 35%, as horas extras montaram a R$ 87,6 milhões, contra R$ 83,9 milhões no ano anterior.
Pois pelos números divulgados, e pela forma tranquila, quase displicente com que foram tornados públicos, em meio a mais um recesso da atividade parlamentar, ter-se-ia a impressão de que a nau senatorial cruza um mar de almirante, na serena atitude de os que vivem no melhor dos mundos possíveis.
Poder-se-ía até tocar a velha canção francesa – balayés, oubliés (varridos, esquecidos) – para escancarar o quão jazem esquecidos os escândalos do passado ano da graça de 2009...
Quem mais dá importância ao derrame de passagens, aos atos secretos, aos ridículos 181 diretores, aos diretores João Carlos Zoghbi e Agaciel Maia, e, com o perdão da repetição, às horas extras concedidas em pleno recesso de janeiro?
E não é por acaso, leitor, que omiti menção àquele que por meses teve o nome transformado em epicentro da crise do Senado. Lembram-se do José Sarney que temia presidir as sessões do Senado ? E para deslocar-se na Casa recorria a um complexo itinerário feito de automóveis e solícitos seguranças ? Logo ele, a quem Lula se apressara em vir ajudar, a ele que, não sendo um brasileiro comum, estava acima da cláusula pétrea da Constituição ? Que é feito do tempo em que professores universitários saudavam o começo do fim do velho oligarca ?
Na verdade, a crise não é do Senado Federal. O que se pode esperar da Mesa do Senado e dos Senadores ? Que venham a público, como o fez ontem um da chamada oposição, a dizer que lamentava mais essa falta cometida... Melhor que se calem e sumam de vista, pois as exceções, se porventura existem, cabem nos dedos de uma única mão.
Portanto, qualquer medida de correção, de recuperação, de elementar vergonha na cara, somente alguém de fora a poderia esperar, por ingenuidade, estupidez ou conivência.
Pela contumaz reincidência, o Senado perdeu o direito à presunção de que seja capaz de redimir-se, e tentar transformar-se na Casa que terá sido, quem sabe, algum dia.
Tudo isso, no entanto, importa pouco. Pois nada dessa arrogante displicência, desse insolente menosprezo pelas mais comezinhas mostras de um resquício de respeito pelo mandato recebido do Povo brasileiro sequer ousaria expor-se se a sociedade civil não o tivesse permitido.
Não será por assomos, logo seguidos por um acabrunhante e desmoralizador olvido, que construiremos instituições republicanas dignas do nome que portam.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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